Bom time da Itália e placar elástico e muitos erros na arbitragem de juiz vacilão
Ufa ! Uma sábado de veranico e sem grandes conflitos nas ruas no começo desse inverno sombrio, em Salvador.
E um público chique que não chegou a lotar todas as dependências da nova Fonte Nova vibrou com o jogão de bola que viu no gramado: Brasil 4 x 2 Itália. Um placar que nos pareceu elástico diante do equilíbrio e das alternativas em campo. Afinal um confronto de duas equipes campeãs do mundo, com a tradição de camisas que pesam e muita rivalidade acumulada em mais de sete décadas de disputas.
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O jogo na Fonte
A seleção de Felipão, mesmo com o desfalque do meia Paulinho, substituído por Hernanes, começou o jogo em cima, sufocando. Foram quatro minutos em que a Itália não conseguiu atravessar a linha do meio campo, e Oscar e Hulk perderam chances claras de abrir o marcador. A esquadra ‘azzurra’ sentia muita falta do experiente meia De Rossi e , sobretudo, do apoiador Pirlo, o maestro do time, machucado e só apreciando do lado de fora.
Mas a manhosa Itália foi aos poucos equilibrando, marcando forte, o jogo foi ficando faltoso, brigado, truncado, até pela aparente inexperiência do trio de arbitragem do Cazaquistão em controlar o duelo. O time visitante, por motivo de lesões, fez duas substituições e o Brasil, também por contusão, trocou David Luis (que vinha travando um duelo difícil com Balotelli) pelo baiano Dante.
Por sorte, foi ele, Dante quem abriu o placar, aproveitando (em posição duvidosa) um rebote do goleiro Buffon, após ótima cabeçada de Fred: 1 x 0 , já perto do final da primeira etapa. O Brasil foi melhor, atacou mais, teve mais a bola, porém criou pouco. Oscar sumido, Hernanes mostrando desentrosamento e Hulk atrapalhando-se um pouco com a pelota.
A segunda etapa foi mais disputada e emocionante, porque o treinador da Itália adiantou a marcação, fez o time pressionar a saída de bola brasileira. Assim, aos 5’, num contragolpe, Balotelli ganhou no corpo para Dante e serviu de calcanhar, na direita, o veloz Giacherini, nas costas de Marcelo, livre; ele bateu seco e cruzado na saída de Júlio Cesar empatando : 1 x 1.
Mas, minutos depois, Neymar cortou, driblando a zaga da esquerda para o meio e foi calçado quase em cima da linha da grande área; ele mesmo, Neymar, bateu a falta de direita, com classe, acertando o ângulo, o goleirão Buffon espiando apenas: 2 x 1.
A Itália buscava o empate, Balotelli fez Júlio Cesar trabalhar numa boa cobrança de falta, mas, por volta dos 20’, Luis Gustavo roubou uma bola no meio e serviu rápido a Marcelo que lançou preciso para a corrida de Fred, acompanhado do bom zagueiro Chiellini; Fred ganhou no corpo, já dentro da área, e finalizou fazendo um golaço típico de centroavante : 3 x 1.
Felipão, com o placar, imaginou que a partida estava ganha e tirou Neymar, para poupá-lo e porque ele já tinha cartão amarelo, colocando o garoto do Atlético (MG) Bernard. O susto veio aos 25’, com um gol de Chiellini, após uma bola alta cruzada e um bafafá na frente da pequena área brasileira: 3 x 2. Entusiasmada com o gol, a equipe italiana partiu para sufocar o time brasileiro, jogando bolas altas na área, todo à frente. Aos 34’, o travessão salvou o gol de Júlio Cesar após uma cabeçada forte de Maggio, com o Brasil se defendendo apenas.
Mas, aos 42, o rápido Bernard avançou pela esquerda, num contragolpe, e passou para Marcelo que arrematou; Buffon conseguiu defender mas deu rebote e Fred não perdoou: 4 x 2, matando o jogo e incendiando a arquibancada vestida de amarelo.
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Destaques:
Na Itália, muito bom o zagueiro Chiellini, o meia Giacherini e o atacante Balotelli, difícil de marcá-lo.
No Brasil, Tiago Silva foi soberbo, Dante, Luis Gustavo, os laterais Dani e Marcelo, Neymar estiveram bem. Mas, disparado, o melhor em campo foi o centroavante Fred, que, seguramente, fez sua melhor partida até agora com a camisa canarinho; além dos dois gols, jogou muito.
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Classificação
O Brasil, como primeiro do grupo A, atua quarta, no Mineirão, certamente contra o Uruguai, que joga nesse domingo na Arena Pernambuco, contra o fraquinho Tahiti.
Já a Itália, viaja até o Ceará, onde, na quinta, encara a temida Espanha, bi-campeã européia e atual campeã do mundo, primeira colocada no grupo B. A equipe espanhola, já em Fortaleza, joga contra a Nigéria nesse domingo, com o time titular completo. Aposto da vitória espanhola.
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Então, será que teremos Brasil X Espanha na final ?
Um sonho, mas antes precisamos vencer a ‘celeste’ uruguaia, acostumada e melar a festa alheia. E a Espanha, por outro lado, terá de vencer a tinhosa Itália, que vai querer se vingar da goleada sofrida, ano passado, na final da Copa da Europa, num passeio espanhol ( 4 x 0, lembram-se?) .
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Na outra partida desse sábado, no Mineirão, o México de Chicharrito Hernadez ( 2 gols no jogo) venceu o Japão por 2 x 1. Eles só cumpriam a tabela e voltam pra casa mais cedo.
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Pipocas da Copa
- O Uruguai não se dá mesmo bem no Recife. Depois dos perrengues que passou na semana passada, com chuva, lama, sem campo para treinar... nesse domingo, antes de a delegação sair para o treinamento, três jogadores da equipe ficaram presos no elevador do hotel onde estão hospedados, em Boa Viagem, por mais de meia hora. Falta de energia. E um atraso de 45 minutos no treino. E o centro de mídia da Arena Pernambuco também pifou, à tarde, numa queda de tensão e de rede que prejudicou o trabalho dos que cobriam os treinamentos por lá.
- O clima entre a Fifa e o governo brasileiro azedou. Os ‘homi’ da entidade reclamam de desorganização, de descumprimento de metas traçadas e da insegurança; e põem em dúvida a capacidade de o Brasil sediar com êxito a Copa do Mundo em 2014.
- Além dos problemas com a delegação do Uruguai em Pernambuco, jogadores da Espanha foram roubados no hotel em Fortaleza, dois ônibus que serviam à delegação da Fifa em Salvador foram apedrejados naquela quinta-feira de quebra-quebra, os jogadores italianos – que vieram com suas famílias – ficaram com medo de sair e visitar a cidade e até Ronaldo ‘Fenômeno’ (que é comentarista da Globo e trabalha para a Fifa, come de dois lados) ficou trancafiado no hotel em que a entidade está hospedada, sem poder por os pés na rua, também por questão de segurança.
- Os jogadores e integrantes da deleção espanhola não poupam críticas, longe do alcance dos microfones: “A organização do torneio é um desastre” , comentam, acrescentando que nada funciona como era previsto e planejado, falam de demoras em cada chegada e saída dos hotéis e dizem com todas as letras: ‘Isso tem sido muito pior do que na África do Sul’. Tá bom ? Imaginem o que dirão quando chegarem de volta à Europa.
- ‘ Não estamos preparados’ , disse na sexta o prefeito de Salvador ACM Neto, numa coletiva.
- Enfim, é o seguinte: A Copa do mundo, anunciada há cerca de quatro anos no Brasil como o grande evento que traria alegria, obras, empregos, mobilidade urbana, que mudaria a cara das cidades e deixaria um importante legado para a população... tornou-se um engodo, nada aconteceu além da construção de algumas das tais arenas, superfaturadas. Até agora, trouxe de vera foi mais problemas para o povo e permitiu que alguns se locupletassem, na sorrelfa. Ou seja, venderam-nos uvas doces, mas nos entregam, agora, abacaxis azedos.