Cultura

PESQUISA SOBRE NEGROS DERRUBA TESE DE SALVADOR COM 80% DE AFROS

A genética descobriu que raça não existe abaixo da superfície cosmética que define a cor da pele e a textura do cabelo.
| 04/06/2007 às 00:23
Neguinho da Beija Flor tem 67.1% de ancestralidade européia e 31.5% africna (Foto:G)
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Cai por terra uma das expressões mais utilizadas em Salvador por alguns políticos, intelectuais engajados, grande parte da inteligência da comunidade negra e outros, que atribui à população da capital com 80% de afro-descendentes, e bobagens do tipo Roma Negra e coisas assemelhadas.

   Desde que foi divulgada semana passada a pesquisa coordenada pelos geneticistas Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Maria Cátira Bortolini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com análise da constituição genética de 321 negros em São Paulo, Rio e Porto Alegre, constatou-se que, no caso de São Paulo, a origem dos ancestrais por parte de mãe dos pesquisados 12.5% (ameríndia), 85% (africana) e 2% (européia); e a origem dos ancestrais por parte de pai 2% (ameríndia), 50% (européia) e 48% (africana).

    Em relação ao Rio de Janeiro (cidade bastante parecida com Salvador) ancestrais por parte de mãe 8% (ameríndia), 2% (européia) e 90% (africana); e origem ancestral por parte de pai 44% (européia) e 56% (africana).

    Em Porto Alegre, ancestrais por parte de mãe 16% (ameríndia), 5% (européia) e 79% (africana); e ancestrais por parte de pai 6% (ameríndia), 56% (européia) e 38% (africana).

   SALVADOR

   Negros de Salvador não foram pesquisados geneticamente. Mas, levando-se em consideração que a maioria da população da capital baiana (70%) é negro-mestiça (parda), biologicamente pode-se verificar uma variação genética muito maior dentro desse grupamento do que se imagina ou se difunde como uma "certeza".

    O caso que chamou mais a atenção na pesquisa, até por ser um artista bastante conhecido, foi de Neguinho da Beija Flor, cuja ancestralidade genética foi configurada com 1.4% ameríndia; 31.5% africana; e 67.1% européia. 

    Até o próprio Neguinho se assustou quando soube do resultado e disse que ele não era europeu coisa alguma e sim negão.

    Outro caso emblemático foi de Obina, jogador do Flamengo nascido na Bahia, mas pesquisado no Rio.
 
   Obina apresentou uma ancestralidade ameríndia (25.4%) maior do que européia (13.2%) e 61.4% (africana). Obina, portanto, tem uma porção nativa (tupinambá) que representa 25.4%, o que, em Salvador, na grande maioria dos casos é desprezada do ponto de vista do discurso e do engajamento político em defesa da comunidade negro-mestiça.

 
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