Filha de Iansã, a Rainha dos Raios, a yalorixá Olga de Alaketu foi lembrada em tributo promovido pela Câmara Municipal, por iniciativa da vereadora Olívia Santana (PC do B).
"Eparrei Iansã!", saudou Olívia em seu discurso, frisando que a sessão especial em homenagem à memória da religiosa teve a finalidade de "celebrar a vida e a contribuição de Mãe Olga para as religiões de matriz africana".
A boa convivência da yalorixá com o catolicismo foi outro aspecto ressaltado pela vereadora, que fez questão de convocar o pároco da Igreja do Rosário dos Pretos, padre Alfredo, para compor a Mesa da sessão.
Ao lado de Mãe Stela de Oxossi, do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá; de Mãe Jojó, do Ilê Axé Maroiá Laji; do professor e babalorixá Júlio Braga, do terreiro Ilê Axé Loyá; de Pai Ari, do terreiro Pilão de Prata; de Mãe Carmen, do ilê Iyá Omin Axé Massê (Gantois); da Egbomi Nice, do Ilê Axé Iya Nassô Oká (Casa Branca); e do secretário municipal de governo, Gilmar Santiago. Para coroar esse sincretismo, a Ave Maria foi tocada por um grupo de chorinho.
A cantora Márcia Short escolheu a música Canto para Iansã, de Antônio Carlos e Jocafi, que saúda a "rainha dos raios", para homenagear Olga de Alaketu. O Coral da Câmara entoou o Hino Nacional e a TV Ufba apresentou um vídeo sobre a vida da yalorixá.
Em nome da família falou o professor e babalorixá Júlio Braga, que relembrou a emoção que sentiu quando ela, num evento público, fez questão de sentar ao seu lado e declarou: "Este aqui eu não pari nem fiz o santo dele, mas é meu filho". Olga de Alaketu, segundo ele, foi a primeira referência que teve no Candomblé, ainda na década de 60. Entre as condecorações que recebeu, citou a Comenda Maria Quitéria, concedida pela Câmara Municipal de Salvador.
Olívia Santana resumiu a trajetória de Olga de Alaketu, descendente direta da Família Real de Ketu, que comandou por 65 anos, o terreiro Ilê Maroiá Láji, um dos mais antigos do Brasil e o único da Bahia em que o processo de sucessão se dá, exclusivamente, através de descendência matrilinear desde a sua fundação. "Foi a quarta sacerdotisa a ocupar o trono do terreiro do Alaketu, casa que sempre buscou conservar a tradição mais pura do candomblé", frisou, lembrando que a yalorixá se tornou conhecida internacionalmente. Visitou diversos países africanos e tem centenas de filhos de santo em outros países da América do Sul e na Europa.
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