Um retrato fiel de parte da população de Salvador, de famílias de baixa renda
Tasso Franco , da redação em Salvador |
21/12/2017 às 18:36
Parte da Avenida é tomada pelos consumidores
Foto: BJÁ
Quem é consumidor das lojas e ambulantes que invade todos os espaços, até trechos da rua, para consumir o que vê pela frente na Avenida Sete de Setembro, em Salvador?
As classes C e D, a turma de baixa e até média rendas, que paga à vista, pechincha ou aceita a pechinha e tem uma faro fino para comprar promoções.
Daí que os lojistas já descobriram isso há tempos e todas eles têm letreiros enormes com promções de todos os tipos de produtos, da cama e mesa a calçados.
E como camelô não é bobo vai nessa onda e já oferece os seus produtos na base do marketing das promoções. Os consumidores adoram e fazem filas para compras.
Pouco importa para ele se o produto é de boa qualidade. Agora, adquirir um perfume 'importado" por R$10,00 e comprar um relógio bacana, dourado, parecido com aqueles que Faustão usa é a glória. E custa apenas R$15,00.
É isso. Os consumidores da Sete gastam pouco, em média, creio, entre R$50,00 a R$670,00 e como são milhares deles todos os dias as vendas e as compras são compensadoras.
Qualidade e durabilidade não são coisas que se discutem na Sete.
Conversei com Ramiro Ferreira, vendedor de relógios, experiente, há anos no ramo ambulante, e ele me disse: - Aqui o freguês vem pra comprar e leva pela beleza. Mas também não é bobo e sabe que um relógio de R$15,00 não é de ouro", frisou.
Perguntei também a uma garota, Semirames, na altura do Relógio de São Pedro, porque ela estava vendendo coentro e alfaces em plena Sete, na época do Natal?
Resposta dela: - Porque vende. Aqui o povo compra tudo e tem muita gente que mora por aqui. Eu vendo todo o carrinho até o final de dia", comentou.
O que impressiona na Avenida Sete é o entendimento entre as pessoas no andar no meio de um burburinho, de caminhar pela ruas arriscando a sere atropeladas, mas, são pouquissimos os acidentes e as prováveis brigas. Todo mundo se entende, até os marreteiros.
Outro detalhe: muitas mães vão com filhos de colo e são muitos os menores na faixa de 6 a 10 anos de idade.
Agora, na época do Natal, é uma muvuca que impressiona, uma gentileza consentida em todos os momentos, até nos esbarrões.
Na Sete está um retrato fiel e acabado de parte da população da capital que pouco vai aos shoppings, que acompanha a moda pela teçlevisão e é influenciada pelo marketing popular dos lojistas e camelôs.
Sem crise, sem experimentar produtos, sem direito a troca, tudo na base da cofiança mútua e dos preços baicos. Uma maravilha. Uma Babilônia. (TF)