Cultura

ARISTIDES ALVES DIALOGA COM MEMÓRIA FOTOGRÁFICA EM TEMPO DE PANDEMIA

Tem 19 livros publicados, dedicados à investigação da paisagem humana e natural do Brasil.
Da Redação , Salvador | 01/04/2021 às 13:52
Foto que integra o livro
Foto:

Quando alguém se vê diante de uma situação de virtual risco de vida, é comum o uso da expressão “passou um filme pela cabeça”. Ao bater os olhos nos negativos dos exames de imagem que esquadrinharam seu corpo durante uma investigação médica, passou pela cabeça do fotógrafo Aristides Alves, de 72 anos, não um, mas milhares de filmes da sua memória de quase cinco décadas de dedicação ao registro, divulgação, pesquisa e catalogação de imagens.

A convalescença em casa depois de uma cirurgia coincidiu com o isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus e o impedimento de voltar às ruas levou o fotógrafo a um mergulho nos seus arquivos pessoais. De lá emergiu o livro Num rastro de relâmpago, com 66 fotografias, organizadas em dípticos, trípticos e polípticos, em originais feitos com filmes de rolo, negativos 6x6, cromos, fotos de celular e resultados de exames de imagem.

As fotos constroem uma narrativa com base na memória pessoal e familiar, mas com uma perspectiva universal, compondo um arco que contempla desde o firmamento até o interior do próprio corpo, em diálogo constante com a impermanência e a efemeridade, traduzidas no título do livro.

*Num rastro de relâmpago será lançado no dia 6 de abril, às 19h30, em uma live no canal  Foto em pauta, do Festival de Fotografia de Tiradentes (Youtube.com/fotoempauta), com a participação das pesquisadoras e curadoras associadas Angela Magalhães e Nadja Peregrino, que fazem a apresentação do livro, e do  fotógrafo Eugênio Savio.*

A publicação pode ser classificada como uma obra decorrente do novo ambiente social e cultural provocado pelo isolamento social no último ano, com a pandemia do coronavírus, não só na concepção como também na materialização, já que é patrocinado pela Lei Aldir Blanc, criada para socorrer o setor cultural na pandemia.

Neste seu 20º livro, Aristides vai fundo na memória. A narrativa inclui registros familiares da sua infância e adolescência, divididas entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Traz também fotos da infância dos dois filhos e o primeiro registro que fez da mulher, a atriz Joana Luiza Schnitman, na sua estreia com uma máquina fotográfica. Era seu primeiro rolo de filme, clicado e revelado por ele mesmo, em Salvador.

Num rastro de relâmpago tem 72 páginas, no formato 22x16, capa dura e em papel eurobulk 150 gramas, com texto bilíngue. Depois do lançamento na live, o livro ficará disponível on line para o público. E ganhará também noite de autógrafos e exposição, assim que o controle da pandemia permitir.

Biografia

Aristides Alves nasceu em Belo Horizonte, em 1949. Desde 1972 mora em Salvador, onde se formou em Jornalismo e Comunicação pela UFBA. Realizou a exposição coletiva Fotobahia (1978/1984); foi coordenador do Núcleo de Fotografia da Fundação Cultural do Estado da Bahia, produziu e editou o livro A fotografia na Bahia (1839/2006). Foi um dos fundadores da primeira agência baiana de fotografia, a ASA, e correspondente da agência paulista de fotojornalismo F4. Realizou diversas exposições individuais e participou de importantes coletivas no Brasil e no exterior. 

Tem 19 livros publicados, dedicados à investigação da paisagem humana e natural do Brasil. Seu trabalho integra os acervos do Museu de Arte Contemporânea da Bahia, Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro, Museu de Arte de São Paulo/Coleção Pirelli, Museu Afro Brasil, Museu da Fotografia Cidade de Curitiba.

Num rastro de relâmpago tem apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.