Missa encerra ciclo final de cerimônias fúnebres a Meininha que duraram 21 anos.
Mãe Carmen, a ialorixá, e as duas filhas Neli, iadagã, e Ângela, iakererê, na missa (Foto:BJ)
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Foi realizada na manhã desta segunda-feira, 13, na Igreja de Nossa Senhora da Vitória, em Salvador, uma missa presidida pelo monsenhor Gaspar Sadock, que marcou os 21 anos da morte de Mãe Menininha do Gantois, única cerimônia pública dos ciclos fúnebres que a tradição do candomblé determina.
Presentes a ialorixá do terreiro do Gantois, mãe Carmen de Oxaguiã, filha de Menininha e sucessora de sua irmã Cleusa no comando da Casa, as suas duas filhas (netas de Menininha), Ângela de Oxum, a iakererê, sucessora na linha direta do trono, e Neli de Oxóssi, a iadagã. Também presente Leila de Oxum, filha mais velha de Ângela (bisneta de Menininha), sucessora da ialorixá em terceira geração. Ao lado de Ângela, seu esposo Carlos Ferreira.
Durante a homilia o monsenhor Sadock enalteceu a personalidade de Mãe Menininha, "uma irmã, uma menina pequena, pessoa bondosa que sempre proclamou a sua fé na Igreja Católica e em Jesus". E, aproveitou a oportunidade para lembrar que a sabedoria de Deus é insubstituível, portanto, "deixem de lado essas coisas materiais da vida e busquem Ele" - frisou.
Sadock, em sua sabedoria de orador sacro, disse que o homem é feito para que todos olhem para frente, olhem para Deus. "A alegria do coração do pastor é ter 100% e não 99%. 100% é a plenitude da alegria para que os homens se entendam. O ponto final é o coração de Deus. É o coração que fala, que reza, que se movimenta em direção do bem".
A maioria das pessoas da humanidade - ainda no dizer do monsenhor Sadock - é constituída de pessoas do bem. A outra parte é que faz barulho (as pessoas do mal). "Os bons amam Deus e não podem fracassar. Assim foi Menininha, uma senhora bondosa, uma eterna menina que só fez o bem".
MISSA
A missa foi muito bonita do ponto de vista da plasticidade e da fé. Todas as pessoas vestidas de branco cantaram na entrada Maria Maria, de Milton Nascimento, num coral do axé regido pelo maestro Keiler Rego. E seguiu ao ato penitencial, aclamação, ofertório, comunhão, louvação à Nossa Senhora (a santa predileta do monsenhor) com os cânticos de Nossa Senhora, de Roberto Carlos, e É D'Oxum, de Gerônimo, uma reverência a Meninha.
No final, a Oração a Mãe Menininha, de Dorival Caymmi, com as filhas de santos em volta da Mãe Carmen.
À missa compareceram dezenas de filhas de santo e iniciadas do Gantois, o presidente da Câmara de Vereadores, Valdenor Cardoso, o ex-prefeito Antonio Imbassahy, deputado federal Luis Carreira, pai Air do Pilão de Prata, a escritora Mabel Veloso, Vanda Machado, do Axé Opô Afonjá, entre outros.
Salvo melhor juízo, representantes da área cultural da Prefeitura do Salvador e do Governo do Estado ficaram de comparecer à missa, em 2008.