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O sábado dos times baianos no Campeonato Brasileiro (Séries A e B ) não foi dos melhores, com nuvens plúmbeas e sem brilho algum.
À tarde, Barradão cheio e decorado de vermelho e preto, o Vitória ‘jogou pedra em santo' e tomou 2 x 0 do Atlético do Paraná. E levou mais um passeio de bola, que deixou indignada sua impaciente torcida, a gritar olé para os visitantes e a vaiar a equipe no final da partida.
O rubro-negro afastou-se um pouco mais da liderança e caiu para terceiro colocado na tabela de classificação. Certo, ainda não corre o risco de ficar de fora do grupo dos quatro que sobem para a Primeirona em 2013 mas o torcedor rubronegro vê o sonho de ser campeão de um torneio nacional cada dia mais difícil de se concretizar.
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Depois, o Bahia enfrentou o mistão do Corínthians, em São Paulo, e não conseguiu mais do que um empate ( 1 x 1 ), resultado que encurtou a sua distância para o Palmeiras, que é o primeiro da zona de rebaixamento, deixa o sinal amarelo aceso em Itinga e obriga o tricolor a buscar vencer a todo custo os jogos que seguem. Isso porque os adversários diretos do tricolor estão vencendo: o Palmeiras enfiou 2 x 0 no Cruzeiro , com dois gols do argentino Barcos. Aliás, esse argentino está fazendo a diferença, é um centroavante nato e goleador. Pois é de um homem-gol desse quilate que o tricolor necessita para vencer seus jogos.
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Objetividade x tico-tico
Na ‘boca da noite', em SP, não é que o Bahia tenha jogado mal, nada disso; até que marcou bem, ocupou os espaços, correu muito, tocou bem a bola mas... cadê penetração? Cadê os chutes a gol ? É preciso gostar de bater no gol, de chutar, de tentar ...
O Corínthians, mesmo atuando com vários atletas que não vêm jogando como titulares, manteve sua pegada, marcando forte e curto o campo inteiro e o jogo todo, procurando sempre o gol, criando oportunidades, chutando, arriscando sempre. Fez um jogo objetivo. Enquanto o tricolor fazia aquele futebol ‘tico-tico no fubá': marcava duro também, tomava a bola, trocava passes pela meiúca mas não conseguia penetrar, pouco chutou no gol corintiano. Então, diante disso, até que o resultado foi bom.
O primeiro gol aconteceu através da cobrança de uma penalidade máxima pelo meia Douglas; pênalti cometido infantilmente pelo zagueiro Danny Moraes num lance tolo, sem perigo para a meta defendida por Lomba. Até então o jogo era equilibrado e o ‘1 x 0' aconteceu aos 11 minutos. O time de branco se movimentava e o tricolor cercava, tomava a bola mas não achava o contragolpe, não criava chances de finalizar.
Por sorte e fruto de treinamentos, aos 32', Kléberson cobrou falta e Fahel meteu-se entre a zaga corintiana desviando do goleiro Cássio e, empatando o jogo: 1 x 1. Lomba fez duas belas defesas salvando a meta baiana ainda na primeira etapa.
Houve muita marcação, muita intensidade de jogo no segundo tempo, com o time paulista sempre mais adiantado, forçando, buscando o gol. A defesa baiana resistiu bem e o tricolor teve uma única chance aos 19 minutos.
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No Corínthians, destaques para Edenílson e para a postura de equipe que, mesmo sem todos os titulares, manteve a pegada, o ritmo que o treinador Tite exige. A partida serviu também para mostrar que uma boa equipe é composta por um plantel de qualidade, com bom preparo atlético, técnica, boa tática e vontade de ganhar. O ‘timão' dos paulistas é isso.
O torcedor corintiano já está antenado, como toda a equipe, no jogo contra o Chelsea, pelo título mundial, que acontecerá em dezembro... mas a galera dos ‘malucos' exige dedicação e bom futebol em campo. E o time corresponde com muita dedicação e briga pela bola.
No Bahia, destaque para o goleirão Lomba, uma vez mais praticando boas defesas; Neto, Titi, Fahel e Diones ... pela dedicação na marcação, pela garra; e Gabriel por alguns bons lampejos na primeira etapa.
Ao Bahia, na realidade, falta um bom plantel. A qualidade técnica de alguns ‘reservas' é bem inferior à capacidade dos chamados titulares. Helder faz falta, Souza também. O time precisa chutar em gol, porque, como diz o boleiro, ‘ quem não chuta não faz'. Os meias tricolores não arrematam, ninguém bate de fora da área. Os gols, poucos, saem de cobranças de falta ou escanteios, apenas. É pouco, muito pouco para um time que se diz grande e tem história.
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A próxima batalha, e a partir de agora toda ela é decisiva, será em Pituaçu contra o forte, perigoso e pegador time do Grêmio (treinado por Vanderley Luxemburgo) que disputa os primeiros lugares da tabela de classificação. É um time duro, forte fisicamente, bem treinado e que joga bem em qualquer lugar, não teme a torcida adversária. O tricolor baiano vai ter de correr e jogar muito para vencer os gaúchos.
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Cadê o Vitória ?
Aquele time que disparou na frente, ficou na liderança durante mais de 10 rodadas, que jogava um futebol objetivo, ofensivo, marcando em cima, com vontade de campeão ... parece que desbaratou-se nas últimas rodadas. O Vitória que jogou ‘bolinha de gude' contra o Atlético do Paraná é outro: mostrou-se mais uma vez um time sem fibra, sem jogadas, vacilão na defesa, marcando frouxo no meio e sem ameaçar o adversário na frente.
Será que sente falta de Neto Baiano, ainda ? Muitos jogadores importantes na equipe caíram de produção. Vi um Uéliton mal escalado, jogando de meia avançado, perdido, mal posicionado; os laterais nada criaram, a defesa não deu conta nos contragolpes dos paranaenses e o ataque... simplesmente não funcionou.
O dono do jogo foi o meia Elias, aquele mesmo camisa 10 formado no Bahia, canhoto, inteligente, de bom passe, bom chute... organizador de jogadas. Ele deitou e rolou, tomou conta da meia cancha e administrou a bola sobretudo na segunda etapa, quando o Atlético perdeu o lateral esquerdo, expulso aos 11 minutos , e teve de jogar até o final com um atleta a menos em campo. Nem parecia.
O primeiro tempo foi igual, um jogo disputado mas sem muita técnica, com poucas chances. A melhor oportunidade foi uma falta cobrada por Elias que bateu no travessão de Deola, espiando. E Só. Na segunda etapa, logo aos 4', Elias levou a zaga e bateu de direita, forte, já dentro da área e pelo lado direito, fazendo 1 x 0. Com a expulsão de Botelho, o time baiano foi pra cima, atabalhoadamente, e descuidou-se, abriu-se aos contragolpes bem engendrados por Elias. Aos 17', depois de uma boa trama pela direita, o atacante Marcão (aquele que jogou no Ipitanga) chegou antes da zaga e matou o jogo - 2 x 0. No mais, o rubro-negro partiu para o desespero de forma desordenada e não chegou à meta adversária.
O time baiano jogava de forma tão apática que o torcedor começou a abandonar o estádio a partir dos 20 minutos. A galera até gritou olé com a troca de passes dos visitantes, o time na roda, e vaiou muito no final.
Fica a pergunta: O que está acontecendo nos bastidores para que o time mostre uma queda tão brusca de qualidade no seu futebol ? Logo agora, na chegada final, na briga pelo título? Preocupa.
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O rubro-negro baiano pega o CRB de Alagoas, na terça-feira, em Maceió. É preciso vencer para garantir os pontos e definir matematicamente a classificação entre os quatro primeiros e a subida para a Série A / 2013. Quanto ao título de Campeão da Segundona... sei não. Com a bolinha que ta jogando, nem será vice.