Um clássico dos bons, com quatro gols, uma virada impressionante, na raça, com dois gols depois dos 45 minutos finais (3 x 2) e o Leão continua imbatível na sua toca, o Barradão; e vai disputar o título, na Fonte Nova, com a vantagem e uma moral mais que elevada. Foi um triunfo de quem acreditou e lutou até o fim, com o entusiasmo da torcida.
Foi uma derrota, do Tricolor, de uma equipe presunçosa, que fez 2 x 0 e imaginou que já tinha vencido. Mas o jogo só acaba quando termina. Vacilou, dançou, mais uma vez. Levou três gols na segunda etapa, dois nos minutos finais. Cruel, pode custar o título.
De parabéns os rubro-negros pelo espírito guerreiro, pela garra exemplar.
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Barradão
- Domingo de Páscoa, tarde quente ensolarada, arquibancadas cheias (mais de 30 mil presentes), torcida única, relvado bem cuidado, clima de decisão, pura rivalidade.
- Equilíbrio, dois confrontos este ano e um triunfo pra cada. Os rivais (atletas e treinadores) se conhecem bem. Clássico é clássico, sem favoritos.
- Os donos da casa com seu uniforme vermelho e preto tradicional; o Bahia de camisetas brancas, calções em azul.
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Com bola rolando ...
- O Tricolor povoando muito o meio campo, o Rubro-negro com suas linhas de marcação avançadas, tentando se impor, empurrar o Bahia pra trás. Um começo estudado, cauteloso, cadenciado, bola no chão. O Leão põe ritmo, o Bahia toca.
- Aos 14’, primeira chegada do Bahia, num cruzamento traiçoeiro de Juba que Lucas Arcanjo espalmou no alto. Aos 16’, Marcos Felipe deu um presente para Alerrandro, gol escancarado, o avante errou o alvo. Aos 28’, parada para reidratação.
Depois dos 30’, o Bahia teve mais posse de bola, ocupou mais o campo adversário. Aos 41’, Rodrigo Andrade, que tinha acabado de dar uma cotovelada sem bola em Jean Carlos (sem punição), catimbou uma falta quase em cima da linha da grande área/esquerda baiana, perigosa; não deu em nada.
Aos 47’, após cobrança de escanteio, Lucas Arcanjo saiu mal, Thaciano testou e Wagner Leonardo salvou com a bola no ar, entrando.
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Uma primeira etapa muito equilibrada. O Leão começou melhor, teve uma chance clara de gol após uma mancada feia do goleiro Marcos Felipe, mas Alerrandro desperdiçou com o gol aberto. O Bahia dominou as ações a partir dos 25/30 minutos, dono da bola e teve sua melhor chance no finalzinho, meia bola entrando e W. Leonardo salvou, com o goleirão já vencido. No mais, muito equilíbrio, algumas entradas duras, uma cotovelada desleal de R. Andrade (cadê o VAR de Pombo?), umas duas ou três interpretações equivocadas da arbitragem, sem maiores consequências, e ... tudo indefinido.
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Segunda etapa com o gramado inteiro já em sombras. As mesmas equipes em campo. Logo que recomeçou...
- Gol! 1 x 0 Bahia, Thaciano, ao primeiro minuto. Grande jogada coletiva pela esquerda com Juba, um passe perfeito de Cauly para Thaciano, que só escorou.
Com o gol do Tricolor logo na volta da merende, o Leão se inflamou e foi todo pra cima, na raça, no grito da torcida, pressionando, marcando forte, alçando bolas na área adversária. O rubro-negro crescendo, querendo inflamar o jogo. Esquentou, o Leão pondo velocidade, o Bahia quebrando o ímpeto, trocando passes e apostando num contragolpe fatal. Ganhou emoção.
- Aos 13’, quase o empate, num cruzamento de Zeca, Arias por pouco não fez contra. A torcida empurra. Aos 15’, Matheus Gonçalves, poteiro arisco, no lugar do apoiador William. Ao ataque, gritou Leo Condé. Mas o Bahia tramava e ...
- Gol! 2 x 0 Bahia, Cauly, escorando um cruzamento precioso de Juba! Ampliando, aos 17 minutos.
Aos 19’, Caio Alexandre deu um carrinho em Rodrigo Andrade que lhe deu uma peitada e o pisou no chão, o árbitro não amarelou o atleta do Vitória (já tinha cartão) e amarelou o meia do Bahia. Ora! Dois pêsos?
- Gol! 2 x 1 Vitória, aos 22 minutos. Matheus Gonçalves, pegando uma sobra de bola desviada na zaga tricolor. Diminuindo e inflamando ainda mais o clássico. O Leão tava vivo, a torcida enlouquecida.
- Aos 30’, mais substituições, Ceni lança Yago e David Duarte (saíram Caio Alexandre e Thaciano). O Bahia reforça a estatura, pretensão de ganhar as bolas altas defensivas e ofensiva; Caio Alexandre já tinha cartão, correu muito. Rezende foi pro meio, três zagueiros, Juba de ala esquerda. Leo Condé lançou Castillo e Ze Hugo, tirando PK e Osvaldo – opções mais ofensivas. Por volta dos 35’, Ademir em campo no lugar de Everton Ribeiro (exausto).
Aos 39’, contragolpe do Bahia pela esquerda, cruzamento de Ademir, rasteiro, Lucas Arcanjo salvou no rodapé. Aos 40’, Caio Roque no lugar de Juba (que já não marcava), um dos melhores em campo. Leo Condé lança Lucas Esteves e Leo Gamalho (saíram Dudu e Alerrandro).
- Gol! 2 x 2 Vitória, Matheus Gonçalves, de novo, escorando uma sobra, depois de uma finalização de Castillo e o rebote do goleiro Marcos Felipe. Aos 45 minutos. O VAR não deu o possível impedimento de Castillo e o gol foi confirmado.
Cinco minutos de acréscimos. Já eram 54 minutos, o árbitro sem olhar o cronômetro e...
- Gol! Vitória 3 x 2, virada espetacular! Iury Castillo, em outra jogada pela direita, cruzamento por baixo a finalização de prima. Inacreditávl.
Tem festa rubro-negra, como nunca! E o torcedor do Bahia foi do céu ao inferno, em minutos.
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Destaques
A luta, a garra, a determinação de toda equipe rubro-negra, a ousadia do treinador, a empolgação da torcida que acreditou até o fim. Matheus Gonçalves mudou o panorama do jogo e fez dois gols. Iury Castillo pelo golaço já nos mais que acréscimos do arbitro. Rodrigo Andrade pela manha, catimba. Wagner Leonardo, sempre, Dudu enquanto teve pernas.
No Bahia, Arias, Juba, Thaciano, Cauly... E negativamente as substituições equivocadas de Ceni, pensando que o jogo estava ganho, menosprezou a força do inimigo e ... Mais o inseguro Marcos Felipe, a falta de alma e de manha da equipe no final pra garantir a vantagem.
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Ficha Técnica
- O Vitória escalado por Leo Condé: Lucas Arcano, Zeca, Camutanga, Wagner Leonardo e PK Partric; William, Dudu, Rodrigo Andrade e Mateusinho; Osvaldo e Alerrandro.
- O Bahia de Rogério Ceni: Marcos Felipe, Arias, Kanu, Cuesta e Rezende; Caio Alexandre, Jean Lucas, Everton Ribeiro, Juba e Cauly; Thaciano.
- Arbitragem baiana, contestadíssima pelos tricolores antes mesmo de a bola rolar; No apito Bruno Pereira Vasconcelos, com o manjado bandeira Alexandre Mattos e, Pombo Lopez (?) no VAR. O Tricolor, no final, só pode chiar do tempo de acréscimos, no final. O gol do triunfo aconteceu quando já passavam uns quatro minutos do tempo de acréscimos anunciados pela arbitragem. Chororô, apenas.
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O confronto final, o jogo do título, de entrega da Taça será no próximo domingo à tarde, 7 de abril, na Fonte Nova. Aberto, a despeito da vantagem do Leão.
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“Futebol é um teatro, uma catarse de sentimentos humanos, uma mistura de alegrias, tristezas, êxtases e tragédias”
(Tostão, ex-jogador extraordinário, ótimo cronista)
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