Foi uma das principais pinturas da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Um dos mais mágicos também. Na sexta-feira, ao anoitecer, um cavaleiro com a bandeira olímpica subiu todo o Sena, da Île Saint-Louis ao Trocadéro, num cavalo articulado de metal. Uma sequência que representa a irrupção de “Sequana, deusa do rio e símbolo da resistência”, que aos poucos espalhou o “espírito olímpico” em seu rastro, segundo Thomas Jolly. O suficiente para encantar muitos espectadores rave nas redes sociais.

Mas de onde veio essa criação original, que parecia girar acima do rio? Na noite de sexta-feira, a metrópole de Nantes desvendou o mistério, indicando o seu orgulho em ver as criações locais majestosas em Paris, e especificou que este cavaleiro que representa “a cavalgada de Zeus” veio da imaginação da oficina Blam. Criado em 2015 em Nantes, é dirigido por Aurélien Meyer, que também é seu diretor artístico. Tendo estudado na École supérieure de Beaux-arts de Nantes, foi nomeadamente um “designer e construtor de máquinas especiais” na empresa La Machine - conhecida na cidade dos duques por ter criado nomeadamente o famoso Grande Elefante de Nantes. Uma experiência que pode ter inspirado a criação revelada na noite de sexta-feira.

Concretamente, a oficina Blam afirma ser “especializada na concepção e fabrico de sofisticados dispositivos técnicos e artísticos. Sua área de atuação combina diversas escalas e profissões; da arquitetura à engenharia, passando por intervenções artísticas e instalações in situ”, indica a empresa, que conta apenas com cerca de quinze colaboradores. As suas equipas estão nomeadamente por trás de três anéis instalados na Place Charles VII, em Poitiers, das novas fontes dos Champs-Élysées, bem como do mobiliário interior e exterior da Bourse du Commerce de François Pinault, em Paris.

Em breve em exibição na sede global da Sanofi

A construção deste cavalo articulado de 1m80 levou “um ano de trabalho”, disse a oficina à AFP. “Está equipado com um sistema de flutuação criado especificamente para as necessidades da cerimónia de abertura pelos arquitectos navais de Quiberon (oeste de França). O mecanismo transcreve com a maior precisão possível os movimentos do galope de um cavalo”, disse a agência.

Aclamada pelos espectadores, esta criação, que trouxe simbolicamente a bandeira olímpica e o espírito da competição para casa, é, sem surpresa, um motivo de orgulho para o povo de Nantes. “O Atelier Blam combina poesia e criatividade, design e inovação tecnológica numa busca comprometida pelo belo, pelo espetacular e pelo sensível. [...] Meço o orgulho e a oportunidade que temos em Nantes de ter tais competências e talentos”, disse a presidente da cidade, Johanna Rolland, citada num comunicado de imprensa. Já quem quiser ver mais de perto esta criação mágica terá em breve a oportunidade: no sábado, a Sanofi, parceira do Paris 2024, anunciou que o cavalo estaria exposto na “Maison Sanofi, a nossa sede mundial em Paris”. E isso, a partir de outubro próximo, segundo Cojo.