Viremos a página: O Pelourinho. O Centro Histórico da cidade mais antiga do país, o maior conjunto barroco e colonial da América, patrimônio da humanidade, tornou-se apenas um espaço aberto para shows e eventos, shopping de butiques pra turista, não tem sustentabilidade e tal.
Sim , e daí vamos deixar cair tudo, por o pessoal sem teto pra morar lá dentro, porque se trata de um bairro, como outro qualquer? Alguém é responsável pela manutenção e conservação daquele patrimônio, não? Ou transforma tudo em pousada, hotel, brega.
É importante saber o que queremos nesse momento para o nosso Centro Histórico, rápido, antes que tudo volte a ser pardieiro, ruína e terreno baldio fedorento. Se o modelito não deu certo, tracemos outro, antes que tudo desabe.
Página seguinte: O comércio, que há algum tempo não é mais comércio e sim um amontoado de prédios com salas vazias e restos de casarões apodrecidos. O Hilton é uma opção. O caminho é esse, os empreendedores multinacionais se comprometem a preservar e manter o quê e como? Ou vale a pena ficar olhando os casarões caírem, pensando no passado?
A prefeitura quer, o governo estadual projeta, o governo federal discursa e, na prática, os órgãos ambientais e patrimoniais - que estão vinculados a esses poderes - travam. Dá pra entender? Habitação, escolas, restaurantes, hotéis, centros de artesanato, museus náuticos, porto, turismo... é por aí? Além da marina, centro náutico, o que está dando certo? O Museu do Ritmo de Brown tá rendendo?
A página seguinte, borrada, é a orla atlântica, transformada num favelão, com barracas e barracos de todo tipo, tabiques, fossas na areia, uma imundície, uma vergonha para a cidade. Barraqueiros, prefeitura, justiça, marinha, órgãos ambientais, ninguém se entende, virou um mangue. Mais um verão de prejuízo para todos.
O cidadão foge, vai fazer o quê, ali, com a família? Afinal, constrói-se na areia, no passeio ou no canteiro central? O quê é melhor para a vida, a mãe-natureza, as pessoas, a cidade? O mar é espaço sagrado, a praia é das pessoas, e Iemanjá quando se reta, sai de baixo!
Passando a página: Os gabaritos dos prédios pela orla, subimos até onde e em que locais? E o espaço do Clube Português: aquilo não é lugar para um hotel de 18 andares, não é bem isso que a cidade quer e precisa por ali. Falou-se em projetos de uma escola de gastronomia, de turismo, de um espaço público, de um ginásio esportivo que a municipalidade não possui, de uma central de artesanato, de um grande museu... e os hotéis da Pituba estão falidos, mas... alguém viu o meu cachorro?
E o Aeroclube, o que pretendem com aquele montão de terra pra lá e pra cá sem que a comunidade saiba o que fizeram do areal, do coqueiral, da beleza daquele espaço, há menos de 30 anos? E tem ainda a Paralela, devastada sem respeito algum ao verde, às lagoas, nascentes... E ninquém mais fala da ocupação desordenada da periferia, dos morros e baixadas, da indústria das invasões, da falta de moradia, de um crescimento planejado de ocupação humana mais racional, nada. Não se pensa mais.
Já no litoral norte, os gringos estão cobrando solução e decisão para os altos investimentos em função do turismo. Os projetos lançados estão emperrando na burocracia e os euros ameaçam cair fora. Isso é bom ou ruim para a Bahia?
Decidir, qual o quê?
Como bem questionou a mestra e socióloga Maria de Azevedo Brandão, num escrito recente e curto, no jornal A Tarde: "Não é tempo de se discutir Salvador como um todo? De outro jeito, só nos restará a folclorização da cultura, a destruição da identidade e da natureza, a violência e a continuada tragédia dos desassistidos. Precisamos de um Fórum Salvador, já" !!!
A benção, querida professora Maria Brandão.