Movimenta-se Bahia e toma o que é seu de volta
Depois do documento de abertura dos portos, os cariocas querem a tela de Portinari (F/A)
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Depois que o documento original, assinado pelo rei D. João VI para "A Abertura dos Portos Brasileiros", que sempre fez parte do acervo do Arquivo Público do Estado, foi emprestado, há mais de oito anos, ao Arquivo Nacional, sediado na cidade do Rio de Janeiro e até hoje não devolvido, agora os cariocas querem levar a tela de Cândido Portinari, de 1952, que está num dos salões da Associação Comercial da Bahia.
O presidente da ACS, Eduardo Moraes de Castro, está preocupadíssimo com essa situação e pedido de empréstimo para compor uma exposição que será montada no Rio, entendendo que, embora a tela salvo melhor juízio pertença a Fundação Clementi Mariani, com seus negócios concentrados na ex-capital federal, pela história, por retratar a chega da corte em Salvador, a tela é do patrimônio da Bahia.
A preocupação de Moraes tem sentido, pois, se a tela for não retorna a Bahia mais nunca.
Veja o caso dos documentos que registram a abertura dos portos as nações amigas (e inimigas, pois foi um ato de globalização) até hoje não retornaram. Quando o presidente chegar a Salvador no próximo dia 28, data em que o rei assinou o ato, não verá o documento, salvo se houver uma cópia. O original está no Rio, no Arquivo Público Nacional.
O selo duplo lançado hoje na Bahia com a presença do governador Jaques Wagner e outras autoridades contém a imagem da tela de Portinari. Este é o quadro a óleo, senão o mais valioso pertencente ao patrimônio histórico da Bahia, um dos mais valiososos.
Está na hora da Bahia, através do Governo e entidades ligadas ao assunto, cobrar o retorno de todos os seus documentos antigos e organiza-los de forma decente em termos de conservação, pois, apesar de ter recebido em primeiro lugar a realeza portuguesa que aqui praticou vários atos importantes para consolidação do "País Continental" que se constitui o Brasil de hoje, não recebe qualquer estudioso que realize pesquisa importante sobre aquela época da burocracia nacional.
Os historiadores atestam que durante os 13 anos em que a Corte de Dom João VI esteve no Brasil, o ato de abertura dos portos foi o mais importante do seu reinado.
SELO
Homenageando os 200 anos da chegada da família real ao Brasil, foi lançado hoje (22), em Salvador e no Rio de Janeiro, um se-tenant, dois ou mais selos formando uma só estampa. Amanhã, o mesmo selo será lançado em Lisboa, Portugal, no Palácio da Ajuda. Intitulada 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, a emissão é a primeira de uma série de 15 selos especiais que retratarão não só a chegada da família real, como também a trajetória de órgãos criados em 1808 por D. João VI, como, por exemplo, o Banco do Brasil e a Polícia Civil. A tiragem inicial será de 1.020.000 se-tenants. Um deles retrata a partida do navio com a família real e a despedida das pessoas que permaneceram em Portugal. O outro, mostra a figura de D. João com imagens do Rio de Janeiro e Salvador em segundo plano. O se-tenant tem como elemento comum o navio que trouxe a família real, simbolizando a partida e a chegada da Corte.
Segundo o vice-presidente dos Correios de Portugal, Pedro Coelho, o lançamento representa a grande afinidade existente entre os dois países. "Há uma história em comum de vários anos e o selo é um testemunho desta história", afirmou.
Para Coelho, os portugueses têm o Brasil no coração e essa relação tem aumentado até por coisas do dia a dia, de natureza cultural. Ele disse que há trinta anos as telenovelas brasileiras são exibidas em Portugal. "A própria língua portuguesa tem alguns novos vocábulos que usamos agora e que nasceram aqui no Brasil", observou. A chefe do Departamento de Filatelia e Produtos dos Correios em Brasília, Maria de Lourdes Fonseca, explica que os selos resgatam valores e promovem a cultura de uma forma geral. Ela diz ainda que o selo lançado hoje, criado por Luiz Tinoco, artista português, retrata um episódio de 1808 que mudou os rumos do país nos contextos sociocultural, econômico e histórico.
Curiosidade Maria de Lourdes disse que o selo postal foi criado em 1840 na Inglaterra e que o seu grande poder de circulação o tornou um veículo de comunicação postal, com valor de mídia e de resgate da história.
"Se um historiador pegar uma coleção de selos de 1900, por exemplo, vai saber o que aconteceu naquele ano. O selo resgata a história, registrando para futuras gerações o que vem ocorrendo com o passar dos anos", concluiu.
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