Colunistas / Esportes
Zé de Jesus Barrêto

ALEMANHA campeã, uma exemplo do futebol moderno

Poucos jogadores merecem uma nova chance na seleção
14/07/2014 às 10:56
Resenha (capítulofinal):
Alemanha é Campeã do Mundo.

O quarto título mundial do futebol alemão foi conquistado no Maracanã (RJ), 1 x 0 sobre a Argentina de Lionel Messi, com um gol do garoto Goetze (21 anos) aos 7 minutos da segunda etapa de uma prorrogação, após um jogo duríssimo. Resultado justo, venceu a melhor equipe em campo na partida e em toda a competição.

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Vitória da organização, do planejamento, da inteligência, do jogo coletivo que prioriza a posse de bola e a ocupação dos espaços em campo, vitória do melhor preparo atlético, mental, e da aplicação tática de todos da equipe. Enfim, conquista que coroou um grande projeto de renovação do futebol alemão iniciado há 12 anos e que vem reformulando a forma de pensar e de jogar o futebol desde a formação dos atletas, ainda crianças, nas divisões de base dos clubes. E, como conseqüência, na seleção nacional. Um exemplo.

Miremo-nos no trabalho de renovação que eles fizeram. 
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E que festa bonita, tão brasileira em alegria e comportamento, fizeram os atletas alemães ao receberem o troféu de ouro. Partilhando o troféu, um a um, levando-o à torcida, pondo-o no gramado e fazendo uma roda de dança em torno como os ensinaram os índios Pataxó do sul da Bahia, onde a delegação campeã ficou hospedada e integrou-se à comunidade local com simplicidade e sabedoria, sem alardes. Abrasileirando-se, abaianando-se, integrando-se ao clima e a cultura da nação onde ganharam força, o Axé para a grande conquista da Copa, da quarta estrela dourada na camisa. 

Parabéns Alemanha! Agradeçamos também pelas lições de boas maneiras e de organização, gestos e coisas de que tanto precisamos. 
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O jogo

Os ‘hermanos’ argentinos venderam caro, não deram mole como ‘nosostros’, dias passados. Jogaram fechadinhos, com uma linha de quatro zagueiros, mais três apoiadores marcadores pegando justo no meio campo, Messi flutuando, puxando os contragolpes e o centroavante Higuaín mais à frente, acossando a zaga adversária. A tática era roubar a bola e enfiar rápido, nas costas da robusta zaga alemã, explorando a velocidade de Lavezzi e a habilidade de Messi. E numa chance, num erro do adversário, decidir. A equipe alemã sempre no seu estilo de posse e toque de bola, tentando a tabela, o passe profundo no tempo certo, os contragolpes pelas laterais do campo. 

Mas foram poucas as chances de gol. Na primeira etapa, após um erro raro de passe no meio campo germânico, Higuaín ficou livre e de cara para Neuer mas bateu mal da bola, para fora. Já virando a página, após cobrança de um escanteio, o lateral alemão Howedes testou na trave. O primeiro tempo ficou no quase. 

O treinador Sabella voltou para a segunda etapa com o esperto e aguerrido Aguero em lugar no veloz Lavezzi e tentou surpreender no início. Messi, numa das poucas chances que teve, logo aos 2 minutos, não conseguiu vencer Neuer. A partida ficou mais aberta, lá e cá, disputada palmo a palmo de campo. Aos 36’, Kroos, livre e de frente, perdeu a chance de abrir o placar, a essa altura com os jogadores latinos já demonstrando mais cansaço em campo. 

A Alemanha parecia mais inteira para a prorrogação. Apertou desde o início e quase marca, mas foi Palácios quem desfrutou da melhor chance: ele e Neuer, cara a cara, e o argentino perdeu. Aos 7 da segunda etapa, Shuerlle puxou um contragolpe pela beirada esquerda do campo e cruzou, achando o garoto Goetze livre, na entrada da pequena área; ele amaciou a pelota no peito, com categoria, e sem deixar cair bateu desviando do goleirão Romero, decidindo o título. 

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Destaques:

Que jogo deslumbrante fez o meiocampista alemão Schweinsteiger ! Desarmou, marcou, distribuiu, lançou, orientou, tomou conta do meio campo com elegância, técnica, liderança ... Show, aula de bola! Foi, disparado, o melhor em campo. Aliás, já tinha feito um jogo assombroso contra o Brasil, lembram-se ? Um dos melhores do mundo, dos grandes dessa Copa! 

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Messi, a grande esperança de um milagre do Papa Chico argentino, voltou a jogar bem, mas sem brilho, sem grandes e decisivos lampejos, bem marcado, às vezes sumido em campo, aparentando não estar no melhor de suas condições atléticas. Mais uma vez dobrou-se e vomitou no gramado. Que passa com ‘la pulga’? A Fifa deu para ele o troféu de melhor jogador da Copa. Não, não foi. Jogou tanto quanto Neymar... e olhe lá. 

Para mim, o melhor da Copa, pelo que fez em todos os jogos, foi Robben, da Holanda. 
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Pipoquinhas:

- Animadinho, colorido e bem carioca o show de encerramento com Carlinhos Brown, Ivete, Alexandre Pires, Mc Xis, Shakira, o guitarrista Santana e a bateria da Grande Rio. Nada mais.

- O casal Puyol e Gisele Bundchen, elegantíssimo, trouxe o troféu até o gramado do Maracanã, sob aplausos das arquibancadas. 

- No camarote de honra das autoridades, a presidente Dilma, com ar de assustada, ao lado de Angela Merkel (a chanceler da Alemanha), do presidente da Alemanha, da Rússia, da China, da África do Sul ... entre outros chefes de estado, mais a direção da Fifa, ex-jogadores etc ... (Pelé mostrou a cara também). 

- A platéia ensaiou uma vaia quando apareceu no telão a cara da presidente Dilma que, pra coisa não ficar feia, mal repassou às pressas o troféu das mãos do presidente da Fifa para as do capitão Lahm, da Alemanha, sem um olhar, sem um gesto a mais, como se ‘o dourado’ estivesse em brasas. Vapt-vupt, melhor assim, tamos conversados, papel cumprido, té logo, aquele abraço, ufa!. 

Afinal, a festa era toda dos alemães. Até o Redentor estava vestido de vermelho, amarelo e preto sob uma lua deslumbrante. 
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Minha seleção da Copa: 

Neuer (Alemanha), Cuadrado ( Colômbia), Godin (Uruguai), Hummels (Alemanha) e Blind (Holanda); Pirlo (Itália), Schweinsteiger (Alemanha), Pogba (França) e James Rodrigues (Colômbia), Messi (Argentina) e Robben (Holanda). Neymar poderia entrar bem aí nesse time, revezando com James ou com Messi, não ? - Treinador : Sampaoli (Chile).

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Jogadores brasileiros que merecem chance:

Vitor (goleiro, que não jogou), David Luiz (corrigido os alopramentos), Marcelo, Oscar e Neymar. Integrem-se : Lucas e Ganso. 
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Frases para reflexão: 

- “O Presidente da CBF, José Marin, é ladrão de medalha, de energia, de terreno público e apoiador da ditadura” (Romário, ex-craque artilheiro e agora deputado)
- “ A CBF é uma ditadura arrogante. O José Maria Marin, presidente da entidade, não estava nem aqui quando o Brasil perdeu para a Alemanha. Ele é um covarde e deixou Felipão assumir sozinho. A CBF é uma máfia, uma ditadura que tem de acabar. Espero que esse derrota sirva para jogar a CBF para ... Nem sei pra onde !” (Henrik Brandão Jonsson, jornalista e escritor sueco, estudioso do futebol brasileiro)

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É hora de se repensar o futebol brasileiro, de cima a baixo. Das divisões de bases, a formação e exportação de jogadores, às competições nacionais, o jeito de jogar em campo, treinadores, e , sobretudo, nossas entidades e seus dirigentes. Reformulação geral, já ! 
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