Na época, Jorge Amado recusou e desejou abrir a fundação, para que os registros de sua história permanecessem na Bahia. Segundo João Jorge, o pai fez questão que fosse assim e teve apoio pessoal do então presidente da república, José Sarney e de Antônio Carlos Magalhães, que na época era ministro das Comunicações.
A preocupação maior da família é que o corte da verba prejudique a conservação e a segurança dos cerca de 250 mil documentos alojados na casa, já que o ar-condicionado tem sido desligado para poupar energia, e metade dos funcionários foi demitida.
"Estamos divididos entre cumprir o desejo de meu pai e a frustração de ver o acervo se acabar, o que não podemos deixar acontecer", explica. A fundação, instalada em um casarão no Largo do Pelourinho, sobrevive basicamente do apoio do governo, além de pequenas verbas de empresas privadas.
A escritora Zélia Gattai, que prefere se afastar das discussões e nomeou os filhos como porta-vozes, também está muito triste com a crise. "Minha mãe tem acompanhado muito de perto as notícias, e tem recebido apoio de pessoas como Caetano Veloso, Cacá Diegues, João Ubaldo e do jornalista Ildásio Tavares", conta. A matriarca dos Amado também pode decidir pela transferência das peças, já que o acervo pertence à família e foi cedido em comodato à Fundação.