No Brasil, uma vergonha essa entrega no futebol
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Vergonha no Brasil com a entrega na bandeja de jogos na finais do campeonato |
Como era de se esperar, o Barcelona foi eleito o melhor time de futebol do planeta na primeira década deste século.
Quem teve a felicidade de ver nessa segunda-feira pela tevê os 5 x 0 que o Barça aplicou no Real Madrid, no Camp Nou , não se espanta com a escolha. Há muito não se vê um show de bola daqueles. O time catalão fez 2 x 0 no primeiro tempo tocando a bola de pé em pé, colocando literalmente na roda o time merengue da capital. No segundo tempo, quem esperava uma reação dos brancos dançou.
O Barcelona deu um chocolate. Foram 90 minutos de absoluto domínio, a bola sempre nos pés de Xavi, Iniesta, Daniel Alves e Messi - esse argentino que, sem dúvida é o melhor jogador da atualidade, aplicado, lépido, inteligente, surpreendente às vezes com suas enfiadas de bola milimétricas entre os zagueiros adversários.
O Barcelona do jovem treinador Guardiola resgata o velho futebol que vi jogar o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Cruzeiro de Tostão, o Flamengo de Zico ... Bola no chão, toques de primeira, objetividade, o jogo de bola como uma brincadeira de pura arte. Talento. Dá gosto ver o Barça em campo.
Não me lembro de notícia de o poderoso Real Madrid ter sido humilhado em campo dessa forma. O time de Casillas, Xabi Hernandes, Sergio, Cristiano Ronaldo... treinado pelo ‘melhor técnico do mundo', o Mourinho, simplesmente não viu a cor da bola em campo, não encontrou o adversário, não teve chances, levou um banho de técnica e de tática. Um show individual e coletivo. Inesquecível.
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Será que o treinadores brasileiros viram o jogo? Foi uma aula de como se deve jogar ofensivamente, sufocando o adversário no campo dele para retomar a bola e sair tocando, tocando, à espera de uma brecha para o passe decisivo. Um espetáculo de aplicação tática, de exuberância física, de leveza e habilidade com a bola nos pés.
E pensar que já jogamos assim...
Entendo que o futebol do Barcelona resume o que foi, no passado, o melhor do futebol brasileiro e argentino.
Detalhe: O time catalão acabou o jogo com oito (eu escrevi 8) jogadores crias da casa, advindos das divisões de base do clube. Dá pra entender.
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Vergonha do brasileirão
Enquanto isso, nos campos tupiniquins, final de campeonato brasileiro e... torcedores vão a campo agredir atletas dos seus próprios clubes, exigindo deles que percam as partidas , entreguem o jogo, para que os clubes rivais (em suas rixas paroquiais) não tenham chance de chegar ao título. Vergonhoso!
Vi pela tevê o jogo do Fluminense contra o Palmeiras, em São Paulo, e fiquei triste, amargurado. Alguns jogadores do Palmeiras (a exemplo de Kleber, o centroavante) nitidamente entregaram a bola e o jogo. Torcedores do ‘verdão' atiraram objetos e xingaram o goleiro Deola, do clube, que fez ótimas defesas, cumprindo seu dever profissional. Tudo para que o Flu vença o campeonato e tire logo qualquer possibilidade de o Corínthians conquistar o titulo no ano do centenário do Timão. E tome-lhe mala preta, mala branca, sujeira a rodo nos bastidores e arquibancadas.
Triste Brasil. A torcida reflete o descalabro ético em que vive o país. Os maus exemplos vêm de cima, de Brasília (os três poderes) e chegam às escolas, às favelas, aos campos de bola, às brincadeiras de criança...
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Também, esperar o quê de um futebol administrado coronelescamente por um tipo chamado Ricardo Teixeira, mais sujo do que pau de galinheiro segundo as notícias que varam o mundo ... atolado em falcatruas no sub-mundo dos altos negócios da bola.
Dá para acreditar numa Copa do mundo decente em 2014 ? Com essa gente?
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Na beira do purgatório
Domingo, no Barradão, o Vitória joga um ano inteiro em 90 minutos, contra o Atlético de Goiás. Se não vencer, cai para a segunda divisão, o que ninguém deseja, em nome do futebol baiano. Vai ser um Deus nos acuda pras bandas de Canabrava. Um Vitória na segundona enfraquece a Bahia, o Bahia também.
O rubronegro planejou errado.
Jogou tudo, todas as energias na Copa do Brasil, que perdeu para o Santos de Robinho e Neymar. Daí então ... foram erros pós erros, com trocas de treinadores, contratações mal feitas, decadência física, técnica e mental do time... até essa ameaça de nova queda para o purgatório... no qual o Bahia tanto penou e somente agora, este ano, por obra e graça dos céus, conseguiu sair. A torcida rubronegra tá com o fiofó no ponto, sem dormir.
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Roupa suja tricolor
Depois que conseguiu se safar da segundona, naquele belo jogo contra a Portuguesa, em Pituaçu, o Bahia, parece, mergulhou na sujeira do passado (nem tão longe assim). Fez dois jogos ridículos - a derrota em Pituaçu contra o rebaixado Santo André e encerrou a temporada com outra derrota vergonhosa, no Morumbi, contra o Bragantino.
Jogadores contrariados cobrando salários atrasados, bichos (premiação) prometidos e não pagos, atletas deitando falação nos microfones, outros fazendo corpo mole, sem querer ir a campo... e cinco atletas (ditos profissionais) até tomaram remédio (?) pra dormir em avião ( é mole ?) e ficar sem condições (médicas, em função do exame antidoping) de atuar no último jogo em SP. Cadê comando?
Coisa de timeco amador, apenas dois jogadores sentados no banco de reserva, atestado de falta de direção, irresponsabilidade pura.
Fica a inocente e preocupante pergunta: É essa gente que não cumpre com suas obrigações mínimas (pagar o que deve, uns, atuar e jogar outros) que pretende cuidar da primeira divisão, da elite, no ano em que o clube completa 80 anos de fundado?
O desmanche, com a debandada dos melhores atletas, já começou: Foram-se Adriano, Morais, Fernando, Jael ... quem fica? A torcida quer, exige o Campeonato Baiano! E não vai perdoar o vexame do cai-não-cai, de novo, para a segunda divisão.
É preciso respeito com essa torcida, minha gente! Respeito à história, às cores do Bahia.
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