O clima chegou às alturas no meio artístico baiano
Cena da peça Macbeth, de William Shahespeare, no Oxfor Theatre, London (Foto:Div)
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A briga esquentou no segmento que produz atividades culturais em Salvador com a resposta da prodotura teatral Aninha Franco às investidas do secretário de Cultura do Estado, Márcio Meirelles, sobre o Theatro XVIII, as contas da casa de espetáculo e a credibilidade e o respeito à direção da instituição e aos atores e atrizes.
Meirelles emitiu uma nota situando que o Theatro XVIII estava inadimplente com algumas contas, situou, sobretudo, a nota da empresa agropecuária Sanches e Souza, de Irecê, na prestação de contas da instituição e afirmou que o governo da Bahia não será mais mecenas exclusivo das atividades de cultura.
Em resposta a Meirelles, Aninha Franco convocou uma entrevista à imprensa e o mais suave que falou sobre a personalidade do secretário é de se trata de um "covarde", um "Macbeth de província". A rigor, Aninha deu uma carimbada em Meirelles que, à exemplo do que fazia Leonel Brizola com os políticos indecorosos, este vai levar consigo para o resto de sua administração esse epíteto.
MACBETH
Macbeth é uma história escrita pelo dramaturgo inglês William Shakespeare no alvorescer do século XVII para James I, rei da Grã-Bretanha, logo após a morte da rainha Elizabeth. Macbeth é um jogo de poder de um homem que influenciado por visões proféticas, com bruxas no meio, comete regicídio (aquele que matou um rei ou uma rainha) a fim de chegar ao poder.
Em outras palavras, a citação de Aninha, deixa claro que Meirelles ao ser o Macbeth da Província é capaz de tudo para se manter no poder, e, como no jogo shaperpeariano, há intrincadas simulações e cenários de difíceis compreensões para o público, daí que o secretário joga com esses artifícios para macular a imagem da produtora e diretora teatral justificando que o fechamento do Theatro XVIII, em tese, se deu por questões de natureza administrativa/financeira.
Ademais, envolve-se uma atriz de notória atividade teatral, Rita Assemany, outra peça do jogo macbtiniano do secretário, a qual, não aceita a pecha de ser laranja (ou bruxa shakesperiana).
Outro personalidade no jogo, o superintendente de Promoção Cultural da Secult, Paulo Henrique, disse que "o artista não pode estar acima da lei" levantando o véu da suspeita de irregularidades no Theatro XVIII (e outros), negando que haja uma crise na atividade cultural baiana, sob o argumento de que acontece apenas uma "ruptura com o modelo anterior de gestão".
RUPTURA LONGA
Como o governo já está entrando no décimo mês, os segmentos produtores de cultura de Salvador entendem que a introdução desse novo modelo de gestão, se é que existe, está demorando demais para ser efetivado.
Segundo Paulo Henrique, as instituições antes financiadas pela Secult, integralmente, devem se esforçar para encontrar outros mecanismos de financiamentos. Trata-se, sem dúvida, de uma boa idéia. Mas, em se sabendo que na Bahia uma das poucas parcerias que dá certo é de música axé, a atividade cultural vai decair.
Exemplo maior está no Pelourinho, cuja decadência é notória. Não foi só o Theatro XVIII que fechou. A Livraria do Autor Baiano encerrou suas portas há meses. A Fundação Casa de Jorge Amado está na dependura, à míngua. Os núcleos de capoeira, idem-idem. O Pelourinho Noite & Dia foi para o espaço. O Motumbá, hoje, leva 5 a 10 mil pessoas ao espaço do Othon, em Ondina, todos os domingos, público que se concentrava no Pelô com essa mesma banda, até 2006.