Nesta data, Diogo Álvares completa 450 anos do seu falecimento
Quadro do artista Henrique Passos com Diogo Álaves e Catarina, no sonho, a capela da Graça
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Na terra de São Salvador da Bahia onde, ultimamente, a palavra de ordem é valorizar aspectos da cultura afro, o pagode e a axé música, nesta sexta-feira, 5, quando se passa o 450º aniversário de morte, de Diogo Álvares, o Caramuru, figura lendária da história baiana, sente-se um enorme vazio na reverência à memória da cidade.
Haverá, apenas, um evento no salão paroquial da Igreja de Santana, no bairro do Rio Vermelho, às 20h, local onde o náufrago europeu sobreviveu de um acidente nos idos de 1509/10 e viria, anos depois, se constituir na figura mais importante da história da Bahia, período que vai entre 1520/1557, quando faleceu.
Diogo Álvares é um dos personagens mais misteriosos da história nacional.
Até hoje não se sabe a sua origem, de que parte da Europa teria vindo (Portugal, Espanha ou França) e porque somente ele sobreviveu do naufrágio na altura do banco de areia de Santo Antonio, Rio Vermelho, mar ao lado do atual Hotel Pestana.
Foi um dos primeiros povoadores da Terra Brasilis, iniciador da primeira fixação comprovada do colonizador europeu, no alto da Graça, denominando-a Vila Caramuru, destacando-se a sua participação na construção da primeira capital do Brasil, a cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos.
Casou-se com uma nativa tupinambá Quayadin, batizada em Saint Malo, no Noroeste da França, como
Katherine du Brézil, no dia 30 de julho do ano de 1528 graças a viagem que o casal fez a partir da Bahia, na nau capitânia de Jaques Cartier, o descobridor do Canadá.
O casal, ao retornar da França, construíu a capela de Nossa Senhora da Graça, primeiro santuário Mariano do Brasil, doada por Catarina Paraguaçú (nome aportuguesa), em 1586, ao Mosteiro de São Bento da Cidade do Salvador.
Considerados a primeira família brasileira documentada, deram origem à algumas das mais importantes famílias da Bahia, do Brasil e do continente, com prolongamentos até nas cortes européias e, recentemente, na Casa Imperial Brasileira.
Diogo Alvares faleceu em 1557 na Cidade do Salvador, que ajudou a construir, completando nesta sexta-feira, dia 5 de outubro de 2007, 450 anos de seu falecimento.
A cidade do Salvador nunca teve um olhar de agradecimento a Diogo Álvares.
A lenda do Caramuru (aquele que atirou num pássaro e se tornou o Deus do trovão)quem a criou foi frei Vicente Salvador, ao escrever um poema épico Caramuru.
É a lenda mais conhecida da nossa cidade. Está no imaginário popular desde o século XXVIII, portanto, tem mais de 250 anos, e se tornou nacional quando os fogos Caramuru (únicos que não dão chabu) se popularizaram no país.
Não existe uma estátua de Caramurú em Salvador. Uma vergonha.
Em compensação estão querendo colocar uma estátua de Zumbi na Praça da Sé.
Memória se faz com respeito à história e não com inovações para atender o corporativismo cultural.