No Bahia o melhor foi o artilheiro Kieza. Impressionou a técnica de Pittoni em alguns jogos, mas o paraguaio caiu em desgraça perante diretores e treinadores do clube e perdeu a posição
“O que procuramos no futebol é o drama, a tragédia, o horror, a compaixão”
(Nelson Rodrigues)
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Pé na bola
Chega ao fim 2015. Fim de ano, a bola só rola na Inglaterra, onde nasceu no séc XIX o futebol como ainda hoje se joga pelo planeta. Pelaqui no Brasil a bola não quica. É férias e as equipes estão se reformulando para a temporada 2016.
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No âmbito Nacional o Corínthians foi o melhor, é o campeão brasileiro, graças ao trabalho do treinador Tite, o melhor que temos, e de jogadores medianos e eficientes como Renato Augusto, Jadson, Elias, Gil... Gostei muito de ver alguns jogos do jovem Santos de Lucas, Ricardo Oliveira, Gabi Gol...
Sim, tivemos bons jogos, bem disputados e bom de apreciar, na série A e até na série B, mas a maioria das partidas que vi nas arquibancadas ou pela tevê foram babas de amargar. Muitas faltas, jogos truncados, cheios de simulações, chutões, passes errados... E a falta do craque, do jogador que desequilibra, muda o rumo dos jogos com inteligência e habilidade, técnica. Isso foi raro.
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BA VI
Na Bahia, o tricolor foi superior no primeiro semestre, campeão baiano, atuando de modo diferente, atacando sempre e marcando na frente, goleando. No segundo semestre entrou água no barco tricolor e a equipe se desencontrou totalmente, caiu de produção e não conseguiu sair da famigerada Série B para desalento do devotado torcedor. De positivo, dizem, deu-se o equilíbrio financeiro e administrativo do clube, conseguido pela nova diretoria eleita pela primeira vez na história do clube de forma democrática. Mas a galera gosta mesmo é de conquistas e bola na rede.
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O Vitória fez o caminho inverso. Começou muito mal o ano, perdeu tudo no primeiro semestre, mas conseguiu, sob o comando técnico de Mancini, dar a volta por cima no segundo semestre e classificou-se entre os quatro melhores da segundona, mesmo sem jogar essa bola toda: vai disputar a Série A em 2016. Promessa de bons jogos.
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Podemos creditar a subida do rubro-negro a atuações destacadas dos goleiros, Gatito e F. Miguel, dos eficientes laterais Diego e Diogo, dos meio-campistas Pedro Ken e Escudero (o mais técnico da equipe) e do incansável Rhayner.
No Bahia o melhor foi o artilheiro Kieza. Impressionou a técnica de Pittoni em alguns jogos, mas o paraguaio caiu em desgraça perante diretores e treinadores do clube e perdeu a posição. A equipe caiu sem ele e também sem pernas, sem vontade.
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Novidades?
Para 2016, o Vitória já admitiu a perda de Escudero e Rhayner, e continua tentando renovar com atletas que se destacaram este ano para manter uma base e encarar a nova temporada a partir de janeiro. Dizem que a grana anda curta pelas bandas da Toca do Leão. O torcedor está sim apreensivo, mas o clube conta com bons valores que estão subindo das divisões de base. Na meninada, o futuro.
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Já o tricolor, sacudindo a poeira, tenta dar a volta por cima anunciando a contratação de dois atacantes conhecidos como reforços: o centroavante Hernane, o ‘brocador’, 29 anos, nascido em Bom Jesus da Lapa e com boa passagem pelo Flamengo, e o avante velocista Luizinho, 26 anos, nascido no Sul, que foi destaque este ano no Santa Cruz (PE). Doriva é o novo treinador e devem ser anunciadas novas contratações até janeiro. O torcedor acompanha, até gosta, mas está cabreiro.
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Seleção
O ano foi de altos e baixos para a seleção de Dunga. Bons jogos amistosos e um fracasso retumbante na Copa América. Nesse ritmo, trupicante, começou a campanha das Eliminatórias pra Copa do Mundo 2018, na Rússia. Perdeu do Chile, ganhou de Venezuela e Peru (em casa) e empatou com uma Argentina bem desfalcada, em Buenos Aires.
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Neymar, nosso craque maior, ídolo no Barcelona, hoje entre os três melhores do mundo, ainda não jogou o que sabe e o que se espera dele com a camisa canarinho, sobretudo em competições oficiais, pra valer.
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Aula
“Muitos confundem habilidade, técnica, criatividade e talento. A habilidade é a capacidade de dominar, driblar e criar efeitos especiais em pequenos espaços, sem perder a bola. A técnica é a lucidez na decisão do lance e a execução bem feita dos fundamentos da posição. A criatividade é a antevisão do lance, a imaginação para inventar e surpreender. O talento é a união, a síntese de tudo isso, além das boas condições físicas e emocionais. Os craques possuem, em proporções variáveis para cada um, todas essas virtudes”
(Tostão, que foi craque de bola e hoje é craque também da escrita esportiva)
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Uma feliz virada de ano para todos !