Alguns devotos mais fanáticos ainda foram ao aeroporto de Brasilia, mas, ele sequer apareceu no saguão para cumprimentá-los e saiu direto para uma reunião na sede do PL.
O que se depreende disso tudo é que Bolsonaro, desde que foi derrotado no segundo turno para Lula, sentiu o golpe e acautelou-se uma vez que não tinha apoio do Poder Judiciário e provavelmente temeu que se insuflasse os ânimos das forças de direita que estavam acampadas em frente a vários quartéis do Exército, poderia ser preso. Fechou-se em copas. Dia 30 de dezembro partiu para os Estados Unidos onde permaneceu 89 dias tempo permitido a turista sem a necessidade de um visto.
E, nesse periodo no solo norte-americano também se comportou discretamente sequer sendo enfático num presumível apoio a mais de um milhar dos seus seguidores que foram presos por ordem do ministro Alexandre de Moraes (STF), não quebraram nada no 8 de janeiro, mas, pregavam uma intervenção das Forças Armadas no governo nascente.
Isso teve um efeito avassalador em seu eleitorado, uma desconfiança que se propagou na velocidade da luz pelas redes sociais deixando-o parcialmente órfão. Há, ainda, os que seguem a sua cartilha. Mas, creio, a maioria não o seguirá mais. Quer uma nova alternativa, ainda sem um nome no horizonte, e pesquisa recente divulgada no Brasil mostrou que algo novo precisa surgir no país nem à direita; nem à esquerda.
Bolsonaro ao chegar no Brasil se reuniu com vários de seus aliados, entre eles, deputados e ex-ministros, para quem discursou, segundo imagens divulgadas pelo partido. Garantiu que "eles não vão fazer o que bem querem" do país, se referindo ao governo Lula. "Nós somos aproximadamente 20% das bancadas", afirmou em relação a seu partido e outros conservadores, acrescentando que são maioria e querem o melhor para o país. Antes de embarcar na quarta-feira em Orlando, falou que pretende percorrer o país com até três viagens mensais e se preparar para as eleições municipais de 2024.
O que falou, até agora, é tudo muito vago, sem assumir uma posição de opositor maior a Lula. Nos seus calcanhares estorou esse escândalo das jóias da Arábia Saudita a cada dia mais borbulhante. No dia de seu retorno ao país, a defesa do ex-presidente acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) para informar que vai entregar ao órgão um conjunto de joias recebido pelo ex-presidente em 2019, em viagem feita ao Catar e à Arábia Saudita. Este conjunto foi recebido em mãos pelo próprio Bolsonaro. O estojo inclui um relógio da marca Rolex, uma caneta, abotoaduras e outros itens em ouro e brilhantes. O pacote, estimado em pelo menos R$ 500 mil, ficou guardado em uma fazenda do ex-piloto Nelson Piquet, em Brasília.
O "mito" portanto, está chamuscado e ninguém sabe, ao certo, quando começará sua peregrinação pelo país. Diz-se que se iniciará pela Bahia onde, da bancada de 4 deputados estaduais que o PL elegeu no Estado, dois já aderiram ao governo Jerônimo Rodrigues (PT).
Então, só o tempo dirá se as recepções que obteve em 2018 e ainda em 2022 se se repetirão em 2023. Não creio. Há muita desconfiança nele diante do seu comportamento mutante e pelo fato de que não ter cumprido a maioria das promessas que o levaram ao poder, em 2018. São muitos os exemplos de suas derrapagens e as estatais tipo Correios, Petrobras, TV Brasil etc etc estão vivas e sugando os recursos dos brasileiros produtivos.
Ademais, se já foi dificil para ele fazer uma campanha sentado na cadeira da presidência para sua reeleição, imaginem agora e no futuro, Lula no trono e com irrestrito apoio do Judiciário e de parte do Legislativo, e programas sociais no modelo combate à fome, Bolsa Familia gorda, Minha Casa Minha Vida e sindicatos aderentes.
Não creio que Bolsonaro venha a sobreviver na política como o grande lider no enfrentamento a Lula e aliados. Seu tempo passou e quando estava no poder não soube aproveitá-lo racionalmente preferindo o deboche, o negacionismo na pandaemia da Covid e outros momentos histriônicos. Fez alguma coisa de boa, sim, em especial a Reforma da Previdência, mas isso foi pouco.
É só olhar sua atuação para a Bahia. Não há um projeto relevante concluido. NO Brasil do mesmo modo. nada significativo e, por azar, ainda surgiu a pandemia da coronavirus que levou 700.000 brasis às covas com imagens diarias na TV atormentadoras. (TF)