Colunistas / Filosofia Popular
Rasta do Pelô

RASTA DO PELÔ teme cadeado do doutor e DENDÊ quer o cadeado do amor

A peleja entre o Rasta do Pelô e a garçonete Márcia Dendê na Cantina da Lua sobre os cadeados do doutor Soares
10/11/2012 às 09:55

 Estava no meu bem-bom comendo uma moqueca de arraia do rabo aberto na gloriosa Cantina da Lua quando lá me vem a garçonete Márcia Dendê, cheia de prosa, com aquele sorriso debochado na cara, e segurando numa das mãos o Correio da nobre Graziela Alvarez, a moça que fica a oferecer empregos diariamente, mas, nunca me comprou uma boina ou me arranjou um "cabide" público privado, perguntando se eu já tinha lido a noticia dando conta que um doutor havia passado uma receita de cadeados para uma senhora perder peso?


- Cadê, deixa eu ver isso aí - respondi tentando pegar o jornal, mas, Dendê rodou a banda da bunda noutra direção e comentou: - Eu vou ler pra você não ter uma indigestão.

E passou a narrar o acontecido, um doutor de nome José Soares Meneses receitou a senhora Adriana Santos um remédio chamado "Cadialina", sendo um cadeado para trancar a geladeira, outro cadeado para fechar o freezer, outro para o cofre da casa, mais um para o armário e o último para a boca da mulher.

Corei, fiquei da cor da brahma. Tomei um gole e pedi pra ver a noticia com meus próprios olhos e lá estava a receita sendo exibido pela senhora e os desenhos dos cadeados feitos pelo médico.

Dendê foi logo me dizendo que esse médico deveria era receber uma lição, pois, esse não é o tratamento que se dê a uma pessoa.

- Se ainda fosse o cadeado do amor, menos mal - apimentou a conversa a garçonete com seu espirito buliçoso.

- Lá vem você também com essas maluquices de querer "prender" seu marido - desconversei.

- Ora, bem que mereço um cadeado do amor para ele não ficar pulando a cerca, debochou com minha cara.

De imediato, ainda perplexo com a notícia sobre a receita "Cadialine", liguei para meu conselheiro e guru Badu, o intelectual de bigode, residente na formosa Floripa e narrei-lhe o fato.

- Pior é que você ainda fica admirado com essas coisas que acontecem na Bahia. Aliás, só acontecem na Bahia, respondeu-me o gajo.

- Só na Bahia não. Em SP, outro dia, teve aquele médico turco ou é descendente de sírio, especialista em reprodução humana, que passava a mão nas pererecas alheias e acabou preso, retei.

- Ah! mas essa de cadeado só acontece na Bahia. Ainda bem que o doutor não mandou ela colocar o cadeado para fechar outras partes, porque seria uma discriminação sem par, gozava Badu.

- O mais grave foi que o médico, ao justificar tal atitude, disse que apenas usou uma linguagem figurada, do povão, pra recomendar a redução do seu peso, completei fechando com a frase "linguagem do povão uma ova".

Badu gargalhou do outro lado da linha. Márcia Dendê não saia do meu pé ouvindo a conversa e balançando as cadeiras, as suas, não as da Cantina que são de ferro fundido.

- E o que vai acontecer com esse médico sacripanta? Se fosse no meu Goiás tomaria uma pisa de reio cru e ficaria um mês sem comer pequi, adiantou.

- O Cremeb diz que vai apurar, abrir uma sindicância, mas, ninguém acredita que o doutor será punido, afiancei.

- Então pronto vá comer sua moqueca e deixe de lero. Aliás, você tá comendo muito essa moqueca de Márcia Dendê e essse angú encubado de Clarinho estufando essa enorme barriga. É bom se cuidar. Diria, até, que o recomendável seria o amigo procurar o doutor Soares para ele lhe passar um bom cadeado, completou aos risos.

- Vá se f... seu bigodudo, desliguei de mau humor a ponto de assustar Dendê.

- E então, o que recomendou esse seu guru, perguntou a ex-donzela, pedindo seu exemplar do Correio de volta e louca pelo cadeado do amor.

- Nada não, pediu apenas para v não colocar muita pimenta na moqueca evitando, assim, a necessidade de algum cadeado no meu fiofó.