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Zé de Jesus Barrêto

A PELOTA DO ANO QUE FINDA e o craque Tostão

No Bahia o melhor foi o artilheiro Kieza. Impressionou a técnica de Pittoni em alguns jogos, mas o paraguaio caiu em desgraça perante diretores e treinadores do clube e perdeu a posição
26/12/2015 às 21:39
“O que procuramos no futebol é o drama, a tragédia, o horror, a compaixão”

   (Nelson Rodrigues)

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 Pé na bola

  Chega ao fim  2015. Fim de ano, a bola só rola na Inglaterra, onde nasceu no séc XIX  o futebol como ainda hoje se joga pelo planeta. Pelaqui no Brasil a bola não quica. É férias e as equipes estão se reformulando para a temporada 2016.

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  No âmbito Nacional o Corínthians foi o melhor, é o campeão brasileiro, graças ao trabalho do treinador Tite, o melhor que temos, e de jogadores medianos e eficientes como Renato Augusto, Jadson, Elias, Gil...      Gostei muito de ver alguns jogos do jovem Santos de Lucas, Ricardo Oliveira, Gabi Gol... 

  Sim, tivemos bons jogos, bem disputados e bom de apreciar, na série A e até na série B, mas a maioria das partidas que vi nas arquibancadas ou pela tevê foram babas de amargar. Muitas faltas, jogos truncados, cheios de simulações, chutões, passes errados...   E a falta do craque, do jogador que desequilibra, muda o rumo dos jogos com inteligência e habilidade, técnica.  Isso foi raro.

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  BA VI

  Na Bahia, o tricolor foi superior no primeiro semestre, campeão baiano, atuando de modo diferente, atacando sempre e marcando na frente, goleando. No segundo semestre entrou água no barco tricolor e a equipe se desencontrou totalmente, caiu de produção e não conseguiu sair da famigerada Série B para desalento do devotado torcedor.  De positivo, dizem, deu-se o equilíbrio financeiro e administrativo do clube, conseguido pela nova diretoria eleita pela primeira vez na história do clube de forma democrática.  Mas a galera gosta mesmo é de conquistas e bola na rede. 

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   O Vitória fez o caminho inverso. Começou muito mal o ano, perdeu tudo no primeiro semestre, mas conseguiu, sob o comando técnico de Mancini, dar a volta por cima no segundo semestre e classificou-se entre os quatro melhores da segundona, mesmo sem jogar essa bola toda: vai disputar a Série A em 2016.  Promessa de bons jogos. 


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   Podemos creditar a subida do rubro-negro a atuações destacadas dos goleiros, Gatito e F. Miguel, dos eficientes laterais Diego e Diogo, dos meio-campistas  Pedro Ken e Escudero (o mais técnico da equipe) e do incansável Rhayner. 

   No Bahia o melhor foi o artilheiro Kieza. Impressionou a técnica de Pittoni em alguns jogos, mas o paraguaio caiu em desgraça perante diretores e treinadores do clube e perdeu a posição. A equipe caiu sem ele e também sem pernas, sem vontade. 

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  Novidades?

   Para 2016, o Vitória já admitiu a perda de Escudero e Rhayner, e continua tentando renovar com atletas que se destacaram este ano  para manter uma base e encarar a nova temporada a partir de janeiro.  Dizem que a grana anda curta pelas bandas da Toca do Leão. O torcedor  está sim  apreensivo, mas o clube  conta com bons valores que estão subindo das divisões de base. Na meninada, o futuro. 

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  Já o tricolor, sacudindo a poeira, tenta dar a volta por cima anunciando a contratação de dois atacantes conhecidos como reforços: o centroavante Hernane, o ‘brocador’, 29 anos, nascido em Bom Jesus da Lapa e com boa passagem pelo Flamengo, e o avante velocista Luizinho, 26 anos, nascido no Sul, que foi destaque este ano  no Santa Cruz (PE).  Doriva é o novo treinador e devem ser anunciadas novas contratações até janeiro.  O torcedor acompanha, até gosta, mas está cabreiro. 

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  Seleção

  O ano foi de altos e baixos  para a seleção de Dunga.  Bons jogos amistosos e um fracasso retumbante na Copa América.  Nesse ritmo, trupicante, começou a campanha das Eliminatórias pra Copa do Mundo 2018, na Rússia. Perdeu do Chile, ganhou de Venezuela e Peru (em casa) e empatou com uma Argentina bem desfalcada, em Buenos Aires.

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 Neymar, nosso craque maior, ídolo no Barcelona, hoje entre os três melhores do mundo, ainda não jogou o que sabe e o que se espera dele com a camisa canarinho, sobretudo em competições oficiais, pra valer. 

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   Aula

“Muitos confundem habilidade, técnica, criatividade e talento. A habilidade é a capacidade de dominar, driblar e criar efeitos especiais em pequenos espaços, sem perder a bola. A técnica é a lucidez na decisão do lance e a execução bem feita dos fundamentos da posição. A criatividade é a antevisão do lance, a imaginação para inventar e surpreender. O talento é a união, a síntese de tudo isso, além das boas condições físicas e emocionais.  Os craques possuem, em proporções variáveis para cada um, todas essas virtudes”

(Tostão, que foi craque de bola e hoje é craque também da escrita esportiva) 

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Uma feliz virada de ano para todos !