Marrocos jogou bem, teve chances de empatar, mas perdeu por 2x0
Não foi nada fácil para os atuais campeões do mundo. Marrocos lutou até o final, foi superior boa parte do tempo, vendeu caro, mas deu França – 2 x 0. E os ‘Les Bleus’ estão mais uma vez na final de uma Copa, duas seguidas, dessa vez contra a Argentina, uma equipe crescente na competição.
- Europa x América do Sul. Ambas as seleções em busca de um terceiro título, a França quer ganhar dois seguidos (Rússia e Catar). Os Hermanos foram campeões em 78, em casa e com Maradona, no México, em 86.
- E tem o grande duelo entre as maiores estrelas da Copa, amigos, companheiros de clube, o PSG: o artilheiro Mbappé e o mago Messi, La Pulga. Ídolos. Mbappé no auge, aos 24 anos, Messi na sua derradeira copa, aos 36.
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O jogo final da Copa do Catar acontece domingo, 12h (hora de Brasília), no Estádio Lusail, o dourado: França x Argentina.
Imperdível, histórico, pra nunca esquecer. Sem favoritismos.
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França x Marrocos
- Décadas do séc XX, Marrocos, no norte da África, foi domínio, possessão colônia francesa. Milhares de franceses nascidos em Marrocos e de marroquinos vivendo na França, mistura.
- As seleções nacionais são reflexo desses processos histórico, migratório, cultural, religioso. Jogadores franceses com origens africanas e jogadores de Marrocos nascidos, criados e profissionais da bola na Europa.
- Pela primeira vez os países (seleções) se encontram num duelo de Copa do Mundo. Marrocos é a primeira seleção africana, e do mundo árabe, numa semifinal, com a força do deserto, da fé no Islã, a garra dos leões do norte.
- França, campeã do mundo (Copa da Rússia, 2018). Marrocos, a defesa menos vazada da Copa do Catar, um gol apenas levado. Derrubou Espanha e Portugal.
- Torcida marroquina fanática em peso no Estádio Al Bayt e a presença do presidente Macron, da França. Os europeus, Les Bleus, de camiseta azul, calções brancos. Os norte-africanos com sua vistosa indumentária em vermelho e verde. Cores fortes.
- Arbitragem mexicana.
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Escalações
- Marrocos do treinador Walid Regragu (de dupla nacionalidade): Bono, Hakimi, Saiss (Amallah), Dari, El Yamig, Mazraqui (Atiat Allah); Ounahi, Amrabat, Zyiech e Boufall; En Nesyri. (um 5-4-1, fechadinho)
- A França desfalcada de Didier Deschamps: lloris, Koudé, Varane, Konaté e Theo Hernandez; Tchouámeni, Fofana, Griezmann; Dembelé, Giroud, Mbappé.
Upamecano e Rabiot, com viroses gripais, de fora.
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Com a bola rolando ...
- Marcação cerrada, dura, colada dos marroquinos. Os franceses apertam a partir do meio campo.
- Gol! 1 x 0 França, logo aos 4 minutos. Pressão total francesa, Griezmann, Mbappé, duas finalizações rebotearam na zaga, sobrou para Theo, chicotada de canhota, não perdoou. Muito cedo...
Os marroquinos não se abateram, reagiram ao susto inicial. Ounahi arriscou da intermediária, Lloris foi buscar no rodapé, aos 9 min. Aos 16’, Giroud recebeu pela esquerda e disparou forte, perto, assustou. A torcida árabe não para. Disputa pegada, muitas faltas. Equilíbrio de ações. Poucas penetrações, raros lances de área.
- Aos 35’, em velocidade, Mbappé e Giroud desperdiçaram, dois chutes – um rebateu na zaga e o outro pra fora. Aos 44’, El Yamig de bicicleta acertou o pau de trave de Lloris, após cobrança de escanteio. Seria um golaço!
Os marroquinos terminaram o primeiro tempo com mais ações ofensivas, pressionando. Perdiam de 1 x 0 mas nada estava definido. A França sentiu muito a ausência de Rabiot no meio campo. Griezmann estava sozinho na criação, jogando muito. Mbappé, mais uma vez bem marcado, encaixotado, pouco pegou na bola. Marrocos bem vivo, guerreiro.
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Segundo tempo. A França tentou surpreender logo no começo, mas os africanos responderam com três ataques perigosos, assediando, buscando o empate a todo custo, numa correria absurda e até mais posse de bola. E sem permitir que os europeus armassem o contragolpe. Marrocos era melhor, chegava bem mais, sufocando, com todo gás.
Saiu Giroud, entrou Thurham, aberto pela esquerda, com Mbappé agora mais centralizado. O treinador Deschamps tentando mudar, mexer e reequilibrar as ações. O treinador Regragu já trocou quatro, em cima, querendo... 23 minutos. Nada definido.
- Aos 25’, numa falta alçada por Griezmann, a cabeçada de Fofana pra fora, primeira boa oportunidade criada pelos franceses na segunda etapa. Os franceses tentavam quebrar o ritmo, a fúria árabe, e administrar a vantagem. Os africanos não se entregavam. Puseram mais um atacante, foram pro tudo ou nada nos 15 minutos finais.
- Gol! 2 x 0, Koulo Mouani, aos 35 minutos, tinha acabado de entrar (no lugar do atrapalhado Dembelé), foi seu primeiro toque na bola e seu primeiro gol na seleção. Finalizou livre na pequena área, depois de uma jogada coletiva e um salseiro de Mbappé, livrando-se de quatro marcadores na grande área adversária; na espirrada... o gol de alívio para os franceses, que estavam no aperto.
Aos 48’, sufoco dos Marroquinos, Koundé salvou em cima da linha fatal. Deu França na final (2 x 0). Boa arbitragem mexicana.
Os árabes-norte-africanos marroquinos saem da Copa de cabeça erguida, podem se orgulhar e muito do que fizeram. Históricos.
Destaques:
Na França, Griezmann (o melhor dos Bleus), Konaté, Theo Hernandez (golaço), Mbappé (pelo lance do segundo gol) ...
Marrocos: Torcida, treinador, Ounahi e um camisa 8 chamado El Yamig, meio-campista, magrelo, 23 anos, talvez o melhor em campo.
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Messi
O ídolo argentino, espécie de unanimidade no mundo da bola, aos 35/6 anos, fazendo sua melhor Copa do Mundo. Atuações pontuais, lances fundamentais, aparições em momentos decisivos, econômico e preciso. No jogo contra a Croácia fez uma jogada espetacular, arrancando pela direita do meio campo até a linha de fundo, levando a marcação, dançando, quebrando, garrinchando e rolando para Alvarez finalizar. Talvez a jogada individual mais bonita no Catar. Show. A albiceleste está na final, os hermanos vecinos não param de festejar.
A exaltação da jogada é uma mostra de quanto o futebol tem se modificado em campo com tantas táticas, tanto apreço pelo passe totó, a posse de bola, a evolução coletiva, às vezes burocrática e a parte física prevalecendo. Os lances individuais, brilhantes, geniais, que fazem a festa, vão ficando cada vez mais raros nos gramados.
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Lembro-me de um moço chamado Dinho, magrinho, um raio pela canhota, que jogava pelo Independente de São Gonçalo da Federação, imparável. Quis, mas nunca foi profissional, porque bebia. Fazia aquilo que Messi fez, todo jogo, uma, duas, várias vezes. Tive a felicidade e a graça de Deus de ter visto em campo Marito, Biriba, Jésum, Osni, Mário Sérgio, Douglas, Edu do Santos, Joãozinho do Cruzeiro, Rivelino, Sanfellipo, Maradona, e pela tevê Rivaldo, Romário, Ronaldinhos ... faziam diabruras.
Olha que não estou falando de Pelé e Garrincha... outro patamar acima.
PS : - O gol de Neymar, mesmo baleado, contra a Croácia, foi também uma pintura.
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Até domingo. Vai da Messi ou Mbappé?