Felipão quer vencer o Japão para ter moral
Tá chegando a hora, é neste sábado, 16hs, que a ‘cafusa’ começa a se bulir... a bola vai rolar, na abertura da Copa das Confederações, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, com o jogo Brasil x Japão.
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O foco
O clima ficou tenso na capital federal desde a manhã de sexta, com uma manifestação de ‘sem teto’ fechando rua que dá acesso ao estádio com pneus queimados e muito barulho até que a polícia chegou ‘acalmando’, dispersando os manifestantes.
Eles reivindicam casa, moradia e protestam contra os altos custos da obra do estádio, acima de um bilhão. E Brasília não tem tradição de futebol, nenhum time da cidade disputa campeonato brasileiro, série A ou B. Daí, o estádio, por sinal, belíssimo, já é considerado um ‘elefante branco’, tem altíssimos custos de manutenção e só pode ser viabilizado com grandes espetáculos internacionais, festivais, shows de rock...
Então, o povão se pergunta: Se tem dinheiro de sobra para uma obra desse quilate... por que faltam recursos públicos para construção de moradia popular e melhoria das condições de vida nas periferias das cidades-satélites ?
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Os manifestantes prometem fazer zoada, rebuliço no eixo monumental de Brasília, durato todo o sábado, pra chamar a atenção do planeta – o foco está lá – sobre os ‘desamparados’ do país da Copa. Tá bom ?
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Show e telões
Vai ser um dia ‘animado’ na ‘novacap’ (lembram que Brasília já foi chamada assim ? ). Fora as possíveis manifestações e o mundaréu de policiais civis e militares e forças armadas e seguranças tentando impedi-las ou empurrá-las para bem longe do palco, cerca de 10 mil homens armados e atentos a postos, antes de começar o espetáculo da cafusa em campo vai acontecer, num espaço do ‘eixo’ da cidade mais próximo dos palácios, um grande show com dezenas de telões , palco imenso com bandas de pagodes, música sertaneja, axé baiano e um público esperado, durante o decorrer do dia, de cerca de 300 mil pessoas.
Para o leitor se orientar, o estádio Mané Garrincha fica próximo da famosa ‘torre’, imponente, plantada no meio das grandes avenidas do Eixo Monumental da cidade.
Ou seja, Brasília está uma fogueira de São João, bem acesa, com traques, licores e bombas juninas.
JK no seu pedestal, tremelicando. E o velho Niemeyer, lá do alto, comentando com Lúcio Costa: Pra que fomos fazer isso ?
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A abertura
Por volta das 15 hs, antes de a cafusa se bulir em campo, acontecerá aquela sempre esperada ‘abertura’ oficial, com um espetáculo em campo e, quiçá, nas arquibancadas; cores, coreografias, música, dança, manifestações da cultura de nosso povo (esperamos) e significados. O tema e a configuração do espetáculo são surpresas, ninguém sabe o que veremos pela TV, aqui e com imagens ao vivo pra todo o planeta. Olhos atentos.
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O jogo
Sò depois do espetáculo de abertura é que as equipes entram no gramado e ... vamos ter jogo.
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Dizem que estréia sempre dá nos nervos dos jogadores, mas não acredito que o time de Felipão tenha muito trabalho para derrotar o Japão, uma equipe bem treinadinha, veloz, determinada, e só. Endo, Honda, kagawa são os atletas mais conhecidos.
Os ‘japas’ vêm de uma maratona de jogos pelas eliminatórias da Ásia, já se classificaram para a Copa do Mundo 2014, mas não têm mostrado em campo um futebol que possa encher os olhos do torcedor ou amedrontar a seleção brasileira.
E tem ainda o agravante do cansaço, chegaram há poucos dias, vindos do outro lado do mundo, o relógio biológico ainda nos ajustes do fuso horário.
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O escrete de Felipão não deve ter grandes novidades. A grande expectativa é sempre Neymar. Será apenas um coadjuvante, como tem sido nos últimos jogos da seleção, ou vai assumir o posto de grande estrela da companhia, como o torcedor quer ver ? Há 10 jogos o garoto da Vila, agora do Barça, não faz gol.
Mas, como diria o filósofo Lazaroni (que já foi treinador da seleção), ‘o gol é apenas um detalhe’. Não, não é. O gol é a meta, o objetivo, a razão do jogo de bola chamado futebol. Pelé, Zico, Romário, Ronaldo sabiam de cor os caminhos até as redes.
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Vaias?
“A seleção joga em casa, vai sofrer pressão da torcida se não jogar bem. A questão toda é como a equipe vai reagir se o futebol não agradar. O psicológico será muito importante’ (as observações são do grande apoiador Zito, companheiro de Pelé no inesquecível Santos dos anos 1960, bi-campeão do mundo em 58 e 62).
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Rodada
A primeira rodada segue no domingo com dois jogos: ainda pelo Grupo A, o grupo do Brasil, jogam às 16 hs, no Maracanã, Itália X México.
Às 19 horas, pelo Grupo B, jogam Espanha X Uruguai, jogão de bola, na Arena Pernambuco, no Grande Recife.
A rodada se completa só na segunda-feira, pelo Grupo B, 16 hs, Taiti x Nigéria, sem grandes atrativos.
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Os campeões
Só como ilustração, esta é a nona Copa das Confederações, competição da FIFA, tida hoje como uma prévia, uma espécie de ensaio geral para a Copa do Mundo.
A primeira deu-se em 1992, na Arábia Saudita, e a campeã foi a Argentina, de Batistuta.
A Dinamarca venceu a segunda, em 1995 e o Brasil, de Romário e Denílson, ganhou a de 1997, também disputada na Arábia.
Em 1999, o México venceu em casa e o Brasil de Ronaldinho Gaúcho, foi vice.
A França venceu as duas, em 2001 (Coreia do Sul e Japão) e em 2003, em casa.
O Brasil, de Adriano artilheiro, ganhou em 2005, na Alemanha e em 2009, na África do Sul.
Como se pode notar, Espanha, a atual campeão do mundo, Itália e Uruguai nunca venceram essa competição e chegam com chances e vontade aqui no Brasil.
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Olho na bola, a tal cafusa, pois.