Quando terminou o primeiro tempo do jogo no Barradão, o treinador Caio Jr disse aos microfones: ‘Fizemos o pior primeiro tempo desde que estou aqui’
Sem jogar bem no Barradão (cerca de 12 mil pessoas nas arquibancadas), O Vitória contou com a sorte, uma providencial atuação do goleiro Wilson, o talento de Maxi Bianchucci e a incompetência dos atacantes adversários para arrancar um ótimo resultado ( 2 x 1 ), de virada, contra a Portuguêsa de Desportos, gols conseguidos já na derradeira metade da segunda etapa.
Resultado importante porque deixou o rubro-negro, com 18 pontos ganhos, na sexta colocação, colado no rival Bahia (que não jogou na rodada), que tem 19 pontos e é o quinto. De boa o futebol baiano, nas portas do paraíso, não me recordo de ter visto isso antes. O líder é o Botafogo, acompanhado de Coritiba, Inter e Cruzeiro, os quatro primeiros classificados.
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Quem vem de lá
O Bahia, na noite de quarta-feira enfrenta o Atlético do Paraná, lá em Curitiba. O time paranaense, em casa, enfiou 2 x 0 no Goiás, é uma equipe fisicamente forte e difícil de ser batida em seus domínios. Mais cedo, às 19h30m da mesma quarta, o Vitoria recebe no Barradão o Fluminense do Rio, agora treinado por Wanderlei Luxemburgo, que empatou de 1 x 1 com a Ponte Preta, em Campinas. Fred, o centroavante da seleção de Felipão, vem pro jogo.
O Fluminense é uma equipe que joga e deixa jogar, pode ser um jogo de muitos gols. O torcedor espera que o Vitória volta a jogar bem, pois alguns jogadores fundamentais caíram um pouco de produção.
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A lusa melhor
Quando terminou o primeiro tempo do jogo no Barradão, o treinador Caio Jr disse aos microfones: ‘Fizemos o pior primeiro tempo desde que estou aqui’. Não era pra menos. A Lusa teve o domínio da bola e do jogo, criou sete boas situações de gol, marcou bem e só não goleou graças a duas ou três intervenções do goleirão Wilson e outras tantas chances de cara perdidas pelos jogadores paulistas, a bola raspando, triscando, teimando em não entrar. Do outro lado, o goleiro Lauro praticamente não tocou na bola.
O fato é que o rubronegro não conseguiu jogar. Marcou mal, deu chutões, não encaixou o contragolpe. A coisa em campo esteve tão feia que o torcedor passou a vaiar alguns jogadores como o lateral Daniel e o meia Cajá, irreconhecível. Ambos nem voltaram para a segunda etapa, substituídos por Fabrício e Camacho.
Antes da virada de tempo, faltou luz em parte do estádio e as equipes demoraram um pouco mais para voltar ao gramado.
Mesmo sem estar num dia inspirado, O Vitória melhorou a postura, marcou mais adiantado, igualou o jogo, atuou mais próximo da área adversária, o baixinho Maxi achou espaço e começou a infernizar pelo lado direito. Mas foi a Lusa que marcou, por volta dos 18 minutos, depois de um vacilo individual de Victor Ramos; o argentino Cañete pegou forte, de canhota, da entrada da área e fez Portuguesa 1 x 0.
A Lusa continuou em cima, mas o Vitória diminuiu depois de uma vistosa jogada individual do baixinho Maxi, que destroçou a zaga e cruzou forte, achando do outro lado o lateral Tarracha, que ajeitou e fuzilou, empatando: 1 x 1. Aos 40, Fabrício bateu uma falta da entrada da área, a pelota resvalou na barreria e entrou no ângulo, sem chances de defesa. Era a virada: 2 x 1. Já nos acréscimos, o becão Valdomiro (velho conhecido, ex-Bahia) testou com o gol vazio e errou por pouco. O pessoal da Portuguesa chorou muito pelo leite derramado.
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Com a camisa vermelha e preta, destacaram-se o goleiro Wilson, salvando tudo no primeiro tempo, e o argentino Maxi Bianchucci, sempre arisco, perigoso, mesmo com a marcação dura.
Na Lusa, o ‘dono’ do time é o veterano meia Souza, que deu as cartas enquanto teve pernas.
Pipoquinhas:
- Aqui pra nós, chegar ao Barradão e estacionar é uma epopéia arriscosa. Sair de lá à noite é um terror.
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Além de ter se mostrado um treinador de ponta, Cristóvão Borges é também bom de entrevista, mente esclarecida: “ Minha bandeira como negro é dar certo no futebol. Sei que isso possibilita uma mudança de mentalidade, de conceitos e costumes. Isso não me pesa, de forma alguma. É um desafio que me estimula. Estudei e me preparei para isso. Carrego esta vontade de mudança” . É o único treinador negro em ação na primeira divisão. Preconceitos?
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- Pelo que vimos na estréia, Neymar tem tudo para se transformar, em bem pouco tempo, no maior do planeta. É só deixar as presepadas de lado e jogar sua bola, redondíssima. Profissionalismo. Sobra-lhe talento – habilidade e técnica. Com ele voando a Copa 2014 pode ser nossa.
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Arrematando:
- Prega-se hipocritamente uma ‘cultura da paz’, mas o que se vê é o incentivo à ‘cultura’ da porrada. Na política, nas manifestações de rua, em casa, na tevê, no cinema, na divulgação maciça dos UFCs e MMAs, dos bombados de academia e suplementos, da ‘glória’ de se ‘finalizar’ o adversário. Um recuo lamentável ao tempo dos gladiadores na decadência da Roma Antiga. Dizem que é o ‘esporte’ que mais cresce no mundo. Sangue! Músculos estourados, cérebros de ervilha. São esses os valores que estamos repassando para nossas crianças. Perversidade.