Daqui a pouco começa choradeira para não cair
A uma rodada do fechamento da primeira etapa (a metade) do campeonato brasileiro 2013, a dupla BaVi ocupa o meio da tabela de classificação, ambos mais próximos da zona de rebaixamento do que da zona de classificação, a despeito de terem, um e outro, já estado entre os quatro primeiros colocados, numa ou outra rodada.
Até começaram bem a competição, surpreendendo, melhor do que todos esperavam , mas ... aos poucos foram caindo na real. O Bahia com seus altos e baixos costumeiros, o Vitória com sua indolência quando joga fora do Barradão, não consegue vencer.
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Estão agora um juntinho do outro, pra não se perder, pra que o torcedor de lá e de cá não tenha muito com que sacanear o rival
E é bom que se diga, ambos padecem de um mesmo mal, são equipes medianas, com plantel limitado, de pouca qualificação técnica. Quem decide, quem faz a diferença, cadê o craque ?
Procura-se.Vamos analisar:
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Nossos goleiros são bonzinhos mas, ambos (Lomba e Wilson) estão bem distantes de um Dida, Vitor, Jefferson, Fábio ... pra citar só alguns.
Na lateral direita, pra se ter uma idéia, o rubro-negro sente uma falta sem tamanho do velocista Nino Paraíba (sem ele ao lado o Maxi Bianchucci nunca mais jogou) e o tricolor insiste com o menino Madson que, vaiado pelo torcedor tricolor, não consegue fazer uma partida razoável na Fonte Nova. É hora de ver se o colombiano Angulo, contratado, sabe jogar ou não.
Do lado oposto, O Vitória acabou de contratar mais um, o veterano Juan, porque não tem acertado com outros pela lateral esquerda, contundidos, irregulares, verdes. O Bahia deu sorte com o Raul, melhor lateral do ‘baianão’, assumiu a titularidade, joga com personalidade; mas é único, já que Jussandro caiu em desgraça perante a torcida e Ávine passou pela sua quarta cirurgia no joelho no intuito de voltar a praticar o futebol, sua profissão, a única coisa que sabe fazer na vida.
Nossos zagueiros de área são becões, de roça, daqueles de dar chutões. Vitor Ramos perdeu seu par, o Gabriel Paulista, e parece órfão. Fabrício é fraco. Chegou o desconhecido Kadu, vamos ver. O Bahia tem o vigoroso Titi e o mais assentado Lucas Fonseca, que fez uma partida horrível contra a Lusa no Canindé. Ambos, Ba Vi, sofrem muitos gols de bolas alçadas na área (mau posicionamento) e precisariam de jogadores mais técnicos na posição, com melhor saída de jogo, um melhor passe, outra postura.
Passe, eis o grande problema dos meiocampistas marcadores da dupla Ba Vi. É ali que nascem as jogadas, que se pensa o jogo. Mas esse setor do tricolor, por exemplo, é extremamente lento, sem imaginação, sem chegada ofensiva eficiente (Fahel, Diones, Helder, Rafael Miranda), jogadores previsíveis. O treinador Cristóvão tem de por o garoto Feijão como titular, mais rápido, ou o gaúcho Fabrício Luna. No Vitória, há uma expectativa de como o novo treinador vai armar seu sistema de marcação e contragolpes: Ele tem Michel, Cáceres, Luis Alberto, Coruja, o menino Magal ... Quem casa melhor com quem?
Nos dois lados, rivais, faltam talentos pela meiúca, para dar ritmo, tocar a bola de primeira, achar a brecha para o lançamento.
Mais à frente, na chamada zona de criação, não temos ninguém assim ‘diferenciado’? Cajá, o craque do campeonato baiano, caiu muito de produção e não tem substituto à altura. Camacho não convence. Escudero , machucado e agora acusado de doping, faz falta porque é um jogador de boa técnica e alta compreensão tática. Marquinhos e Vander são mais atacantes, bons reservas.
No Bahia, a pobreza por ali é ainda maior. Marquinhos Gabriel, altos e baixos, ou o garoto Talisca, que tem bom chute, passe longo mas lhe falta ainda pegada, preparo atlético e mental para ser titular.
Ora, é aí, do meio pra frente, que se decidem os jogos. Com talento, dribles, passes precisos, chutes inesperados. Mas... quem? Cadê o craque?
Posso citar alguns que decidem: Ronaldinho Gaúcho, Seedorf, Julio Batista, Éverton, D’Alessandro, Douglas ou Danilo, Paulo Bayer, Juninho Pernambucano, Zé Roberto e Elano... Não temos um só jogador desse nível na Bahia.
Na frente, acho o Vitória melhor servido, com Maxi Bianchucci (já muito marcado) e Dinei ou Alemão (ué, cadê o garoto, centroavante, que foi artilheiro e melhor jogador do baianão? Não presta?).
No Bahia, o solitário Fernandão, bom brigador, e Wállison , que pensa que é craque. Muito pouco.
Jogadores limitados, refugos de times do sul, não é mesmo? Às vezes dá certo, mas... dá saudades de um Beijoca, Charles, André, Alex Alves... até um Nonato, mais técnico. Não temos grandes goleadores. O nosso melhor é o gringo Maxi, muito longe de um Fischer, um Sanfellipo.
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Entonces, dá pra entender porque estamos e ficaremos (torçamos pra isso, pra que não desçamos mais) classificados ali entre a 9ª e a 14ª posições. Temos um segundo turno inteiro pela frente, a briga vai ser de foice. Com contusões, suspenses, desgastes, é preciso usar o plantel inteiro. Se os titulares já não são essas maravilhas, o que esperar dos substitutos reservas?
Teremos muita choradeira, muita chiadeira e muitas contas a fazer até o final, na boca de dezembro.
O Vitória de treinador novo, Ney Franco, conhecendo o plantel ainda.
No Bahia, uma nova diretoria, problemas administrativos sem fim e poucas possibilidades de contratação de reforços que mudem o panorama da equipe em campo. Cristóvão vem fazendo milagres.
Além do Brasileirão, o tricolor ainda disputa a Copa Sulamericana, tem uma pedreira pela frente, o Nacional de Medelin, na Colômbia. Não pode fazer feio.
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Fiascos
Na quarta, no Maracanã, o Vitória tomou 2 x 1 do Flamengo, num jogo equilibrado. Os gols do time carioca aconteceram na primeira etapa, quando o Mengão foi melhor, atacou mais e a defensiva rubronegra baiana entregou a rapadura: fez linha burra de impedimento no primeiro gol e levou outro de cabeçada, aquela bola alta e cobrança de escanteio, mais uma vez. A reação, com a postura mais ofensiva da segunda etapa, não foi suficiente para empatar o jogo. O gol baiano aconteceu já no finalzinho.
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No mesmo dia, mais tarde da noite, o Bahia tomou 3 x 1 do Cruzeiro, na Fonte Nova. Cristóvão entrou com três zagueiros, liberou os laterais e encarou o líder tàticamente. Mas a qualidade individual fez a diferença. Enquanto o Bahia perdeu duas, três chances claras de fazer o gol, o Cruzeiro fez dois na primeira etapa, aproveitando as chances que apareceram: um numa cabeçada de Borges, livre na pequena área; o outro, uma pintura de jogada de Éverton, livrando-se na área de dois defensores (matou no peito, fez pontinho de cabeça, driblou o marcador) e chutando forte, sem chances pra Lomba, golaço!
O tricolor até voltou melhor na segunda etapa, encurralou, chutou, forçou Fábio e a fazer belas defesas, Fahel diminuiu (2 x 1 ) de cabeça, mas... no finalzinho, naquela manjada jogada aérea, Dedé testou e serviu a Julio Batista : 3 x 1.
Injusto ? Não, o Cruzeiro teve mais competência, finalizou melhor, tem um time mais qualificado tecnicamente. Porisso é líder.
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Fim de semana quente:
No sábado à tarde, 7 de setembro, feriado nacional, tem amistoso da Seleção Brasileira do Felipão, campeã da Copa das Confederações, enfrentando a Austrália, em Brasília. Alguns desfalques: Fred, Daniel Alves e Hulk. E a volta de Maicon, de Ramirez, de Pato ... jogo bom de ver.
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Data especial
O Dia da Independência será histórico para o clube E C Bahia, que terá, pela primeira vez desde a sua fundação em janeiro de 1931, uma eleição livre e direta para escolha de seu presidente, sua diretoria – que serão empossados já na segunda-feira, dia 9.
Enquanto isso, às 18:30h, o time enfrenta o Fluminense do Rio, no Maracanã, com o pensamento só num resultado positivo para não se aproximar mais da zona de rebaixamento. Marquinhos, machucado na coxa no jogo contra o Cruzeiro, fica de fora. Uma chance boa do Barbio, carioca, começar jogando pela primeira vez. O Flu precisa pontuar pois se encontra abaixo do Bahia na tabela e o treinador Luxemburgo procura dar um novo padrão ao time, colocando jovens jogadores em ação. Todo cuidado é pouco.
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Leão X Galo
O Vitória, no mesmo horário, recebe o bom Atlético Mineiro, atual campeão da Libertadores da América, a equipe de Ronaldinho Gaúcho, o craque que fez dois gols de falta (espetaculares) no empate de 2 x 2 , no meio da semana, contra o Fluminense, em Minas. É um jogão, difícil para o rubronegro. O Galo é boa equipe, bom goleiro, defesa dura, bem treinada e costuma encarar qualquer adversário também fora de BH. No Barradão, sua toca, o Leão costuma jogar bem mais, pra cima. Vai ser lá e cá, difícil dar empate.