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Zé de Jesus Barrêto

ARRIBA BRASIL nas ruas e no futebol com olé no Maraca

8o mil pessoas presentes no Maracanã e um Brasil inteiro, de Norte a Sul a gritar com confiança: “ O gigante voltou"
30/06/2013 às 11:07
Milhões nas ruas a dizer bem alto : ‘O Brasil acordou’ ! Por um país melhor amanhã ! 
   
Pois, em campo, a seleção brasileira, jogando um futebol como nos bons tempos, pos as arquibancadas  do Maracanã, 8o mil pessoas presentes, e um Brasil inteiro, de norte a Sul a gritar com confiança: “ O gigante voltou!”

   Atuando com uma vontade e uma aplicação tática como há muito não se via, a equipe treinada e orientada por Felipão (é sempre bom lembrar) venceu a grande Espanha (Campeã do Mundo e bi-campeã européia) pelo indiscutível placar de 3 x 0, no jogo final, e sagrou-se, pela quarta vez, Campeão da Copa das Confederações.  

   No páreo

   Mais do que o título e a vitória, quebrando uma invencibilidade espanhola de quase 40 jogos, a equipe brasileira recupera sua imagem internacional, retoma seu lugar entre as melhores equipes do planeta e se credencia como um dos favoritos, sim, para a Copa do Mundo de 2014. 

É bom recordar que até uns dois meses atrás éramos uma equipe desacreditada, sem padrão do jogo, sem confiança, ocupando a modesta 18ª colocação na classificação oficial da Fifa. 

   A recuperação se dá, graças a competência e bons fados da dupla Felipão/Parreira, além da dedicação, da evolução desse grupo, hoje vitorioso, no aspecto técnico, tático  emocional. A equipe, de repente, ganhou unidade em campo, encontrou um jeito simples e eficiente de jogar, exibiu um padrão de jogo definido e tende a amadurecer cada vez mais. O objetivo é chegar no ponto máximo daqui a um ano, na Copa do Mundo, uma competição bem mais difícil, mais longa também. 

   O Brasil ganhou da Espanha porque jogou bem, jogou melhor que o adversário, não deixou que os espanhóis impusessem seu toque de bola, marcou o campo inteiro, com pegada, soube explorar os pontos fracos adversário e foi objetivo. O time de Felipão em campo jogou com muita inspiração, transpiração e inteligência. Sobrou na bola e fisicamente também. Sò merecimentos. 

  ‘Golpes duros’

   No final da partida o treinador bigodudo espanhol, Del Bosque, disse que  a equipe dele não conseguiu jogar, levou um golpe duro logo aos 2 minutos ( o gol de Fred ) e, quando buscava respirar, equilibrar o jogo, ter a posse de bola, levou o segundo duro golpe (o gol de Neymar aos 43’). E mais: a idéia  dos espanhóis era voltar em cima, apertando, na segunda etapa, com o propósito de virar o jogo, mas...  aos 47 segundos apenas do segundo tempo, sofreu outro golpe mais duro ainda e inesperado (o terceiro gol, de Fred), fatal.   Mais méritos do time brasileiro do que sorte; é importante fazer gols e é fundamental que eles saiam em momentos definitivos. 


  Golaços 

  Foram gols bem trabalhados. No primeiro, o lançamento longo, perfeito, de David Luiz para Hulk, aberto na direita; ele tramou com Oscar e cruzou para a pequena área onde fechavam Fred e Neymar, disputando o lance, a bola pererecou, a zaga não conseguiu cortar e Fred, no chão, meteu a direita antes de Casillas e estufou as redes; puro oportunismo, puro faro de gol.


   O segundo, uma pintura: A trama de Neymar com Oscar na entrada da área, a tabela rápida, o toque preciso do meia para o garoto Neymar encher o pé de canhota, sem chances para o gleirão. 

   O terceiro, que nocauteou o time de Del Bosque, foi uma puxada de contragolpe de Marcelo, a pelota passou por Oscar, chegou a Hulk na direita, que bateu para o meio, rasteiro, na direção de Neymar, na entrada da área; o menino fez que ia na bola, deixando-a passar livre para Fred (o chamado corta-luz), de frente para o goleiro: o artilheiro bateu de chapa, rasteirinho, colocado, rente à trave.

   Sustos

   Foi um belo jogo, sim. A Espanha também jogou, criou. Quase empata, no primeiro tempo, quando estava 1 x 0. Pedro recebeu livre, num contragolpe certeiro, e bateu no canto, tirando de Júlio Cesar que saia em seu encalço, mas a bola não entrou porque David Luiz  chegou a tempo, na cobertura, rebatendo quase em cima da linha. Foi como um gol feito.  

   Teve também uma penalidade  máxima marcada pelo árbitro, de Marcelo sobre Navas; o zagueirão Sergio Ramos, capitão do Real Madrid, bateu forte e rasteiro mas... a bola apenas raspou o poste, fora!  E mais umas duas ótimas defesas de Júlio Cesar, já na metade da segunda etapa, quando o Brasil cozinhava o jogo, tocava, botava os espanhóis na roda. 

   Noutro lance digno de destaque, Neymar puxou um contragolpe na velô, levou Busquet na conversa, driblou o zagueiro PIqué, que foi obrigado a pará-lo com um pontapé, pois o menino ia entrar de bola. Piqué, que joga no Barça, o novo time de Neymar a partir de agosto, foi expulso e experimentou o que vai significar Neymar no time catalão, ao lado de Dani, Iniesta, Xavi e ... Messi !  
Os espanhóis, bom que se diga, estão simplesmente encantados com Neymar. Isso é fato, os jornais esportivos europeus babam com as atuações dele. 

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  Destaques

   Além de Neymar, desequilibrando, de Fred goleando, de Hulk  brigando, da aplicação de Dani, Marcelo, Oscar, Tiago, das boas defesas de Julio Cesar, do inspirado dia de David Luiz...  vale destacar a soberba atuação no jogo dos dois meiocampistas brasileiros: Luis Gustavo e Paulinho. Monstros. Marcaram, correram, sufocaram, puxaram contragolpes, se apresentaram, chamaram a responsabilidade, pediram bola, passaram bem ... com classe, sem falta. O meio de campo foi deles, engoliram Xavi e Iniesta, essa é a verdade. Titulares absolutos, casamento perfeito.

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   Prêmios Fifa

  Após a partidas, receberam as premiações da Fifa: 
 
  - Neymar, Fred e Torres, artilheiros da competição, com 5 gols cada ; bolas de bronze, prata e ouro, pela ordem.              

   - Júlio Cesar, escolhido o melhor goleiro da competição.

   - Paulinho, a bola de bronze , 3º melhor jogador da Copa.  Iniesta, o segundo, bola de prata.

   - E Neymar foi escolhido como o craque, o bola de ouro, da Copa das Confederações 2013. O garoto vai cheio de moral, exigindo uma camisa de titular no Barcelona, ao lado de Messi. Não vejo ninguém com moral e futebol para barrá-lo, depois do que ele jogou nesse torneio. 
 

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 Na Fonte quente
 deu a velha Itália 

Sol a pino, calor de veranico (29 graus) em pleno inverno, casa quase cheia e o público fartou-se de futebol: gols, um placar de 2 x2 nos 90 e poucos minutos regulamentares, mais 30 de prorrogação, o empate persistiu e cobranças de tiros livres diretos da marca do pênalti: Aì deu Itália, com o veteraníssimo goleiro Buffon (41 anos) pegando três cobranças e levando para ‘ a bota’ o terceiro lugar na Copa das Confederações 2013.  
Quem foi à Fonte Nova na manhã/tarde do domingo se deu bem e gostou do que viu, torcida bem dividida entre a ‘azzurra’ e a ‘celeste olímpica’, num bom duelo.

Mais que merecido o resultado, mesmo o Uruguai atacando mais, tendo criado bem mais chances de gol enquanto a bola rolou. Porque a Itália se superou, como sempre. Sem seus principais jogadores, Balotelli e Pirlo, com a equipe bastante cansada depois da batalha em Fortaleza, horário e sol ingratos, metade das arquibancadas torcendo contra, um atleta a menos em campo durante parte da prorrogação, já sem pernas...  a velha Itália volta a surpreender. 

Foi um jogo bem cadenciado, sem grandes correrias, em função da temperatura e do sol forte. A maioria dos jogadores, sobretudo os europeus, buscava as sombras no gramado, protegendo-se, tentando evitar um desgaste maior.  O primeiro tempo da Itália foi melhor, com atuação de gala de De Rossi, a pegada e os chutes de Candreva, o domínio da meia cancha. Aos 23 minutos , o gol meio esquisito de Astori, empurrando a bola para as redes já em cima da linha, depois da ótima cobrança de falta de Diamante, de longe, encobrindo o goleiro Muslera; a bola bateu no poste, nas costas do arqueiro e foi entrando.  Mas, na medida em que o tempo passava os italianos pareciam mais lentos, os uruguaios mais inteiros.

A segunda etapa foi inteira dos uruguaios. O empate chegou aos 12, após uma saída de bola atrapalhada dos italianos; o meia Gargano roubou a pelota, invadiu e rolou na esquerda para Cavani, que bateu de chapa, colocado e rasteiro: 1 x 1. A ‘azzurra’ parecia entregue, mas, numa ótima cobrança de falta, próximo da área adversária, Diamante encaixou no ângulo, de canhota: Itália 2 x 1.  Cinco minutos depois, do outro lado, em lance parecido, o atacante Cavani também guardou de falta, com Buffon se esticando, triscando nela apenas : 2 x 2. 
Nos pênaltis, prevaleceu a experiência do goleirão Buffon, capitão do time, satisfeitíssimo, após a partida, com o rendimento da Itália na competição. 

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Além de Buffon, De Rossi, Candreva, Diamante e CHiellinni destacaram-se pela Itália.  Enquanto, pelo Uruguai, o atacante Cavani foi disparado o melhor, acompanhado de Suarez, Forlán (enquanto teve pernas) e o meia Gargano. 
Fora das arenas

 As manifestações em Salvador, antes do jogo, chegaram próximas da Fonte Nova, pacíficas e sem incidentes. Depois, um grupo decidiu fazer barulho na frente do Hotel Sheraton, onde está hospedada a delegação da Fifa.  Reforço policial foi chamado. 

 

 Do Aldo de fora, nos arredores do Maracanã (RJ)  também aconteceram manifestações, de início pacíficas. Mas, lá pras tantas, já que a barreira policial impedia que  se aproximasse mais do estádio, um grupo começou a insuflar e partiu pra quebrança, atirando bombas caseiras e coquetéis molotov no bloqueio policial, que reagiu com gás e balas de borracha , dispersando. 

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 AS manifestações de rua ganharam espaços consideráveis na tevê, maiores até que os espaços concedidos às transmissões da Copa das Confederações. Segundo levantamentos divulgados, de 17 a 26 de junho, os cinco maiores canais abertos de TV do país deram 92 hs para o noticiário/cobertura da Copa e 138 hs para as manifestações.  Só a Band deu mais espaço a competição esportiva.  A Record praticamente ignorou a Copa. A Globo, líder de audiência no país, deu 33 hs para os protestos e 27hs para a Copa. 


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 Muito a fazer ainda, país afora, até a Copa do Mundo de 2014. Sobretudo fora dos estádios, em infra-estrutura urbana, serviços, comunicações.  Ao trabalho, pois.