Cultura

ÚLTIMA SEMANA PARA ASSISTIR “MALDITA SEJA" NO TEATRO SESI RIO VERMELHO

A peça estará em cartaz nos dias 27, 28 e 29 de janeiro
Doris Pinheiro , Salvador | 23/01/2023 às 16:31
Maldita Seja
Foto: Diney Araújo

Último final de semana para assistir, no Teatro Sesi Rio Vermelho, o espetáculo “Maldita Seja”, que tem encenação assinada por Hyago Matos, duplamente indicado em 2022 ao Prêmio Braskem de Teatro na categoria Revelação, pela direção das peças “Antígona” e “As Centenárias”. Em cartaz nos dias 27, 28 e 29, a peça coloca em cena as atrizes Vivianne Laert (no papel de Cema) e Veridiana Andrade (atuando como Nevinha), personagens criados pelo dramaturgo Paulo Henrique Alcântara, que escreveu “Maldita Seja” especialmente para Hyago Matos.

Velório madrugada a dentro...

A peça se desenvolve em torno de duas criadas, Cema, a mais velha, e Nevinha, a mais nova. Durante o velório do patrão, figura influente em uma cidade do interior, elas atravessam a madrugada na cozinha do casarão onde moram, revirando o passado da família para quem trabalham. Ao longo dos anos, a devotada Cema fez da cozinha seu porto seguro, mirante de onde muito viu e ouviu. Ela sempre se esmerou em servir, atenta aos chamados dos quartos, aos pedidos na mesa do jantar. Vigilante, está pronta a cuidar, fiel guardiã.

Enquanto o patrão é velado na sala de visitas, Cema permanece na cozinha, onde desfia seu rosário e conta, por insistência de Nevinha, histórias envolvendo a família do morto, relatos, por vezes, parecidos com as tramas das novelas de rádio que Nevinha tanto aprecia. À medida em que as horas avançam, Nevinha escuta novos segredos, capítulos marcados por discórdias e dolorosas separações. Mas, para surpresa de Cema, o amanhecer vai trazer um acerto de contas com o seu próprio passado, após ser descoberto algo que vai mudar para sempre a vida da criada.

O contexto da peça e suas personagens, colocadas em papel de subalternidade, suscitam reflexões de ordem social e permitem, enquanto afloram as suas histórias pessoais, discussões de fundo político, levantando oportunas abordagens sobre desigualdade social, opressão feminina e preconceito.

A parceria artística entre dramaturgo, diretor e atrizes é antiga. Paulo Henrique Alcântara já dirigiu Vivianne Laert por duas vezes: em “Álbum de Família”, de Nelson Rodrigues, em 2008, e em “A Lira dos Vinte Anos”de Paulo César Coutinho, em 2016.

Professor da Escola de Teatro da UFBA, Paulo Henrique Alcântara escreveu e dirigiu a peça “Sublime é a Noite”, em 2017, para uma turma de formandos do curso de Interpretação Teatral, da qual faziam parte Hyago Matos e Veridiana Andrade.

A montagem tem cenário criado por Maurício Pedrosa, figurino de Guilherme Hunder, iluminação de Otávio Correia, trilha sonora de Luciano Bahia, maquiagem de Julia Laert e na contrarregragem de Bárbara Laís. A produção está a cargo de Clarissa Gonçalves.