O gramado do Estádio de Pituaçu virou campo de pasto
Foto: BJÁ |
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Até o jogo contra o Chile o gramado de Pituaçu servia. Agora, virou pasto |
Pelo falido (técnica e financeiramente) campeonato baiano, o líder absoluto, Vitória, passeou no vergonhoso gramado de Pituaçu e, mesmo jogando com o mistão, goleou por 4 x 0 o time cigano do Ipitanga, com três gols nos últimos cinco minutos.
Domingo próximo tem Ba x Vi por lá e a torcida rubronegra, empolgada, quer goleada. O time está sobrando no baianão, mesmo sem jogar essa bola toda.
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No também péssimo gramado de Madre de Deus ( a cerca de 50 km da capital), o time da casa empatou sem gols com o atabalhoado time do Bahêa, num joguinho infame. O tricolor da capital continua um bando em campo sem mostrar um mínimo de técnica ou inspiração.
O torcedor está cabreiro. Domingo tem Ba x Vi, o clássico, no pasto de roça de Pituaçu.
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O resultado surpreendente da rodada foi a goleada de 4 x 0 do outro Vitória, o de Conquista, em cima do bom time do Fluminense de Feira de Santana, lá no sudoeste.
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No final do jogo em Madre de Deus, uma notícia triste para o treinador Renato Portaluppi, do Bahia: o falecimento de sua mãe, Dona Maria Portaluppi, no Rio Grande do Sul. Ele saiu rápido do estádio, direto para o aeroporto.
É semana de clássico e, certamente, mais um problema nas hostes tricolores, em pandarecos. Salários atrasados, time sem padrão de jogo em campo, questões de relacionamento entre integrantes do departamento técnico, o gerente de futebol Elizeu Godoi totalmente desprestigiado, e muito questionamento sobre o ritmo e formas de treinamento lá em Itinga. Dizem que é só ‘rachão', todo dia, e isso tem reflexo na falta de esquema tático em campo.
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O ‘mangue' tricolor:A última ‘gafe' da diretoria tricolor foi a tentativa de contratação do ex-dirigente rubronegro Sinval Vieira, um Vitória de coração e nascença, que hoje é radialista e assessor da Sudesb.
Enquanto o presidente do Bahêa, Marcelo Guimarães Jr passeava de férias nos EUA, o pai-pai dele, Marcelão (ex-presidente do clube), junto com o dirigente do Conselho Deliberativo, Ruy Acciolli, paqueravam Sinval, fazendo propostas para ele assumir a direção de futebol tricolor. Nada feito, Sinval recusou, não topou descascar o abacaxi, segundo ele, muito mais amargo do que se imagina. Não é um novo diretor de futebol, no lugar de Elizeu Godoi, que vai por o Bahêa nos trilhos.
Não bastou o Paulo Carneirão? Coitado da Elizeu. O Bahêa é barril!
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O ex-treinador Gallo, demitido no ano passado, nada recebeu do clube e está ameaçando entrar na Justiça do Trabalho para receber o que tem direito e foi prometido. Depois dele, o Bahia teve Sérgio, Comelli, Bonamigo... quem mais, como treinador no ano passado? Se todos entrarem na Justiça Trabalhista, como Gallo, o Bahêa, falido, fecha as portas.
A torcida não merece tanta ‘baboseira'.
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Campos de várzeaQuem vê o futebol de outras praças pela TV constata que o nosso campeonato baiano é brigado, disputado, mas apresenta um nível técnico abaixo da média, ruim mesmo.
E um dos principais motivos de nosso péssimo futebol jogado em campo são os gramados - Feira, Pituaçu, Madre de Deus, Camaçari, Senhor do Bonfim, Ilhéus...
São campos de piso duro, gramado irregular, esburacados, cheio de tufos onde a bola não rola macia, quica, fica nervosa, engana, dificulta o domínio, o passe de primeira o chute a longa distância e ludibria o goleiro.
O que se vê são tropeços, choques, caneladas, trompaços, bicudas, chutões pra cima... e jogos de amargar. O campo ruim acarreta muitas vezes lesões nos tornozelos, nos joelhos, e entradas duras entre os atletas no afã de não perder a jogada.
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O jogo vira um baba, uma pelada de várzea. Campo de várzea, arbitragens de várzea e jogos de baixo nível. Por isso estamos lá nas rabadas, em termos nacionais. O Vitória entre os últimos da série A, o Bahia penando na rabeira da série B e os times do interior metendo vergonha nas séries c e d. É só rever o acontecido no ano que passou.
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É uma irresponsabilidade promover jogos profissionais em campos tão mal cuidados. Os atletas não conseguem dominar a pelota de primeira, não acertam o passe, não conseguem uma tabela e nem tentam o chute de longe. Eles temem, brigam com a bola. Quem algum dia bateu uma bolinha sabe do que estou falando.
E vêm aí as chuvas de março/abril, o inverno... O que esperamos?
Agora descobriram que há pragas em Pituaçu. Vamos ao tratamento adequado, se é que alguém sabe o que fazer. Por que isso não acontecia na Fonte Nova?
Alô Bobô ! O presidente da FBF, Sr Ednaldo Rodrigues não pode ficar calado, como se não nada fosse com ele.
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A diretoria do Vitória, esperta, fechou o Barradão para dar um trato no piso de lá que, já no ano de 2009, foi muito criticado pelos times do Sul que aqui jogaram. E olha que o gramado do Barradão, diante disso que vemos hoje, estava uma maravilha.
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Superioridade rubronegraO que tem feito a diferença no futebol baiano, entre o Bahia e o Vitória, é a formação do plantel desses clubes, além de uma administração mais profissional.
O tricolor, apesar de toda a sua história, há anos é um time de aluguel. São atletas que entram e saem, mal vestem a camisa e não criam qualquer identidade com o clube, sequer se tornam referência para o torcedor, com raríssimas exceções. Cadê o ídolo? A torcida reclama do ‘corpo mole'. Eles, atletas e funcionários do clube, dos salários atrasados. Até quando, Marcelo Guimarães Jr e Cia?
Mudando de lado...
Já o rubronegro vem mantendo uma base de jogadores identificados com o clube.
O goleiro colombiano Viáfara, por exemplo, já cumpriu o feito de 100 jogos como titular, vestindo a camisa nº 1 do time, feliz da vida. É um ídolo da galera. E tem Ramon, o ‘Reizinho' da Toca, sempre decisivo. E ainda o valente Vanderson, o bom Bida, ambos fazendo história. E mais os jovens e bons zagueiros Wallace e Anderson Martins, pratas da casa, ídolos. Sem falar no treinador, Ricardo Silva, um funcionário antigo da agremiação, que conhece tudo lá dentro, jogador por jogador, acompanhando-os desde cedo nas divisões de base, integrado.
O torcedor rubronegro escala o time de cor, as mexidas são poucas, aqui e ali. Os salários são pagos em dia e os atletas vestem a camisa de verdade. Assim se firmou uma superioridade fora e dentro de campo. Desde o século passado.
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Domingo , dia 28, o Ba x Vi pode até dar ‘zebra', porque todo clássico é imprevisível. O emocional, a sorte e o imponderável às vezes decidem ... Mas o Vitória é, mais uma vez, o favorito, porque é mais time. Vem sendo assim, tem tempo.
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Antes, na quarta, pela Copa do Brasil, o rubronegro baiano vai a Maceió enfrentar o Coríntians de Alagoas, time da série D do campeonato nacional. A diferença técnica é grande. O Vitória é time de série A.
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Pobre e podre latinha
Há uma turminha de falsos profissionais no rádio esportivo baiano que só empobrece ainda mais o nosso já indigente futebol. Sem idéia da responsabilidade de um microfone nas mãos para bem informar, alguns preferem a futrica, a infâmia, a puxação de saco.
Há os que dizem que cobrem o clube mas não vão aos treinos, mal sabem escalar o time que deviam cobrir. E os que gostam de escalar e queimar atletas, derrubar treinador... são peritos nessas tarefas, às vezes a serviço de outros interesses. E ainda os que são agentes e empresários de jogador, os que se tornam amigos de dirigentes, por interesses que desconhecemos.
Credibilidade? Alguns noticiários viraram baixaria pura. Ética, fidelidade à informação, preocupação com a notícia verdadeira e com o ouvinte... alguém sabe o que é isso?
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A Copa do Mundo 2014 vem aí. Precisamos melhorar o nível também de nossas coberturas esportivas ou passamos vergonha. Há ‘profissionais' do microfone que mal falam o vernáculo, se expressam mal, erram pronúncia, concordâncias e mostram-se desinformados do passado, desconhecem a história do nosso futebol. O que se ouve... entristece. Claro, há exceções, alguns têm bom currículo, mas...
Sinto saudades, de verdade, da inteligência, da lucidez, da competência e, sobretudo, da dignidade do inesquecível Armando Oliveira! Que Deus o tenha.
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