Cultura

FAMÍLIA AMADO JÁ PENSA EM LEVAR ACERVO DE JORGE AMADO PARA HARVARD

Salve-se quem puder enquanto é tempo
| 09/10/2007 às 18:40
Fundação Casa de Jorge Amado, no Pelourinho, objeto de desmonte por parte do governo (F:G)
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  A Bahia poderá perder o acervo de Jorge Amado para a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A família Amado, através do filho João Jorge, diz que ele, a irmã Paloma e a mãe, a escritora Zélia Gattai, já cogitam a possibilidade de enviar parte do acervo para Harvard, instituição que manifestou, há cerca de 20 anos, o desejo de manter um museu com as obras de Jorge Amado.


   Na época, Jorge Amado recusou e desejou abrir a fundação, para que os registros de sua história permanecessem na Bahia. Segundo João Jorge, o pai fez questão que fosse assim e teve apoio pessoal do então presidente da república, José Sarney e de Antônio Carlos Magalhães, que na época era ministro das Comunicações.


  A preocupação maior da família é que o corte da verba prejudique a conservação e a segurança dos cerca de 250 mil documentos alojados na casa, já que o ar-condicionado tem sido desligado para poupar energia, e metade dos funcionários foi demitida.

  "Estamos divididos entre cumprir o desejo de meu pai e a frustração de ver o acervo se acabar, o que não podemos deixar acontecer", explica. A fundação, instalada em um casarão no Largo do Pelourinho, sobrevive basicamente do apoio do governo, além de pequenas verbas de empresas privadas.


  A escritora Zélia Gattai, que prefere se afastar das discussões e nomeou os filhos como porta-vozes, também está muito triste com a crise. "Minha mãe tem acompanhado muito de perto as notícias, e tem recebido apoio de pessoas como Caetano Veloso, Cacá Diegues, João Ubaldo e do jornalista Ildásio Tavares", conta. A matriarca dos Amado também pode decidir pela transferência das peças, já que o acervo pertence à família e foi cedido em comodato à Fundação.