O time da Sérvia perdeu o gás no segundo tempo e o Brasil dominou jogo
A Seleção Brasileira foi absoluta o jogo inteiro, com um segundo tempo arrasador, brilhante mesmo, na estreia contra a Sérvia (2 x 0) - dois gols do artilheiro Richarlison, o segundo deles uma pintura.
Não podia ser melhor, até pela postura da equipe, que em nenhum momento diminuiu o ritmo e poderia ter goleado, não fosse a boa atuação do gigante goleiro sérvio. O país parou para ver e vai ter fez noite e madrugada adentro.
De preocupante, apenas, o choro do atacante Neymar, com o tornozelo inchado de tanta porrada (ou torção?)
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Show na estreia canarinho
A Seleção estreou pelo Grupo G, na noite de quinta em Doha/ Catar (16h de Brasília), no reluzente estádio Lusail, um imenso cesto dourado, casa cheia (88 mil), muito amarelo/verde. Arbitragem iraniana, experiente, e o time escalado assim por Tite:
- Alison, Danilo, Thiago Silva, Marquinhos e Alex Sandro; Casemiro, Paquetá e Neymar; Raphinha, Richarlison e Vini Jr.
A Sérvia, do treinador, Dragan Stojkovic, 57 anos, é um time de estatura alta, fisicamente forte, tem um bom retrospecto nas competições europeias, marca duro e costuma encarar, surpreender. Tem um certo Mitrovic, 28 anos, 1m89, camisa 9, que joga na Inglaterra, goleador nato.
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- Calma, vontade de vencer em cada dividida e inteligência. Esse é o caminho do triunfo numa Copa. É preciso jogar e ‘pelear’. Foi o que fizemos no primeiro embate.
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Com bola rolando ...
Os sérvios começaram abafando, marcando na frente, desde a saída de bola defensiva brasileira. Incomodam mas abrem espaços também para os contragolpes e a velocidade de Raphinha e Vini Jr. Estratégias postas. Aos 12’, primeira boa arrancada de Vini Jr pela esquerda, incendiando a galera. Neymar bateu escanteio direto e quase fez gol olímpico no goleiro Millinkovic, de 2m02. Casemiro tentou de longe, aos 20 min, nos braços do goleiro, bem colocado. Os sérvios fechadinhos, apostando num erro brasileiro. Aos 27’, Vini Jr dividiu com o goleiro, que saiu bem no chão e travou.
O Brasil com mais posse de bola, atuando quase inteiro no campo adversário, trocando passes, tentando quebrar o ferrolho suíço, martelando. O goleiro sérvio trabalhando. Aos 34’, após tabela com Paquetá, Raphinha ficou de cara mas perdeu, finalizou fraco, nas mães do goleiro. Foi a chance de gol mais clara, faltou capricho. Aos 40’, Vini Jr ganhou do marcador, na área inimiga, mas foi travado na hora do chute.
O Brasil dominou o primeiro tempo, assediou, criou algumas oportunidades de marcar mas o gol não saiu. Talvez devesse ter chutado mais, mesmo que de longe, porque a área sérvia esteve sempre bem bloqueada. Atrás, fizemos um jogo seguro, sem riscos. Os sérvios marcam muito, lutam, dificultam, jogam por uma bola.
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Logo no inicio do segundo tempo, Raphinha roubou uma bola na entrada da área e ficou de cara com o goleiro, mas perdeu outra vez, finalizou mal, em cima do gigante. Aos 4 minutos, Neymar arrancou, levou a marcação e foi derrubado quase em cima da linha da grande área. Aos 7’, novamente Raphinha... demorou de definir, foi travado. Pressão total brasileira. Ataque x defesa? Aos 9’, Vini Jr levou a marcação, cruzou, Neymar bateu de primeira, fora. Os sérvios começaram a trocar... três de uma vez, aos 12 minutos, substituindo os que já tinham levado cartões amarelos.
Aos 14’, Alex Sandro tentou de longe, forte e baixo, acertando o poste do goleiro, já batido.
- Gol! 1 x 0 Brasil, Richarlison aos 18 min. Uma blitz, arrancada de Neymar, finalização de Vini Jr, o goleiro deu rebote e o centroavante goleador não perdoou.
Aberta a porteira, os sérvios foram pra cima, arriscam tudo nas bolas altas, mas se abriram ao nosso contragolpe. Aos 23’, Neymar arrancou, foi derrubado, Vini Jr ficou com o rebote mas escorregou na hora de finalizar.
- Gol! 2 x 0, Richarlison, aos 28 minutos. E que golaço!!! Recebeu de Vini Jr, de costas, matou e girou no ar, de voleio, estufando redes. O mais bonito gol da copa, até agora. Plástico, uma obra de arte.
Rodrigo e Fred em campo, saíram Vini Jr e Paquetá, muito aplaudidos. Gabriel Jesus no lugar de Richarlison, o dono da bola. Anthony no lugar de Neymar, sentindo dores no tornozelo.
Aos 35’, depois de troca de passes, Casemiro bateu colocado e acertou o travessão sérvio, o goleirão batido. Um minuto depois, nova finalização, de Rodrygo, no chão, dessa vez Millinkovic salvou. Dois minutos depois, Fred disparou, novamente o goleiro salvou, evitando uma goleada. Aos 42’, Rodrygo tentou colocar, de longe, cobriu o0 gol. Martinelli no lugar de Raphinha.
Um soberbo segundo tempo do Brasil. Foram 23 finalizações brasileiras, apenas três da Sérvia. Precisa dizer mais? Um time coletivamente bem postado, resolvido e o brilho individual de Casemiro, Neymar, Raphinha (a despeito dos gols perdidos), Vini Jr e ... Richarlison, o artilheiro.
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Camaronês derrubou Camarões
Pelo mesmo Grupo G do Brasil, na manhã de quinta (24), a fechada Suíça ganhou de Camarões (1 x 0), com um gol no começo do segundo tempo feito pelo atacante Embolo (24 anos), naturalizado suíço mas nascido em Camarões. Escorou na pequena área um cruzamento de fundo, da direita, estufou as redes mas não comemorou, em respeito à pátria-mãe. Antes do jogo, a FIFA homenageou o grande ídolo camaronês Roger Milla, atacante artilheiro mais velho (aos 42 anos) a marcar um gol em Copas, ainda no século passado.
O jogo foi no Al Janoub, com claros nas arquibancadas e arbitragem argentina. Os africanos, em estocadas rápidas de contragolpes criaram as melhores chances da primeira etapa, exigindo boas intervenções do bom goleiro suíço Sommer. Na segunda etapa, depois do gol em cochilo de marcação dos camaroneses, os europeus se fecharam em ferrolho, como sabem bem fazer, suportando bem e explorando contragolpes; até podiam ter ampliado. A Suíça é a próxima adversária do Brasil, na segunda-feira, às 13h.
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Faltou o gol
Pelo Grupo H, às 10h, no Education City, com arbitragem francesa, Uruguai e Camarões não saíram do zero. Um Uruguai, do treinador Diego Alonso (substituto do professor Oscar Tabárez) envelhecido em campo – Suarez, Godin, Gimenez, Cavani – e, estranhamente, com o meia Arrascaeta no banco, nem entrou. De bom, o goleiro Rochet e o meia Valverde. A Coréia tem um bom goleiro, Kim’s, o zagueiro ídolo Him Min-Jae, capitão da equipe, e o atacante Son, que atuou de máscara e pareceu fora de ritmo.
Foi uma partida cautelosa, em princípio, muito tática, marcação cerrada e chances desperdiçadas de parte a parte. As duas melhores, um cabeçada de Godin no pé do poste direito de Kim’s, e um balaço de Valverde no encaixe da trave/travessão. Bem disputado, só faltou o gol. Esperávamos muito mais do Uruguai, mal escalado.
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Portugal estreia de boa
Pelo mesmo Grupo H, no começo da tarde, Portugal venceu bem (3 x 1), com todos os gols na segunda etapa, o time de Gana, do treinador Otto Addo, no Estádio 974. Foi uma primeira etapa ruim de ver, o time luso do sisudo técnico Fernando Santos, 68 anos, cheio de estrelas mas sem inspiração em campo. Fica sempre a impressão de que Portugal joga coletivamente melhor sem Cristiano Ronaldo, já em fim de carreira e marrento como nunca.
O segundo tempo foi mais acelerado e pegado. Os gols começaram a sair quando, por volta dos 17 minutos, o CR-7 invadiu a área, dividiu com o zagueiro, que foi claramente na bola, e caiu. O árbitro nem consultou o VAR, marcou o pênalti, muito discutível, bem ‘mandrake’.
- Gol! 1 x 0, Cristiano bateu forte a penalidade, sem apelação. Aos 20’.
O castigo veio logo depois, aos 27’, após vacilo em saída de bola dos portguêses, que o camisa 10 Ayew não perdoou, empatando – 1 x 1.
Dai, o treinador ganês, não se sabe bem o porquê, decidiu retirar, substituir Ayew, e ele ainda comemorava o gol de empate com os companheiros quando, depois de um passe errado no meio campo, João Félix foi lançado em velocidade pela direita, no contragolpe, e bateu com classe na saída do goleirão de Gana, virando – 2 x 1.
Esquentou, e novamente a defensiva ganesa vacilou numa saída de bola, o CR-7 achou Rafael Leão entrando livre pela esquerda, chute fatal – 3 x 1. Gana ainda diminuiu, aos 43’, numa cabeçada de Bukari, a defesa lusa pastando.
Final, 3 x 2 Portugal, um animado baba no final. Pelo valores individuais que possui, esperávamos mais futebol dos gajos irmãos ‘portuga’.
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Nesta sexta, dia 25, começa a segunda rodada da fase classificatória, com os seguintes jogos:
- às 7 h, no Ahmad Bin Ali, pelo Grupo B: País de Gales x Irã.
- às 10h, no Al Thumama, pelo Grupo A: Catar x Senegal
- às 13h, no Khalifa International, Grupo A: Holanda x Equador
- às 16h, no AL Bayt, pelo Grupo B: Inglaterra x EUA.