Cultura

CAUSO DOMINGUEIRO (51): A PROMESSA DE EMPREGO GORDO E GASTAR POR CONTA

De quebra, só mãe ainda morreu
| 08/06/2008 às 01:15
  Juvenal tava desempregado há meses.
 
  Com a resistência que só os brasileiros têm, Juvenal foi tentar mais um emprego em nova entrevista.

  Ao chegar ao escritório, o entrevistador lhe perguntou: - Qual foi seu último salário? -
  "Salário mínimo", respondeu Juvenal.

  - Pois se o Sr. for contratado ganhará 10 mil dólares por mês! 
 
  - Jura? 
 
  - Que carro o Sr. tem?

  - Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!

  - Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa! Tudo zero!

  - Jura?

  - O senhor viaja muito para o exterior?

  - O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes ...

  - Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc.
 
  - Jura?

  - E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira.
 
  Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama. Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e contou as boas novas. Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita música.

  Sexta de tarde já tinha um barril de choop aberto. As  9 horas da noite a festa fervia. A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero. A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal. E a banda tocava! E o choop gelado rolava! O povo dançava!

   Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro. Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.

  Onze horas e cinqüenta e cinco minutos........ Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela... Era do Correio! A festa parou! A banda calou! A tuba engasgou! Um bêbado arrotou! Uma velha peidou! Um cachorro uivou! Meu Deus, e agora?

  Quem pagaria a conta da festa? - Coitado do Juvenal!    

  Era a frase mais ouvida.   

  Jogaram água na churrasqueira! O chopp esquentou! A mulher do Juvenal desmaiou! A velha novamente peidou! A motoca parou! - Senhor Juvenal Batista Romano Barbieri?

  - Si, si, sim, so, so, sou eu... A multidão não resistiu... - 
 
  OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!! - Telegrama para o senhor...
 
  Juvenal não acreditava... Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos. Silêncio total. Respirou fundo e abriu o telegrama. Uma lágrima rolou, molhando o telegrama.. Olhou de novo para o povo e a consternação era geral. Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler. O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava. 
 
  - E agora? Quem vai pagar essa festa toda? Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para   o povo que o encarava...

  Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico ...                   

  - Mamãe morreeeeuuu! Mamãe Morreeeeuuu!!!!!!!