Artistas e intelecutuais baianos reagiram a possíbilidade de censura ao filme Ó Paí Ó, de Monique Gandenberg,
O principal ator do filme, Lázaro Ramos, destaca que o filme não ofende a Polícia Militar. Este é um caso que infelizmente foi real na época em que a peça foi escrita, mas não está generalizando o trabalho da polícia. A presentador e diretor do programa Espelho, exibido pelo Canal Brasil, onde faz entrevistas que tratam da valorização da cultura negra, o artista foi mais profundo na questão do que simplesmente os perigos da ameaça de censura. "Em vez de cercear a arte, acho que seria mais saudável discutir a realidade social que origina casos como esse", reforçou ao repórter Pablo Reis. O ator fez questão de dizer que tem parentes trabalhando na PM e conhece de perto a importância da instituição. "Eu tenho informações de que há um trabalho social forte na corporação, inclusive com a manutenção de um grupo de teatro e de música na PM. Ao invés de criar essa polêmica, (a corporação) poderia muito bem divulgar esses trabalhos", opinou Ramos, que considera o episódio uma mostra do sucesso do filme. DAR UM JEITO
No filme, o comerciante do Pelourinho, seu Jerônimo, interpretado por Stênio Garcia, contrata um policial para, nas palavras dele mesmo, "dar um jeito" nos pivetes e malandros que afastam a freguesia da loja de antiquários. O soldado, fora de serviço, termina matando duas crianças, que são filhas da evangélica dona Joana, proprietária do cortiço onde a maioria das personagens mora. Os críticos consideram que tirar a cena polêmica também provocaria a perda de sentido do filme. Na análise da obra, o paulista Luiz Carlos Merten escreveu para o jornal O Estado de S. Paulo que a imagem da mãe desesperada (vivida pela baiana Luciana Souza) com a morte dos garotos é algo para ficar na antologia audiovisual brasileira.
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