Domingo tem capital x interior no baianão
Foto: Reuters |
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Bayern e a sombra do sobrenatural Almeida em vitória sensacional |
Aconteceu o improvável, o impensável, mas não o impossível: Barcelona e Real Madrid, tidas e havidas como as duas melhores equipes de futebol do planeta, estão fora da final da Copa dos Campeões da Europa. Vão disputar o título numa partida única em Munique, nos meados de maio, o Chelsea (Inglaterra) e o
Bayern (Alemanha).
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E o todo-poderoso Barcelona, o melhor time do mundo (título conquistado em campo naquela goleada sobre o Santos), aquela equipe encantadora de toque de bola envolvente que tem no elenco o melhor do planeta (Messi) e o terceiro melhor craque do mundo (Xavi), o Barça que tem sido comparado ao antigo Santos de Pelé e companhia foi eliminado pelo Chelsea em dois jogos incríveis.
Incríveis porque o time espanhol jogou mais, teve mais de 70 % de posse de bola, chutou no gol e criou seis vezes mais chances de gol que o adversário, e mais : enfiou bolas na traves, perdeu pênaltis e gols incríveis... Enquanto o time inglês se fechou, marcou obstinadamente o campo inteiro, teve um goleiro espetacular (Cech), contou muito com a sorte e, nos contragolpes, valendo-se de atuações soberbas de do centroavante Drogba ( e que atcante!) e do brasileiro Ramires, despachou o time catalão, calou o Camp Nou, deixou o mundo da bola perplexo. Que aconteceu? O que é o futebol! Por isso é uma esporte que encanta, que apaixona. Em nenhum outro esporte coletivo se vê com tanta freqüência uma equipe ser melhor, às vezes muito melhor em campo e ... perder.
Sem tirar os méritos do Chelsea, muito pelo contrário: o time inglês apostou num esquema defensivo, de aplicação total na marcação o campo inteiro, encurtando os espaços e explorando a velocidade nos raros contragolpes : ‘se deu de bem', com se diz em ‘baianês'
É preciso destacar atuações de jogadores como o goleiro Cech (é Tcheco e um dos melhores do mundo), o central veterano Terry, o lateral Cole, o meia Lampard, o ótimo e incansável Ramires(que golaço ele fez por cobertura!), o africano Drogba... Bom time.
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Quanto ao baixinho Messi, sinto dizer, mas ... enterrou o baba! No primeiro jogo, perdeu uma bola tola no meio campo e proporcionou o contragolpe do gol fatal inglês. No segundo jogo, em Barcelona, fugiu da área, limitou-se a armar e enfiar bolas; deu dois ou três ótimos passes, meteu uma de fora na trave mas... perdeu o pênalti que poderia ter decidido o jogo em favor do Barça e saiu de campo meio
que envergonhado. Parece fatigado de tanta bola.
No mais, como diria Nelson Rodrigues : aconteceram coisas em campo só explicáveis por conta do
‘Sobrenatural de Almeida'.
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Na hora agá, cadê eles?
Um dia depois da derrocada do Barcelona no Camp Nou, veio a queda do grande Real Madrid no seu
santuário, o Santiago Bernabéu. O ‘time do rei' tinha levado 2 x 1 do Bayern em Munique e poderia muito bem reverter o placar, pelo seu conhecido poderio em casa. Melhor, aos 13 minutos de jogo já estava com a vantagem de 2 x 0 -, um gol de pênalti convertido pelo Cristiano Ronaldo e, sete minutos depois, num vacilo de marcação da defesa alemã, o mesmo gajo português CR-7 fazia o segundo, livre
de marcação na entrada da área. Goleada?
Qual o quê ! Cristiano Ronaldo sumiu em campo, depois demarcar o gol e não acertou mais seus chutes,nem passes.
Já os alemães ... não se assustaram com o placar adverso, tampouco com barulhão das arquibancadas. Foram pra cima e diminuíram ainda na primeira etapa, após um pênalti tolo cometido pelo zagueirão luso-brasileiro Pepe no atacante alemão M.Gomes. A primeira etapa foi um jogaço de bola, disputado palmo a palmo em campo, com chances para os dois lados. Esse placar (2 x 1 ) , igual ao do primeiro jogo, levaria a partida à prorrogação e pênaltis.
A segunda etapa foi um jogo mais contido, de precaução, marcação e nada de gol. Zero também na
prorrogação; então, vieram os pênaltis: a hora dos goleiros, dois dos melhores do mundo : o espanhol Casillas e o alemão Neuer . Ambos defenderam duas penalidades.
Aí, na hora agá, quando mais se cobra a ‘responsa' do grande astro ... eis que ele falha bisonhamente e põe tudo a perder. Cristiano Ronaldo bateu mal, perdeu, e o brasileiro Kaká também viu seu chute previsível nas mãos de Neuer. Outro ídolo do Real e seleção espanhola, Sérgio Ramos, enfiou o pé e
meteu a pelota nas arquibancadas, para desolo madrilenho.
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No time de Madrid os melhores foram Casillas, o brasileiro Marcelo e o alemão Özil; no time de Munique, o goleiraço Neuer, o zagueiro Boateng, o lateral Hahn, o brasileiro Luis Gustavo, o sueco Robben e o meiocampista Sweisentagen (sempre acho que falta alguma letra por aí, mas o louro joga muito).
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Chelsea e Bayern não eram os favoritos, claro, mas mereceram ir à final, disputar o título. Porque futebol é jogado em campo, cada jogo é um jogo. E são duas equipes muito aplicadas taticamente, técnicas e com ótimos valores individuais. Não são ‘zebras'. São times que têm história. Agora, o favoritismo é do time alemão, até porque decide o título em casa. Mas vai ser um jogão de bola. Isso vai.
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Perfeita a arbitragem húngara no jogo Real X Bayern ! Será que algum árbitro brasileiro (baiano?) viu o jogo ? Até para prender como se apita.
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A diferença Outra lição para os tolos e mais novos que não viram o ‘Rei' Pelé em campo. Observei que nesses jogos decisivos, com a marcação dura e cerrada, sem achar espaços os grandes astros Messi e Cristiano Ronaldo se esconderam, recuaram, buscaram o meio campo para ‘fugir do pau'. Não é primeira vez que observo isso neles. Lembram-se da Copa da África do Sul? Às vezes os dois tremelicam, entregam, erram passes infantis, perdem gols e pênaltis, não chamam a responsabilidade do jogo para si. Não acreditam no próprio taco.
Então recordo-me de Pelé, que vi jogar, graças a Deus! Nessas ocasiões, o Negão ia para dentro da área, buscava o jogo, peitando os zagueirões, pedia a bola batendo no peito e dizendo para os companheiros: ‘Dê aqui, dê aqui que eu resolvo!'. E resolvia. Eis a diferença, meninos. Há sim uma abissal distância entre ‘Ele' e esses outros.
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Eh... Bahêa !
Na noite de quarta o tricolor baiano fez um joguinho infame ( 0 x 0 ) contra a Portuguesa de
Desportos, em São Paulo, pela Copa do Brasil. Um baba. Até que não foi um mau resultado, pois o placar é perfeitamente recuperável na próxima semana, no jogo de volta em Pituaçu; mas a bolinha que o time de Falcão jogou ... é de deixar o torcedor de cabelo em pé! Defesa horrível ( Tite e Donato batem cabeça ! ), o meio campo sem criar nada e um ataque nulo. Sò Lulinha jogou, tentou, buscou.
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E o tricolor, sem tempo para descansar ou treinar, já enfrenta no domingo, em Pituaçu, o valoroso time de Vitória da Conquista, jogo decisivo pelo ‘baianão'. Tem de vencer se sonha com o título baiano. O time do sudoeste ganhou a primeira, em casa, por 1 x 0 e deve vir à capital fechadinho, só nos
contragolpes. Meio arriado de jogos seguidos e viagem, o tricolor vai ter trabalho, vai ter de correr muito e mostrar um pouco mais de inspiração para vencer e passar adiante, ir para a final disputar o título que não vê há mais de 10 anos. O torcedor vai cobrar muito.
Temo pela zaga tricolor que vem falhando (sobretudo nas bolas alçadas na área), se posiciona mal e sai jogando pior ainda. A boa notícia para o torcedor é a volta do artilheiro Souza, há quase um mês fora de jogo em função de uma lesão muscular.
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Barradão no sábadoO Vitória recebe o tinhoso Feirense, sábado á tarde, no Barradão e tem de vencer também, se almeja ir à final, disputar o título, pois perdeu o primeiro confronto disputado em Senhor do Bonfim por 1 x 0. O rubronegro em casa é o favorito, claro, e o torcedor espera uma goleada
como aconteceu há cerca 15 dias (6 x 1 ) contra o mesmo adversário, no mesmo estádio. Mas cada jogo é um jogo e o Feirense promete surpreender, como o fez no calorão do sertão, lá no estádio Pedro Amorim.
O rubro-negro (ao contrário do Bahia) teve uma semana inteira para treinar, recuperar jogadores lesionados e deve entrar em campo com força máxima. A ‘galera' quer ver Neto Baiano, artilheiro do país nessa temporada, voltar a brocar no Barradão, onde ele costuma fazer sua festa.
Jogos decisivos no sábado e no domingo, portanto.