"A Bahia recebe a Espanha". Essa foi a idéia da dançarina, coreógrafa e professora Szely de Núñez. Ela viu o videoclipe da música "The Obvious Child", de Paul Simon, gravado no Pelourinho com a participação do Olodum e passou a imaginar como seria misturar as artes flamenca e afro. O resultado é o projeto de dança "Espanha na Bahia", da Companhia Flamenca Szely de Núñez. Este ano, a quarta edição do espetáculo será realizada no Teatro ISBA, em Ondina, no dia 28 (quinta-feira), às 21h.
O diretor cultural do Olodum, Nelson Mendes, ficou surpreso com idéia, mas elogiou a iniciativa. "É interessante para o bloco que outros grupos musicais se inspirem na musicalidade do samba-reggae do Olodum", diz. Ao todo são 10 bailarinos da Companhia e sete do grupo folclórico do Serviço Social do Comércio (SESC). Os ensaios duraram nove meses.
O espetáculo conta com a participação da professora do Centro del Ocio "El Horno" em Madri (Espanha), coreógrafa e bailarina Yara Castro, que contribuiu com o projeto desde a concepção. Ela é brasileira, mas reside no país há mais de 10 anos. Participam também o percussionista Winga, de Lisboa (Portugal), e o cantor espanhol da cidade de Gramada, Jose Fernandes. No total são 32 pessoas, engajadas para realizar um inesquecível show. (veja anexo I e II)
DANÇA ESPANHOLA
ORIGE,
A idealizadora do projeto, Szely de Núñez, explica que a dança espanhola é originária da tradição de antigos povos, como os celtas. É originária de reuniões ao redor do fogo para comemorar nascimentos, as manifestações da natureza e a morte. "O resultado são os movimentos fortes, traço dos espanhóis", diz.
A coreógrafa explica que a dança brasileira, em especial a baiana, tem a forte influência afro. Os movimentos intensos e belos representam a natureza e a vida. "A união através da música e da dança desses dois povos resulta em imagens de extrema sensibilidade estética e promovem o intercâmbio cultural", exalta Núñez.
Para mostrar essa união, Ogum, Oxossi, Oxum, Iemanjá, Oxalá, Xangô e Iansã são representados por bailarinos. Eles abrem o espetáculo com a apresentação chamada Orixás e recepcionam o ritmo espanhol e suas castanholas. Em seguida, outras nove coreografias encantam a platéia: De la mar a la tierra, Soleá, Iabás, Alegrias, Farruca, Raices, Encuetro, Espanha na Bahia, Soleá por buleria.
"Cada uma tem seu significado e todas estão ligadas às duas culturas", define Núñez. Três coreografias são inéditas. Alegrias tem um caráter vibrante, com músicas e letras que falam de cidades portuárias e suas embarcações. Farruca é um ritmo, que sempre foi dançado por homens, mas que atualmente as mulheres já praticam, sempre com força, sensualidade e determinação. Espanha na Bahia une as duas linguagens corporais baseadas em seus respectivos ritmos.
A diretora do grupo Folclórico do SESC, Tânia Bispo, conta que a contribuição para o corpo baile da instituição tem sido grande. "Primeiro nós temos o intercâmbio, depois a mistura das linguagens. Saímos do nosso campo de pesquisa e conseguimos notar que as duas danças se relacionam através da energia e da postura. Antes era impossível imaginar algo desse tipo. O espetáculo não é só para ser visto e, também, para ser sentido. A energia da Espanha e muito parecida com a da Bahia", comenta.
Para montar o espetáculo a companhia pesquisou por mais de um ano músicas e ritmos de ambos os países. E o retorno do trabalho é comprovado em cada apresentação. Desde a primeira edição, o teatro fica lotado em sua capacidade para 480 pessoas. "A cada ano é maravilhoso. Já temos público cativo. As pessoas ligam para saber quando vai ter o Espanha", lembra, com um sorriso de satisfação, Szely.
O projeto Espanha na Bahia é patrocinado pelo Fazcultura, do governo da Bahia, e pelo posto de combustíveis Portoseco, e tem o apoio do SESC. O ingresso promocional custa R$ 15 e será vendido no dia do espetáculo a partir das 14h na portaria do Teatro ISBA. Parte da renda arrecadada será doada para obras assistenciais do Centro Espírita Francisco Alves.
Companhia de Danzas Españolas
A Companhia de Danzas Españolas foi fundada em 1999 pela bailarina, coreógrafa e figurinista Szely de Núñez. Na época, ela fazia parte de uma escola de dança e resolveu sair. Pensou que não voltaria a trabalhar profissionalmente com a dança, mas a paixão por essa arte era mais forte. "Eu e uma prima resolvemos difundir e divulgar o flamenco. Deu certo. Hoje, temos mais de 35 alunos", conta Szely.
O trabalho fundamenta-se na experiência da bailarina e coreógrafa Szely de Núñez, há mais de 25 anos no ramo, e em mestres do flamenco como: Ana Esmeralda (Espanha), Gracieli Rios (Argentina), Rafael Aquilar (Espanha),Yara Castro (Espanha). A escola de dança funciona na Rua Vila Ferraro, 03, no bairro do Canela.
Em 2005 Szely selecionou algumas bailarinas da Companhia de Danzas Españolas e criou a Companhia Flamenca Szely de Núñez. Formada por um elenco jovem e vibrante, a companhia exibe um flamenco arrojado, contemporâneo, de forma bela e sensual. (Por Renata Maia)
ANEXO I
-Direção, criação, concepção e coreografias:
Szely de Núñez
-Assistente de Coreografia:
Manuela Reina
-Diretor Musical:
Eduardo Bertussi
-Direção grupo Afro (SESC):
Tânia Bispo
-Cenografia:
Marcos Archanjo
-Figurino:
Szely de Núñez
-Assistente de Produção:
Leonardo Núñez
- Projeto de iluminação:
João Batista
-Dançarinos:
Companhia Flamenca szely de Núñez:
Carla Alonso, Débora Santos, Inge Welin, Raquel Mei, Presentacion Amoedo, Aline Góes, Ana Amélia, Larissa Garcia, Manuela Reina, Szely de Núñez.
Grupo Afro(SESC):
Osmar Junior, Cleonice Fonseca, Fabíola Almeida, Michele Santos,
Nadjane Santos, Patrícia dos Anjos Santos, Rosenice de Jesus Santos
-Bailarina de Flamenco convidada: Yara Castro (Espanha)
-Músicos: Eduardo Berdussi,Fernando Ribeiro,Gilmario Celson,Rodrigo Sestrem, Fernanda Monteiro, Hermógenes Araújo,Edir Moutinho, Winge, Jose Fernandez.
-Músicos Convidados:
Jose Fernandes (Granada - Espanha)
Winga (Lisboa - Portugal)
-Maquiador e cabeleireiro:
Carlos Fontes
ANEXO II
CURRÍCULOS
Szély de Núñez
Szély de Núñez é bailarina, coreógrafa e diretora da Companhia de Danzas Españolas e Companhia Flamenca Szely de Núñez (Zélia M. Carvalho Núñez). Nasceu em Salvador-Bahia. Filha de espanhol, desde os sete anos de idade se dedica à dança. Possui formação clássica. Fez curso no Bale Rei de Viena na Espanha. Participou do Festival Internacional de Dança em Santiago de Compostela (Espanha) e do Primeiro Festival de Dança do Norte Nordeste 2006 o "Dansalnordeste", participando como bailarina e professora. Fevereiro de 2007 foi convidada para se apresentar em Natal (RN), pelo produtor americano James O`Connor (responsável pela produção de bandas de Rock como: Jimmy Herndrix, Janis Joplin, The Door, Buffalo Springfield e outras), atuando como bailarina e coreógrafa, com a participação de Barbara Evens, bailarian de flamenco da Califórnia e o guitarrista Pablo Guevara de Porto Alegre. Seu corpo de baile possui duas coreografias premiadas no Festival Internacional "Dança Bahia", realizado em maio/99, no teatro Iemanjá.
Yara Castro
Em Londres, realiza regularmente workshops e montagens coreográficas para o Grupo Flamenco da española Mila Soler, residente nesta importante cidade Européia. Em Madri, na Espanha, ministra aulas permanentes de flamenco no Centro del Ocio " El Horno", onde, também, realiza montagens coreográficas. Atualmente, Yara Castro reside em Madri. Lá dança em diversos eventos e shows de flamenco. Em 2005, destacamos sua participação como solista, a convite do cantor Pedro Sánz e do jornalista Manuel Moraga, no encerramento de uma conferência sobre canto, guitarra e o flamenco, dentro do projeto "Festival Caja Madrid 2005". No Brasil, apresenta-se em vários estados. Já ministrou cursos e realizou montagens coreográficas para diversas escolas e companhias de Flamenco por todo o país, tendo como destaque as seguintes cidades: Belém do Pará, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Campo Grande, Curitiba, Rio de Janeiro, Goiânia, Porto Alegre e Salvador. Possui seu próprio espaço em SP, onde está situada a base de seu grupo profissional de bailarinos, dirigido por Laurita Castro e sob a direção musical do Guitarrista flamenco Fernando de La Rua com músicas de autoria do mesmo, através de composições exclusivas para cada coreografia.
Companhia Flamenca Szely de Núñez
Foi criada por Szely de Núñez em 2005. Atualmente, são 18 integrantes, entre bailarinas e músicos. O grupo vem realizando um trabalho bastante profissional, com um ritmo de trabalho dificilmente alcançado por outros grupos do mesmo gênero. A Companhia já realizou vários eventos, turnês, shows em feiras, festivais e congressos. Algumas realizações: I Mostra de Dança e Ritmos (mai/2000), Teatro Jorge amado; La Magia de la Danzas Españolas (dez/2000), Teatro ACBEU; Apaixona-me Flamenco (abr/2001), Teatro Castro Alves; E por que não (mai/2001), Teatro Casa do Comércio; Noite Flamenca (nov/2001), Celi Praia Hotel- Aracaju-SE; Feira do Empreendedor (mai/ 2002), Centro de Convenções; Sentir (set/2002), Teatro Atheneu -Aracaju-SE; Melhores de Ano (nov/2003), em Senhor do Bonfim/BA; SENTIR (dez/2003), Teatro de Muritiba-BA; Flamenco e Jazz (fev/2007), Boate Calangos - Natal (NR).
Eduardo Bertussi
Violinista clássico flamenco e arranjador. Graduou-se em violão clássico pela escola de música da UFDB, na classe do prof. Mario Ullo (Costa Rica). É integrante do grupo de música erudita Clã D'Arte. Estudou a arte flamenca com o guitarrista flamenco Fernando de La Rua e com a bailarina Yara Castro. Aperfeiçoou seus conhecimentos em cursos e workshops com renomados artistas flamencos entre eles: Miguel Aragón, Georgia Gigliotha (montagem de baile), Mário Vargas, dentre outros. Desde 1994 atua com bailes flamencos. Em 2005 tornou-se professor de violão no Centro de Ensino Profissional Pracatum. Em 2006 atuou na Espanha em Santiago de Compostela e em Madrid. Participou do Festival Internacional de guitarra de Córdoba, aperfeiçoando seus estudos com os renomados mestres da guitarra flamenca: Manolo Sanlúcrar, Manolo Franco, José Antonio Rodrigues e Paco Serrano.
Tânia Bispo
Diretora do grupo Folclórico do SESC
Formada em dança pela UFBA, especialização em coreografia e estudos contemporâneos em dança, também, pela UFBA. É professora e coreógrafa do grupo folclórico do SESC, professora e coreógrafa do núcleo de extensão da UFBA. Cursos: dança-contemporânea(Clyde Weslei Morgan), Dança Contemporânea Afro (projeto Andanças no Recôncavo), Novas Abordagens do Corpo UFRJ e Faculdade Rangel Viana, 2˚ Convenção Brasil-Nordeste de Fitness (1995), Flexibilidade e Consciência Corporal, Corporal no teatro e na dança por Daniela Visco UFBA (1997), dança terapia por Beatriz Zuloaga UFBA (1997), atualização em Cinesiologia(1998) e musicoterapia (2000). Como coreógrafa: Grupo Odundê UFBA (1980/1996), Espetáculo Opera Negra SESC( 1980/1987), Espetáculo Boca de Sifu (1987), Espetáculo No Tabuleiro de Bahia Tem(1990), Espetáculo Alo Bahia, Alo Áustria (1990), 1˚e 2˚ Amostra de Dança do SESC(1991), Espetáculo Gueledes UFBA (1995/1996), Projeto Pelourinho Dia e Noite (1999/2005), Espetáculo Omi Olorum (2003), Ateliê de Coreografias Brasileiros, "Espetáculo Cenas do Nordeste" (grupo 3˚ idade), participou do Espanha na Bahia 2003, 2004 e 2005.
Osmar E. de Jesus Junior
Bailarino clássico cursa o balé da EBATCA, participa do grupo folclórico do SESC, Brasil Tropical, Onilê, Ritos. Participou do projeto Espanha na Bahia 2003,2004 e 2005 e do espetáculo Na Bahia Tem, no Chile.