Ministro Aldo Rebelo tenta politizar a Copa e criticar a imprensa num velho e manjado chavão utilizado pelo PT e PCdoB
Resenhando:
- Constatações de pesquisas quentinhas/Datafolha: Menos de 50% dos brasileiros aprovam a Copa do Mundo; e para mais de 55% a realização da copa no Brasil trará prejuízos para o povo.
Esses números refletem o desgosto com tantas promessas feitas há 7 anos e não cumpridas; a falta de investimento no básico e o tal ‘legado’ mentiroso, enganador; os altos custos e ladroeiras com a construção das arenas, algumas sem serventia nem necessidades; as contas a pagar pós-copa; e também é resultado da negligência ou incompetência na comunicação. Destaco aí o discurso atabalhoado do m(s)inistro Aldo Rebelo, as rusgas e vaivens entre o governo X FIFA e ainda o distanciamento da presidente Dilma, que não é bem chegada a bola.
- Pra se ter uma ideia, as obras em seis aeroportos de cidades que sediarão jogos nem de perto estarão concluídas, só bem depois que a copa passar. Serão? Em Salvador, por determinação do governo, as obras foram suspensas. Em Viracopos /SP, onde desembarcarão sete seleções (Portugal, Japão, Rússia, Nigéria, Hunduras e Costa do Marfim), falam em no mínimo dois meses de atraso no cronograma. E ‘vamo que vamo’, no ‘padrão Brazil’, de qualidade infame porém custosa, padrão chancelado pelo m(s)inistro Rebelo.
- Tomou posse no comando do IIº Distrito Naval, em Salvador, o vice-almirante Luiz Henrique Caroli, que tem o desafio de coordenar as ações das Forças Armadas responsáveis pelo esquema de segurança durante a Copa, na Bahia e Sergipe. O esquemão entra em funcionamento no dia 23 de maio, quando começam a chegar as delegações.
Só das Forças Armadas são 2.274 homens, que cuidarão de varreduras em estádios, hotéis e centros de treinamento, defesa cibernética, controle do espaço aéreo e da área marítima, fiscalização de explosivos etc. O governo investiu pesado na compra de equipamentos, tipo máscaras, vestimentas e armas sofisticadas. Haja treinamento e preparativos para ‘batalhas’ de rua. Impressionante! Deus’pai!
- O que jornais e revistas do planeta têm veiculado sobre o Brasil, com enfoque na Copa, é de arrepiar. Pior, tudo verdades verdadeiras que bem sabemos mas, por interesses variados que vão da política eleitoreira a negócios, passando por um orgulho de ‘m’, tentamos esconder, disfarçar.
A questão da segurança é o maior temor. Tanto que grupos de torcedores virão ao Brasil com seguranças e serão protegidos por policiais de seus respectivos países, em solo brasileiro. Onde já se viu isso ?
- Semana passada, num congresso de jornalistas realizado em Maceió, o m(s)inistro Aldo Rebelo saiu com mais essa: “Acho que a Copa tem uma maldição nata: Ela foi trazida pelo presidente que não é aceito até hoje por setores da sociedade, que é o Lula... Como todo evento, ele vem marcado pelas disputas políticas, ideológicas, eleitorais... Por exemplo: criou-se a ideia na imprensa conservadora, que a Copa é desperdício de dinheiro público, desvio de recursos da educação e saúde e que não fica legado...
Para ele, o Aldo, apenas a imprensa é contrária a realização do mundial: "As organizações partidárias mais importantes, do governo e da oposição, apoiam. As organizações sindicais mais importantes apoiam. As Igrejas do papa e evangélicas apoiam. A única força relevante que mantém acesa uma campanha contra a Copa é a imprensa". Francamente! Dá para levar a sério esse senhor Rebelo? Alopradérrimo!
- Paulo André, zagueiro, um dos líderes do Bom Senso FC, ex-corínthians, hoje atuando na China, em entrevista ao repórter Cosme Rimoli: - O futebol brasileiro está quebrado... A Copa do mundo deixará estádios lindos que foram construídos com muito dinheiro público. A manutenção desses estádios é uma incógnita. Os gastos foram absurdos e abusivos, nenhuma cidade-sede entregará o que prometeu. Os legados sociais e esportivos são mínimos para a sociedade. Ou seja, não muda nada. Deixamos o bonde da história passar. Quanto ao resultado da Seleção, torço pelos jogadores. Eles receberão uma pressão absurda. Espero que tenham discernimento e suportem bem essa cobrança para que consigam fazer grandes jogos.
- Caiu uma tromba d’água no fim de semana no município de Santa Cruz Cabrália, no Sul da Bahia, que ficou em estado de calamidade. O rio João de Tiba transbordou e, com a maré alta, causou estragos, soterrando e inundando casas, deixando cerca de 900 pessoas ao desabrigo. O toró atingiu o distrito de Santo André, onde os alemães estão construindo seu moderno CT (com campos de treinamentos e alojamentos) para a Copa. O prejú ainda não foi devidamente avaliado, mas há riscos de atraso nas obras, até porque as estradas que dão acesso ao município foram danificadas.
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Feriadões: As repartições públicas federais terão ‘meio turno’ nos dias dos jogos da seleção brasileira. Trabalho só pela manhã, até as 12h30. Na primeira fase, o time de Felipão joga duas vezes às 17h, contra Croácia e Camarões, e uma às 16h, diante do México.
Na Bahia, estado e município/capital Salvador, foi decretado ponto facultativo nos dias em que os jogos aconteçam às 13 h (dias 18 e 25 de junho). Nos dias 13 e 20 de junho, 1º e 5 de julho, em que as partidas começam às 16h ou 17h, o expediente será até o meio-dia. Nos dias de jogos da seleção brasileira, turnão até 14h. A intenção é minorar os congestionamentos e facilitar as ações de segurança contra possíveis manifestações de rua.
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Historiando :
- A segunda Copa do Mundo, realizada em 1934, aconteceu na Itália, por força do crescente fascismo no país e o empenho do ‘Duce’ Benito Mussolini, que criou impostos, arrecadou muito dinheiro do povo e mandou construir três novos estádios – Turim, Nápoles e Trieste – além de reformar outros para abrigar o evento. A ideia era mostrar ao mundo uma ‘nova Itália’ forte, fundamentada num nacionalismo fanático.
- Á época, o Brasil não chegara aos 40 milhões de habitantes. Um país rural, saindo de uma retrógrada República Velha, ‘café com leite’, com a aristocracia de SP e MG dando as cartas. Minas era o estado mais populoso e o Rio de Janeiro nossa maior cidade, a capital do país. As músicas mais tocadas em nossas emissoras de rádio eram ‘Agora é Cinzas’, com Mário Reis, ‘Na batucada da Vida’, com Carmem Miranda e a até hoje cantada ‘Cidade Maravilhosa’, um hino ao Rio. O livro daquele momento era o recém-lançado ‘Casa Grande & Senzala’, leitura desbravadora sobre a formação do país, escrito pelo sociólogo pernambucano Gilberto Freire, um clássico ainda hoje.
- O gaúcho Getúlio Vargas tomara o poder, na tora, em 1930 e governava de modo provisório de ‘de com força’, desde então. Em julho de 1934, através de ardilosas manobras popúlistas, foi eleito presidente da República por uma Assembléia Constituinte.
- No âmbito do futebol, a bagunça continuava. Com duas federações em litígio - a CBD , amadora e a FBF, que pregava a profissionalização do esporte -, fomos para a Europa sem os nossos melhores atletas, com uma seleção bem carioca enxertada com uns quatro jogadores de outros estados. O grande astro Friedenreich ficou mais uma vez de fora, dessa vez envolvido com política desde a revolução constitucionalista de 1932, em São Paulo, quando pegou em armas. O fenomenal zagueiro Domingos da Guia, que fora jogar no Uruguai no ano anterior á Copa, não foi liberado pelo Nacional de Montevidéu para defender o Brasil.
- Assim, nossos melhores jogadores na Copa de 34 eram o atacante Patesko, que também atuava no Uruguai, o garoto revelação do Vasco (20 anos) Leônidas da Silva e o meia-atacante Waldemar de Brito, que, bem mais tarde, seria o descobridor do menino Pelé.
- O Uruguai, então Campeão do Mundo, recusou-se a viajar para o Velho Mundo, retaliando os europeus que não tinham ido a Montevideu em 1930 disputar a primeira copa. A Inglaterra, de birra com a FIFA (francesa), também ficou de fora.
- Como os jogos da oitavas de final daquela copa eram eliminatórios, o Brasil fez apenas uma partida, contra a Espanha, e levou 3 x 1; os três gols espanhóis em 30 minutos do primeiro tempo. Era a primeira vez que jogávamos na Europa. Na segunda etapa, mais aclimatados, até mostramos algum estilo diferente de jogo, com um gol de Leônidas, aos 11 minutos, e o Waldemar de Brito perdendo um pênalti para defesa do goleiro Zamora, um mito.
- O Espanha x Brasil aconteceu no dia 27 de maio, um domingo, em Gênova, e começou por volta das 12h30, horário brasileiro, mas só ficamos sabendo do resultado via telégrafo, já no começo da noite. Foi a pior campanha brasileira em copas do mundo.
- A Itália, favorecida por arbitragens escancaradamente pro-fascistas, ganhou o título, para delírio de Mussolini e seu seguidores, os ‘camisas negras’. Na equipe campeã estava um brasileiro, o ponta direita Filó, de mãe italiana, que surgiu no Corínthians e foi atuar na Lazio de Roma em 1931. Na final, os donos da casa venceram a Tchecoslováquia por 2 x 1, na prorrogação, com bandeiras italianas misturando-se a suásticas nazistas, um agrado e desagravo a Alemanha de Hitler que fora derrotada nas semifinais pelos Tchecos, 3 x 1. O nazi-fascismo se alastrava então na Europa, para assombro de muitos.
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- No mais, preparemos as oiças e a mente para agüentar o bombardeio, via rádio, tevê e caixas acústicas de todos os naipes do chamado ‘ Tema da Copa’ – daquelas musiquinhas chatas pra cacête, com letrinha chulé, levada pela manjada batida forte e alegrosa. Ah, o nome? “We are One’, uma espécie de ‘Olê, Olá!’, com vocais de um rapper americano e de origem cubana, um tal Pitbull, mais a portoriquenha-americana Jeniffer Lopes e ainda, diga lá, a ‘arroz de festa’ Claudinha Leite. Digam-me , dá pra suportar isso até julho pelos orifícios auriculares?