Cultura

BAHIA PERDE MAIOR AUTORIDADE EM CONHECIMENTO SOBRE O CANDOMBLÉ

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| 22/09/2010 às 14:07
Vivaldo (centro, de bigode) entre Walter da Silveira e Mirabeau Sampaio
Foto: Voltaire Fraga

  É com grande pesar que o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), através da sua Diretoria Geral e de todos os seus funcionários, vem a público registrar o falecimento do Professor Vivaldo da Costa Lima, que esteve à frente das ações deste órgão durante três gestões, de 1971 a 1975, de 1979 a 1983, e de 1991 a 1993.


  Escritor, antropólogo, professor, pesquisador e intelectual de máxima relevância para o cenário da Cultura na Bahia e com inestimáveis serviços prestados para a preservação dos bens culturais do nosso Estado, o Professor Vivaldo nos deixa muitas saudades e exemplo a ser sempre seguido.


  Um dos mais importantes antropólogos do Brasil, Vivaldo da Costa Lima, professor emérito da Ufba, faleceu na manhã de hoje. Ele estava internado na Fundação Baiana de Cardiologia e ainda não foi definido o horário do velório e do sepultamento.


  O profesor Vivaldo é autor de clássicos sobre a cultura afro-brasileira, como O Conceito de Nação nos Candomblés da Bahia e A  Família de Santo nos Candomblés Jejes-Nagôs da Bahia.


   Além disso, o professor Vivaldo era um grande especialista em questões relacionadas à gastronomia afro-brasileira. Um dos seus últimos trabalhos foi um livro escrito a partir de conversas com a ialorixá Olga de Alaketu de quem foi compadre e amigo muito próximo, que ainda está no prelo.


   O sepultamento ocorrerá no cemitério do Campo Santo, bairro da Federação, em Salvador, hoje, dia 22.09.2010 às 16h30.


Nota biográfica


Vivaldo da Costa Lima (1925-2010), foi antropólogo e professor emérito da Universidade Federal da Bahia. Formado em odontologia, passou a se interessar, estudar e pesquisar na área da Antropologia, sendo um dos pioneiros do Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao-Ufba), a viajar para a África buscando ressonâncias, entre os povos yorubá e ewe fon, em partes da atual Nigéria e do antigo Daomé, de práticas religiosas do candomblé, estudadas por ele nos principais terreiros que compõem a tradição do modelo jeje-nagô na Bahia, como a matriz Casa Branca do Engenho Velho, tombada como Patrimônio do Brasil pelo Iphan, o Terreiro do Gantois e o Ilê Axé Opô Afonjá.
 
Iniciado como ogã, consagrado ao orixá Ogum por Mãe Senhora de Oxum Miwá, do Afonjá, o professor foi exímio continuador dos estudos inaugurados por Nina Rodrigues e também elaborados por nomes como Manoel Quirino, Arthur Ramos, Edison Carneiro, Ruth Landes, Roger Bastide, Pierre Verger, fazendo do resultado de suas pesquisas, dialógicas com grandes teóricos da antropologia ocidental, de acurada observação participante de marcante rigor metodológico, uma das mais representativas obras etnológicas sobre o universo do candomblé: A Família de Santo, lançada pela primeira vez nos anos 1970.


Obras

  • A Família de Santo nos Candomblés Jeje-Nagôs da Bahia, Bahia, 1977
  • Encontro de Nações de Candomblé, Ianamá/Ceao, 1984
  • Cartas de Édison Carneiro a Artur Ramos 1936-1938 (org), Corrupio, 1987
  • Cosme e Damião - o Culto aos Santos Gêmeos no Brasil e na África, Corrupio, 2005, ISBN 8586551252
  • Vivaldo da Costa Lima - Intérprete afro-Brasil, organizado pelos antropólogos e professores Cláudio Pereira e Jeferson Bacelar, 2007