Cultura

HISTÓRIA BAIRROS DE SERRINHA 5 - CRUZEIRO NASCE COM ESTRADA DE FERRO

Ao menos 5 bairros nasceram no entorno da estrada de Ferro - Cruzeiro, Bomba, Novo Horizonte, Treze, Vila de Fátima
Tasso Franco , Salvador | 14/12/2022 às 10:24
A capela de São Roque e o cruzeiro na atualidade
Foto: BJÁ
                   
  
  Em 18 de novembro de 1880, o trem chegou a Serrinha. E mudou tudo na vila. Os primeiros 123.4 km da ferrovia Salvador a Juazeiro (576 km no total) chegaram em Alagoinhas, ainda uma concessão inglesa a São Francisco Railway Company, em 1853. 

    Depois que os capitalistas ingleses abandonaram o projeto por falta de retorno financeiro, o governo imperial de Dom Pedro II assumiu a conclusão da obra e o trem apitou, finalmente, em Juazeiro, em 1896. 

    Quando digo que o trem mudou a vida de Serrinha - cultural, econômica, social, política, etc - aproveito para falar como surgiu o bairro do Cruzeiro, um dos mais antigos da cidade, no rastro da ferrovia. O bairro da Bomba também faz parte desse caminho da linha do trem.
  
    Hoje, no entanto, vamos falar do bairro do Cruzeiro. Estive por lá nos dias 8 e 9 de maio últimos a procura do original cruzeiro que deu nome ao bairro. 

   Havia, pelo menos até a década de 1960, um cruzeiro - construção em alvenaria de aproximadamente 2.5m x 2.5m com uma cruz encimando-a - que ficava num platô logo após a subida da rua principal depois do sitio de Sêo Nicolau e que, na atualidade, não existe mais. 

    Esse cruzeiro - que não consegui saber quem foi o construtor - se situava num campinho de bola e tudo o mais à vista da Serrinha era mato, sítios, um deles, posteriormente, de Vicente Campos.
   
   Então, como teria surgido o bairro do Cruzeiro? 
   
   Não há um registro histórico documental dos primórdios na Câmara de Vereadores. É provável que, com a construção da ferrovia, na quadra final do século XIX, alguns operários que trabalharam na obra e não foram contemplados com as casas da Leste Brasileiro, tenham se agrupado num arruamento depois da linha do trem, surgindo, assim, numa relação de compadrio e consentimento dos proprietários das terras locais - possíveis fazendolas - o bairro do Cruzeiro. 

   Meu bisavô materno, no final daquele século já habitava essa área do pós-linha (depois da linha do trem) e onde residiram, posteriormente, Cornélio Paes e família, e Edson Paes e família. este com um comércio no início da rua.
   
  Por que cargas d'água colocaram o nome de 17 de março na rua principal do bairro não saberia dizer.  Leitor Edmilton explica que era a data de aniversário da professora Lurdinha, pioneira do ensino no bairro.

  Entrevistei várias pessoas na última visita que fiz ao bairro e nenhuma delas, mesmo as mais velhas, sabia dizer que fim levou o cruzeiro antigo e seu pedestal. O que existe, hoje, é um cruzeiro erguido na capela de São Roque, nas proximidades do antigo cruzeiro com testada para a rua principal, que segue representando o nome do bairro.
 
   Evidente que, na atualidade, tudo mudou no bairro. A rua principal desde a entrada - logo após a linha do trem - até o final - na confluência com a rua do Fogo que dá na BA para Coité - está repleta de prédios com casas comerciais e de serviços e nos locais antes área rural  foram ocupadas por ruas transversais e longitudinais  - algumas calçadas e outras ainda no barro - numa ocupação aparentemente feita pelos moradores, pois, sequer há uma praça no local. 

   Diria que o bairro está todo ocupado beirando a linha do trem também ao lado da Caixa D'Água da Estação e no início da rua, onde se situava o empório de Edson Paes.
   
   Há ruas em direção a área Sul onde se situava a fazenda Vassouras e, ao menos, três ligações com a BA (Estrada do Sisal) com direção a Coité. Na área Leste ergueu-se uma construção do Minha Casa Minha Vida na direção do Maracassumé.
   
   Assim, se encontra, hoje, o bairro do Cruzeiro, um dos mais antigos de Serrinha.

  COMENTÁRIOS 

  (Gercina Souza) - Nossa bela história nessa rua em frente ao Cruzeiro antigo tinha uma escola onde eu estudei antes de construir o colégio aí ao lado não sei se ainda tem.

  (Francilene Silva) – A construção da capela foi idealizada por uma antiga moradora chamada dona Zenaide rezadeira devotíssima de São Roque e de Santo Antônio e era minha conterrânea de Ichu e mãe de padre Aristóteles.

  (Edmilton Ribeiro da Silva) - Em relação ao nome da Rua ser 17 de Março se deu em homenagem a uma antiga professora que lecionava no bairro, chamada dona Lurdinha e essa era a data de seu aniversário. No entanto foi aprovado um outro nome para esta mesma rua Antônio Pedro da Silva (Cumbá), já falecido e antigo Ferroviário, um dos primeiros moradores do bairro.

 (Joseval Passos) - A saudosa professora Lourdinha foi quem me alfabetizou. Primeira professora. Faleceu nova e Sêo Maciel morreu com 120 anos, comercializando no início do calçadão da Araújo Pinho. O irmão da Professora Lourdinha, Manelito da churrascaria Abaeté, a filha, Ana Maria, sumiram de Serrinha. Sêo Maciel vendia bijuterias no calçadão vestido num paletó azul, surrado. Lembram???

  (Androcles Lima Souza) - Resido hoje no cruzeiro loteamento Militão.

  (Neuza Pedroza) - Seria muito merecido se o nome da rua fosse Cumbá.