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Zé de Jesus Barrêto

Apito inicial na Copa das Confederações e as chances de cada qual

A cidade está meia boca para receber a Copa das Confederações
12/06/2013 às 15:07
Já vivemos o clima da Copa das Confederações, que começa sábado ( 15 de junho) e vai até o final do mês.  Estamos entregues à FIFA, sob o encanto da bola, do futebol, hoje em dia muito mais ‘business’ do que jogo jogado.

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“Legados”

Temos um belo e modernoso estádio (a tal Arena ‘nome de cerveja’ Fonte Nova, ex-Octávio Mangabeira), uns novos acessos ao complexo esportivo e... cadê o resto tão prometido e alegado como ‘legado’ : a (i)mobilidade urbana, a (in)segurança, nosso Centro Histórico ainda em estado de abando,  nossa orla mais que favelizada, nosso aeroporto em obras modestas e nossa internet de banda estreitíssima ...  que legado é esse? Aoonde?

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Fifados 

E com que presteza a nossa vereança aprovou, num pisco d’olhos, a tal ‘zona exclusiva’ da FIFA no entrono de 1 km do estádio Fonte Nova. Área ‘fifada’ dentro da cidade. Com o mesmo afã os deputados  fecharam acordo e ratificaram a Lei Geral da Copa, fifada.  
A toda-poderosa Fifa tornou-se uma espécie de vestal, à qual devemos culto e obediência acima de quaisquer interesses, mesmo os da cidade, mesmo os do estado, mesmo os do povo. Tamos fu...fifados!

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Cadê a infra ? 

A precisamente um ano da Copa do Mundo 2014, as tão prometidas obras de infraestrutura e mobilidade urbana já perderam cerca de R$ 4 bi para  os superfaturamentos nos estádios, as tais arenas, país afora.  Ou seja,  mais grana pras empreiteiras encherem as burras. Já a população, as cidades, os municípios que se lixem!  

A conta da Copa do Mundo 2014 já bate em R$ 26,7 bilhões nos cofres públicos!!! Tá bom ou quer mais ? 

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Resenha da Copa

Mas, pra não dizer que não falo de bola, de futebol, lá vai uma resenha resumida do que veremos na Copa das Confederações: 

O torneio tem duas chaves, dois grupos. O Grupo A, o mais forte, tem Brasil, Itália, México e Japão.  O Grupo B  tem a Espanha, Uruguai, Nigéria e Taiti.
 
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Primeira rodada

O jogo Brasil X Japão abre a competição, pelo Grupo A,  sábado à tarde (16 hs) no belíssimo (e superfaturadíssimo) estádio Mané Garrincha, em Brasília.  No domingo à tarde, no Maracanã (RJ), jogam pelo mesmo grupo México X Itália.  

Pelo Grupo B, às 19 hs do mesmo domingo, dia 16, na Arena Pernambuco( Grande Recife) , jogam Espanha (atual campeã do mundo) e Uruguai (campeão sulamericano), jogaço de bola.  
Pelo mesmo grupo ainda, já na segunda-feira, às 16 hs, no Mineirão, o ‘babinha’ Nigéria x Taiti, seguramente o jogo tecnicamente mais fraco da competição, com pouca gente no estádio. 

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Favoritos 

No Grupo A, os favoritos são o Brasil, claro, até por jogar em casa, e a Itália, time quatro vezes campeão do mundo, com uma tradição e camisa que pesam.

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O Brasil de Felipão deu um tesãozinho no torcedor, após a vitória por 3 x 0 no amistoso contra a França. Animador, mas ... será um tesão duradouro?  A equipe tem dois bons laterais, um miolo de zaga seguro, um meio campo ainda em formação e... um ataque que está longe, bem longe da tradição ofensiva do futebol brasileiro: Kulk não convence, Fred está ultrapassado, lento, em fim de carreiras e Neymar ...  será que deslancha de uma vez ou encruou ? 

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A Itália traz dois jovens astros que chamam a atenção: o El Shaarawy (descendente de egípcios) e o marrento negão Balotelli, nascido em Palermo e filho de imigrandes ganeses,  o primeiro negro a vestir a camisa azzurra como titular em grandes torneios internacionais. São dois atacantes abusados, velozes e goleadores. Além desses candidatos a ídolos, tem o veterano craque Pirlo e o veteraníssimo goleiro Buffon como atrações maiores. 

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Mas ninguém se surpreenda se o México se classificar entre os dois melhores do grupo. Os mexicanos evoluíram muito, têm sido uma pedrinha incômoda na chuteira dos brasileiros nos últimos anos, mais ganham do que perdem para nós, jogam fechadinhos, marcam duro o campo inteiro e contragolpeiam em alta velocidade, com inteligência. Seus melhores jogadores  são  Chicharito Hernandez  (25 anos, joga no Manchester United da Inglaterra) e Giovani  (quase brasileiro). Curtem a fama de ‘carrascos’ dos brasileiros.

 O Japão, campeão asiático, é um time bem europeizado, rápido e discilinado taticamente. Pode dar trabalho, aqui e ali, mas se apresenta teoricamente como o mais fraco do grupo. Seus destaques são o treinador italiano Alberto Zaccheroni e os meia-atacantes Honda e Kagawa (24 anos, joga no Manchester Unted).  


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Pelo Grupo B, a grande favorita é a Espanha, Campeã do Mundo, com seu bigodudo treinador  Vicente Del Bosque, aquele toque de bola envolvente que bem conhecemos e jogadores  espetaculares como Xavi e Iniesta, há anos entre os melhores meiocampistas do mundo, atletas de  toque de bola refinado. Gosto de ver a Espanha em campo brincando de bola. 

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O Uruguai é o segundo melhor do grupo, time campeão da América do Sul, bem entrosado, treinado por Oscar Tabárez e com craques de primeira linha: Forlán, Luiz Suarez, Cavani, Álvaro Pereira e o veteraníssimo zagueiro Lugano, capitão da equipe.

Num nível mais abaixo está a seleção campeão africana, Nigéria, os ‘super-águias’, equipe que joga uma partida em Salvador e vai contar com a torcida baiana.Os irmãos africanos têm como destaque o apoiador Obi Mikel ( 26 anos, joga no Chelsea da Inglaterra) e o atacante Oduamadi. É um time alto,  que exibe mais vigor físico do que técnica.  

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A equipe mais fraca da competição é o Taiti, aquela ilhota da polinésia francesa no meio do oceano Pacífico que é paraíso do surf e do turismo. É um time quase amador, que veio ao Brasil mais preocupado em não tomar goleadas. 

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Cafusa

A bola da Copa das Confederações será a Cafusa, produto da Adidas, com desenhos em cores verde-amarelo-azul e branco e 32 gomos – bem diferente da sinuosa Jabulani, da Copa da África do Sul, que tinha apenas 8 gomos e infernizou a vida dos goleiros, pois variava de direção em função do pouco atrito do ar em sua lisura.  A Cafusa é uma bola dotada de todas as tecnologias mais modernas, porém mantendo a formatação em gomos das  bolas mais antigas, como a da copa de 1970. Continuam em busca da bola mais perfeita. 

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É GOL !  

A grande novidade dessa Copa das Confederações é uma espécie de ponto eletrônico que, com um sistema de monitoração composto por 14 câmaras de altíssima velocidade focadas nas duas traves e linhas de gol, vai permitir ao árbitro receber uma mensagem no seu equipamento de ouvido quando a pelota ultrapassar totalmente a chamada ‘linha fatal’ , o que  irá (esperamos) impedir erros de arbitragem que possam validar/anular gols ilegítimos. 

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Apito inicial 

Gramados perfeitos, grama rasteira com corte de 1,5 cm, padronizados, sem riscos de empoçamentos d’água, bola top de linha, estádios tidos como de ‘primeiro mundo’, a tevê exibindo equipamentos de alta tecnoclogia, equipes treinadas e ansiosas, tudo a postos...

É só esperar a rainha bola rolar, e...

Está começando a Copa das Confederações no Brasil, o grande ensaio geral para a Copa do Mundo 2014 !