Do ex-craque campeão do mundo Rivaldo, sobre a Copa do Mundo 2014 no Brasil: “Acho que vamos passar vergonha”
Fim de semana movimentado, com rodadas do campeonato baiano e também da Copa do Nordeste, onde estão as duas maiores forças do nosso futebol, a dupla Ba Vi.
O Bahia, que até agora perdeu uma e empatou outra, está na lanterna de seu grupo, recebe o Vitória da Conquista na Arena Fonte Nova, sábado, 18h30m. O Vitória, que obteve um belo triunfo no meio da semana jogando fora de casa e atuando com um time de garotos, vai jogar no domingo, em Aracaju, contra o Sergipe, às 16 hs.
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Bahia quer sair
da lanterninha
Do lado do Bahia, há a expectativa do torcedor pela estréia do meiocampista paraguaio Pittoni e, quiçá, do atacante argentino Maxi Biancucchi, esperança de gols. Mal fisicamente, a equipe não tem tempo de treinar, pela sequência de jogos, e o técnico Marquinhos Santos tem de ajustar a equipe em campo, nos jogos, sob a pressão do torcedor que quer triunfos, não admite ficar fora da competição logo nessa primeira fase. O time é o último colocado (lanterna) do grupo na competição.
Até agora, dos contratados que estrearam, apenas Rahynner, Branquinho e Diego Felipe mostraram alguma qualidade, mas longe de encher os olhos.
Na sexta, a diretoria anunciou a contratação do centroavante Sebá, chileno, jogador de área, finalizador.
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Garotada quer espaço
No Vitória, Ney Franco surpreendeu, no meio da semana, escalando uma equipe de jovens das divisões de base e, com eles, conseguiu um belo triunfo (3 x 1) em Carmópolis, interior de Sergipe, contra o Confiança. O treinador gostou tanto que pretende atuar em Aracajú, contra o Sergipe, domingo, com uma equipe mesclada de titulares, agora mais descansados e mais condicionados fisicamente, e a meninada, ávida em aparecer. Um bom caminho.
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A Copa tá nas bocas
Do ex-craque campeão do mundo Rivaldo, sobre a Copa do Mundo 2014 no Brasil: “Acho que vamos passar vergonha”. Não se refere ao que pode acontecer em campo, bola rolando, mas do lado de fora.
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Dos estádios ‘arenas’ para Copa, sete estão prontos e inaugurados. O último foi a Arena das Dunas, em Natal, que tem capacidade para 32 mil pessoas (dizem que na Copa poderá receber, com instalações móveis, até 42 mil) e vai acolher quatro partidas da fase inicial de grupos. Foram 29 meses de obras, até ficar pronto, com financiamento de 417 mil reais, do BNDES.
Restam ainda cinco ‘arenas’, em obras que se atrasam: em Curitiba, São Paulo (o Itaquerão), Porto Alegre, Manaus e Cuiabá. Vai ser um corre-corre e mais dinheiro frouxo para que estejam prontos em tempo e a Fifa, as seleções possam garantir o planejamento feito.
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Mais difícil é a situação de aeroportos, país afora. Prometeram reformas, ampliação, modernização, mas...
Em Salvador começaram apenas uma reforma meia-boca de melhoria de instalações elétricas, sanitárias, área de check-ins, esteiras etc... Entretanto, diante da leseira geral e dos transtornos já vistos no verão, às vésperas do carnaval, o ministro (Aviação Civil) Moreira Franco, após vistoria, mandou suspender as obras, que só serão retomadas após a Copa. Dá pra entender?
Em Fortaleza a coisa é ainda pior. Lá pretendem montar um cacete armado com pré-moldados e lona para que a vergonheira no atendimento não seja ainda mais alarmante. Brasília, São Paulo, Rio ... nossos aeroportos não têm o tal padrão FIFA. Muito foi prometido, porém.
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E têm ainda as questões da segurança pública, que dá arrepios só de pensar no que pode acontecer no mês da Copa (12 de junho a 13 de julho), da mobilidade urbana (cadê os metrôs, os trens, os VLts, as avenidas, os transportes de massa prometidos?), serviços, comunicações...
Vamos ter vexames, sim. Rivaldo tem razão. E os tais legados, tão badalados, cadê, onde estão ?
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Falcão Garcia, atacante, artilheiro, jogador do Monaco (França), principal estrela da seleção colombiana está fora da Copa do Mundo. Estourou os ligamentos do joelho numa disputa de bola tola com um atleta de um time da quarta divisão do futebol francês. Seis meses de molho, é a previsão. Um pena, menos um craque a ser visto. Os colombianos choram. Na Europa, tem muito craque tirando a perninha das divididas, já de olho na Copa. Ninguém quer ficar de fora do grande espetáculo.
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A grana roxa dos treineiros
Pra quem não sabe, o treinador da seleção brasileira, Felipe Scolari, é o segundo mais bem pago do planeta, com um salário ( salário ?) de 4,5 milhões de euros/ano. Mais do que o Felipão ganha apenas o italiano Fábio Capello, treinador da Rússia, 7 milhões de euros/ano. Felipão recebe por ano muito mais que Vicente Del Bosque, o técnico da Espanha, atual Campeã do Mundo e bi-campeã europeia, com 2,1 milhões de euros.
E o Parreira, supervisor e auxiliar de Felipão, quanto receberia? É bem possível que juntando a grana dos dois brasileiros, o italiano Capello fique para trás. Capello assinou contrato com a Rússia em 2012 e ao fim da Copa do Mundo no Brasil terá arrecadado 14 milhões de euros à frente de uma seleção que não aparece como uma das favoritas. Os russos emergentes estão cheios da grana, como parece também estar esbanjando dinheiro a nossa CBF, benza deus, entidade ‘misteriosa’ e milionária, num país imerso em problemas estruturais, sociais, humanos e que cresce a um pibinho de 2% ao ano.
Sabemos que a responsabilidade de vencer o título dentro de casa é imensa, as cobranças e pressões são ainda maiores. Mas, pensando bem, a dupla Felipão/Parreira está ganhando muito dinheiro para agüentar o tranco com bom humor, rindo pelos bolsos. O povão amante do futebol vai cobrar e as ruas também.
Só completando a informação, a lista dos 10 treinadores mais bem pagos das seleções que estarão na Copa do Mundo do Brasil, pela ordem, é a seguinte:
Fábio Capello (Rússia), 7 milhões de euros/ano; Luis Felipe Scolari (Brasil), 4,5 milhões; Hoy Hodgson (Inglaterra), 4 milhões; Cesare Prandelli (Itália), 3 milhões; Ottmar Hitzfeld (Suíça), 2,6 milhões; Joachim Löw (Alemanha), 2,5 milhões; Del Bosque (Espanha), 2,1 milhões; Van Gaal (Holanda), 1,9 milhões; Paulo Bento (Portugal), 1,5 milhões e Didier Deschamps (França), é o décimo mais bem pago, com 1,2 milhões de euros/ano.
Aqui pra nós, são quantias que a grande maioria da população brasileira nem sabe avaliar o que significam, que valores têm. Ou seja, a tensão é grande mas a ‘baba’ é boa.