Movimentos de ruas podem ser um tormento na Copa do Mundo 2014
Entramos na reta final do Brasileirão 2013, restam nove decisivas rodadas, e a dupla Ba Vi tem pela frente dois horizontes distintos. O Vitória mira com todas as suas forças uma vaga na Libertadores das América, façanha inédita na história do clube. Já o Bahia foca, mais uma vez, em não cair para a segundona, num ano difícil, cheio de graves problemas administrativos fora de campo.
O rubronegro encara neste domingo a Portuguesa, a Lusa do Canindé, em São Paulo. O time baiano é o quinto colocado, com 43 pontos ganhos, e a Portuguesa anda pela meiúca, longe dos primeiros mas mantendo-se distante da zona de rebaixamento. A Lusa vem jogando bem em casa e tem um centroavante perigoso, o Gilberto.
O Vitória ganha e convence no Barradão mas nem sempre joga bem fora de casa. Vai ser um jogo duro. Ao rubronegro cabe lutar pelos três pontos se quiser realmente sonhar com a Libertadores. O time ganhou corpo e estabilidade sob o comando de Ney Franco, como mostrou no meio da semana derrotando o Botafoigo do Rio. Marquinhos e Escudero têm sido os destaques.
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Já o Bahia tem um jogo de vida ou morte (todos serão assim daqui por diante) contra o São Paulo, na Fonte Nova, no mesmo domingo. O tricolor alterna boas e mas partidas. Jogou mal contra o Goiás (levou 3 x 1 ) e jogou bem contra o Flamengo (perdeu por 2 x 1) , mas não somou pontos porque tomou gols em vacilos defensivos inaceitáveis. A partida contra o time paulista vai ser difícil, porque o São Paulo cresceu muito com a chegada de Murici Ramalho ao comando da equipe. Até Ganso voltou a jogar bem e o time vem se recuperando jogo após jogo. AO tricolor baiano resta jogar com a mesma determinação tática de como atuou contra o Vitória (e até contra o Flamengo) e, mais ainda, contar com o apoio do torcedor e ter um pouco mais de sorte.
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Essa semana, fora de campo, foi de bate-boca entre o atual presidente Fernando Schimidt e o ex MGF, com ameaças de processo e muita lambança. Que o clima de bastidores não interira na equipe em campo, muito bem blindada pelo treinador Cristóvão.
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De Pato a Ganso
Estamos a oito meses do começo da Copa do Mundo no Brasil e os que gostam simplesmente de futebol perguntam: vamos ganhar essa? Já temos uma equipe confiável?
Se venceremos ou não só os deuses da bola saberão. Mas, graças à dupla de ‘raposas’ Felipão/Parreira já temos um time confiável. Vimos isso na Copa das Confederações, quando ganhamos o título e vencemos com superioridade equipes de alto nível como o Uruguai, Itália e sobretudo a Espanha, campeã do mundo. Depois dessa conquista, a seleção tem feito alguns amistosos, quando Felipão vai ajustando e definindo espaços na equipe que vai à Copa.
O Lucas loiro, meio campista defensivo ganhou espaço e a confiança do treinador pela ótima partida que fez no amistoso contra a Zâmbia, na Ásia. Deve ser o substituto eventual de Luis Gustavo. Outro que ganhou espaço foi o zagueirão Dedé, do Cruzeiro, após uma atuação perfeita, sem erros e com direito a um gol de cabeça. Merece a vaga, ao lado de Dante, Tiago Silva e David Luiz. O lateral Maxwell também vem se firmando como reserva imediato de Marcelo.
Os que queimaram o filme, de vez, e estão cada dia mais longe da Copa são o meia atacante Lucas (ex-São Paulo e agora no PSG),todo atrapalhado com a camisa canarinho, e o atacante Pato, grande promessa internacional e que, parece, esqueceu o futebol nas alcovas italianas. No amistoso da Ásia, Pato entrou como titular e errou tudo: passes, domínio, chutes... um horror.
Felipão perdeu a paciência com Lucas e Pato, mas continua atrás de um centroavante nato, já que Fred anda machucado e , com o peso da idade, ninguém aposta nele inteiro para a Copa 2014. Vaga aberta pra o revezamento com Jô.
Por outro lado, Felipão deve voltar os olhos agora para o meia Ganso que, com a volta de Murici ao São Paulo, voltou a mostrar seu belo futebol, de toques de prima, passes precisos, dribles, gols, visão de campo, voltou a ser mais competitivo. EM forma, jogando o que sabe, Ganso faz a diferença. Seria boim vê-lo ao lado de Neymar. O problema é que Felipão nunca o convocou antes, precisa vê-lo de perto, conviver com ele um pouco até acatá-lo. Tem tempo.
Pato se afoga e Ganso nada em frente.
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O engodo do legado
Já com os olhos fora dos gramados, os brasileiros se perguntam: cadê o tal ‘legado’ prometido pelos governantes e que traria uma melhoria significativa para as cidades-sedes dos jogos e suas populações? Infraestruturas – portos, aeroportos, avenidas e viadutos -, mobilidade urbana (metrôs, BRTs, VLTs, corredores ...), hotelaria, recuperação das cidades, limpeza, saúde, treinamento para melhoria dos serviços etc etc ... Nada ou quase nada.
Para se ter uma ideia e tomando como exemplo só a nossa capital/Salvador, 98 % das obras que seriam o tal ‘legado da copa’ foram cortadas. Sò ficou, de vera e realizada, a nova Arena Fonte Nova. Nem o seu entorno foi concluído. Outro dia, numa chuvarada, os arredores viraram uma lagoa de lama, lamaçal. Estacionamentos, prédios, nada. Acabaram com o ginásio Antonio Balbino e o que puseram no lugar? Detonaram as piscinas olímpicas e para quê? Cadê as piscinas?
E as nossas comunicações? Teremos apagões? Nossa estreitíssima banda-larga vai funcionar? Junho , é bom lembrar, é tempo de chuvas.
Ah, e o tal metrô? Ora, na mais recente promessa de campanha, a presidente Dilma assinou decretos liberando mais e mais recursos, mas o tal metrô de légua e meia deve funcionar (???) seis meses depois da Copa. A ligação Aeroporto-estádio ... necas. Vai ser um caos, as delegações estrangeiras já se manifestam preocupadas.
Há pouco, no último Ba Vi, a equipe do Vitória só conseguiu chegar à Fonte Nova 20 minutos antes do horário marcado para a bola rolar, o ônibus que transportava a delegação preso no brutal engarrafamento da Paralela. Dias depois, a delegação do Botafogo foi chegar ao Barradão em cima da hora da partida contra o Vitória, também pelo engarrafamento.
Imaginem na Copa, com a Paralela em obras para implantação do tal metrô prometido. Vexame.
A e nossa orla, o porto, o aeroporto, o Centro Histórico / o Pelô, o acesso ao estádio? Tudo o que foi prometido foi mentira, enganação. Que vergonha! Mas criaram uma tal SECOPA, pra quê?
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O ‘bicho’ vai pegar
Ainda estão na lembrança de todos as grandes manifestações de rua ocorridas no período da Copa das Confederações, junho passado. Belos atos reivindicatórios e também a degeneração deles em quebra-quebra que assustaram a nós, brasileiros, e mais ainda os visitantes. Os velhinhos da Fifa e os investidores internacionais (que faturam horrores com o evento) ficaram de cabelos arrepiados. E ainda estão, de orelha em pé. E agora? As manifestações, na sua forma mais irracional e brutal, embora com um número bem mais reduzidos de participantes, recrudesceram. São os chamados ‘vândalos’, oportunistas e os black-blocs que se confrontam com a polícia e saem arrepiando, arrebentando tudo o que veem pela frente.
Pior, já avisam bem antes: ‘o couro vai comer’ durante a Copa, pois o que querem é mais visibilidade, o mundo inteiro focado no Brasil e nos jogos. Ou seja, o bicho vai pegar nas ruas. Outro dia, os bandidos do PCC, da cadeia, ameaçaram, pelos jornais e redes: vão tocar terror durante a Copa, e até chantageiam: pode nem acontecer a Copa do Mundo. Ameaçam, chantageiam, metem medo. Estamos preparados ?
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“O protesto é legitimo, democrático. E a obrigação das forças de segurança é garantir que esse reflexo da democracia seja exercido em sua plenitude,e que isso ocorra da forma mais tranqüila possível. O que não podemos aceitar são atos de vandalismo, violência contra patrimônio público e privado,ou que venham interferir na realização dos eventos. Então, nosso grande trabalho é nas garantias das manifestações e fazer com que os jogos ocorram sem a interferência de atos de violência ou vandalismos”
São palavras do delegado da Polícia Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues, titular da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grande Eventos, ligada ao Ministério da Justiça. É dele o comando das operações para garantir o êxito da Copa do Mundo 2014, em 12 grandes cidades do país onde acontecerão os jogos, e das Olimpíadas de 2016, no Rio. A estimativa é que o governo federal gaste R$ 1,17 bilhão com a segurança na Copa de Mundo e mais R$ 1,16 com as Olimpíadas.
É esse o clima. O que vai de fato acontecer, num ano de eleições para a presidência da República e governadores dos estados ... só Deus sabe.
E que o Sr do Bomfim tenha pena de nós, nos acuda. Amém.