Cultura

ATIVISTA YAZIDI e MÉDICO CONGOLÊS vencem o Nobel da Paz 2018

Médico congolês e ativista da minoria yazidi, perseguida pelo "Estado Islâmico", são laureados pelo Comitê Norueguês
Da Redação , Salvador | 05/10/2018 às 10:37
Nadia Murad e Denis Mukwege
Foto: DIV
O médico congolês Denis Mukwege e a ativista da minoria yazidi Nadia Murad foram anunciados como os vencedores do Nobel da Paz de 2018 nesta sexta-feira (05/10). O Comitê Norueguês do Nobel, que concede o prêmio, destacou os esforços de ambos para "acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra".

Mukwege, de 63 anos, é ginecologista e passou grande parte de sua vida atendendo vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo e lutando por seus direitos. Conhecido como "doutor milagre", ele é um crítico feroz do abuso de mulheres durante guerras e descreveu o estupro como uma "arma de destruição em massa".

Murad, de 25 anos, luta pelos direitos humanos da minoria yazidi e sobreviveu a três meses de escravidão sexual perpetrada pelo grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) no Iraque, em 2014. Ela é uma de estimadas 3 mil meninas e mulheres yazidis que foram vítimas de estupro e outros abusos cometidos pelo EI. Murad demonstrou "coragem fora do comum ao relatar seus sofrimentos", afirmou o comitê.

"Denis Mukwege e Nadia Murad colocaram sua segurança pessoal em risco ao combaterem com coragem crimes de guerra e buscarem justiça para suas vítimas", prosseguiu. "Eles promoveram a fraternidade entre nações ao aplicarem princípios da legislação internacional."

O Nobel da Paz de 2018 tem como objetivo enviar uma "mensagem de conscientização, de que as mulheres precisam de proteção e de que agressores devem ser processados e responsabilizados por suas ações", declarou a presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen.

O comitê recebeu neste ano a nomeação de 216 indivíduos e 115 organizações. Somente algumas dezenas deles são conhecidos. O comitê mantém a lista em segredo há 50 anos, mas alguns dos candidatos são revelados por quem os nomeia.

Entre os favoritos para a premiação deste ano estavam os Capacetes Brancos, ONG de defesa civil que atua na Síria, o jornal russo de oposição Novaya Gazeta, o ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos Edward Snowden e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).