Veja nosso comentário
Na abertura da Copa das Confederações, no estádio Mané Garrincha, de Brasília, com suas arquibancadas cheias e coloridas de verde-amarelo, a seleção brasileira treinada por Felipão venceu bem o Japão (3 x 0) com gols de Neymar (aos 3 minutos de jogo), de Paulinho (aos 2 minutos da segunda etapa) e de Jô, segundos antes de o árbitro encerrar a partida.
Melhor do que o placar convincente foi ver a emoção revivida na cara dos torcedores a vibrar com o hino e a gritar ‘Brasil, Brasil !’. Isso, sem dúvidas, tem um significado muito forte de incentivo ao grupo de atletas que está defendendo a ‘amarelinha’ nessa preparação, aperitivo para a Copa do Mundo 2014. Se virar ‘ola’ é capaz de embalar o time.
*
O jogo
No primeiro gol, Marcelo lançou de longe para a meia-lua; lá, Fred matou no peito, mas a pelota escapuliu um pouco, sobrando para Neymar, que acertou uma chutaço de primeira, de meio-voleio, de fora da área, estufando as redes, golaço! O primeiro da Copa das Confederações, carimbado.
O Japão não se intimidou e fez um primeiro tempo inteiro marcando forte, ocupando bem os espaços, equilibrando bem a partida. O time de Felipão recuava e explorava os contragolpes, sem criar muitas chances de finalização. Os ‘japas’ buscavam atacar nas costas de Marcelo e de Daniel Alves, em velocidade, mas também não chegaram perto de ameaçar o goleiro Júlio Cesar.
O Brasil jogou muito melhor a segunda etapa, tomando conta do meio campo, ficando muito mais tempo com a bola no pé, trocando passes, até porque o time oriental cansou, em conseqüência da longa viagem (Japão-Brasil) e do fuso horário ainda mal resolvido na fisiologia dos atletas.
O gol, logo no retorno dos vestiários e recomeço do jogo, também quebrou qualquer atitude de reação da equipe japonesa. Numa trama pela direita, Dani Alves cruzou forte, a meia altura; Paulinho dominou e bateu seco, fazendo 2 x 0. O time de Felipão esteve sempre perto de ampliar, mas o gol que ‘fechou o caixão’ só saiu aos 45, antes do apito final, numa boa arrancada de Oscar que enfiou para Jô, atrás da zaga; mais veloz que Fred (a quem substituiu) , o atacante do Atlético (MG) não perdoou, deixou sua marca, batendo ponto.
*
Destaques para Paulinho, Oscar, Marcelo, Neymar ... mas, o melhor de todos, sem dúvida, foi o apoiador Luis Gustavo, soberbo na marcação, no toque, jogando de cabeça erguida, com elegância. Assumiu a titularidade.
**
Pipoquinhas da copa:
- Na manhã de sábado, manifestações no ‘Eixo central’ de Brasília, com cerca de mil pessoas protestando contra os gastos públicos ( 1,3 bilhão) na construção do estádio. Chegaram até bem próximo do ‘Mané Garrincha’, mas foram contidos pelo forte aparato militar repressivo.
- A ‘Festa de Abertura’ da Copa, dentro do estádio, que começou por volta das 14h30 e não durou meia hora, com metade das arquibancadas ainda vazias, foi muito fraquinha, ‘xué’, chinfrim, pobre... se era aquilo só, pra que tanto suspense, qual a surpresa ? Umas coreografias óbvias em cima das etnias básicas da nação brasileira; apresentações mal concebidas , em forma de danças, dos 8 países que participam da competição e ... nada de bem ensaiado, de novidade, de emoção ... Achei um vergonhoso ‘espetáculo’.
- Nas arquibancadas um perfil de público bem branqueado, tipo classe média que come bem, patriótica, todos bem comportados e ‘loucos’ por Neymar. Um perfil burguês, enfim. Será que foi só em Brasília ou ... será esse o público elitizado das novas arenas da Copa, em todas as capitais ?
- Presentes, nas tribunas de honra, a presidentas Dilma e o presidente da Fifa, Blatter. Ele leu, em português quase compreensível, um textinho curto, oficial, dando as boas vindas e agradecimentos etc e tal e coisa, e passou a palavra à presidenta Dilma, que, sob, algumas bem ouvíveis vaias, disse : ‘ Declaro oficialmente aberta a Copa das Confederações’. Cara constrangida, sem levantar da cadeira, sem altear os olhos, disse isso e calou-se, sumiu.
- Câmaras de tevê flagraram a entrada dos atletas brasileiros nos vestiários, na chegada ao estádio. Todos, absolutamente todos, com grandes fones de ouvidos coloridos. Neymar, além dos fones, falava numa celular e tinha outro aparelho na outra mão; passou sem olhar pra ninguém, compenetradíssimo.
**
Neste domingo, dois jogos bons de ver: México x Itália, às 16 hs, no novo Maracanã (Rio de Janeiro) e , às 19hs, o clássico Uruguai x Espanha, na Arena Pernambuco, no Grande Recife; imperdível.
A primeira rodada fecha na segunda à tarde, no Mineirão com a partida Nigéria x Taiti. Haja bola, tome-lhe cafusa rolando nos gramados até o fim do mês.