Dissemos que foi uma vitória de Rui pelo histórico da campanha, o PT inicialmente lançando Jaques Wagner como pré-candidato a governador, ação que teria sido comandada pelo senador e pelo presidente do PT no Estado, Éden Valadares, que era seu seu assessor; e posteriormente, numa reunião em SP com Lula da Silva lançou-se o nome de Otto Alencar. Rui não deu ouvidos a pré-candidatura de Wagner, fez de conta que não era com ele; e quando o nome de Otto foi à exposição, deputados federais petistas ligados a Wagner o bombardearam como "este não".
Rui, então, sem explicitamente vetar Wagner e sem comentar nada sobre Otto, lançou Jerônimo e disse em alto e bom som que seria o candidato. Wagner recolheu-se e Otto disse, até para não causar desconfortos, que nunca foi pré-candidato nem almejava sê=lo. Na Convenção, Rui emplacou Jerônimo e acalmou os animidos de Wagner e Otto que se integraram a campanha.
Veio o episódio Leão. João Leão era vice governador de Rui, secretário do Planejamento, e queria ser candidato a governador. Nunca teve apoio para isso, nem de Rui; nem de Otto; muito menos do PCdoB e PSB. Quando se sentiu isolado, pois nem mais a vice teria com Jerônimo, migrou para ACM Neto e colocou seu filho Cacá Leão para ser candidato ao Senado saindo candidato a deputado federal. E levou consigo, uma boa parte do PP.
Com a brecha aberta, os irmãos Vieira Lima, Geddel e Lúcio, insatisfeitos com ACM Neto, teriam procurado Wagner e colocaram Geraldo Jr, presidente da CMS e até então aliado de Neto, para ser o vice de Jerônimo. Consultado Rui, o governador aceitou. Do ponto de vista eleitoral nada mudava dada a pouca densidade eleitoral do MDB e de Geraldo Jr, mas do ponto de vista político fez grande efeito, no sentido de que desmantelou uma perna de ACM Neto.
A política se ganha com a política e o governador Rui jogou todo esforço nessa direção com a máquina estatal azeitada e bem direcionada para garantir, ao menos, alianças com o PP que não seguiu com Leão, controlando o PCdoB e PSB que sequer falaram na possibilidade de terem candidatos a governador ou a vice, e tocou o barco com Jerônimo, o qual sem ser do ramo político e noviço em palaques e debates, de articulação zero no campo da política, em compensação era um nome novo, sem rabo, e o mais que se pode falar dele, o seu adversário, era que significava uma pessoa despreparada.
Isso, no entanto, num colégio eleitoral de 10 milhões de eleitores, 417 municípios, a maioria controlado por cabos eleitorais e os sistemas partidários não tem resultados práticos, salvo entre o público mais esclarecido e nas grandes cidades. Jerônimo, por posto, venveu em 364 municípios dos 417 da Bahia, n'alguns deles, de baixa escolaridade como Iuiu e Presidente Dutra com 89.45% e 84.16% dos votos; e isso aconteceu na maioria. Foi ai que Jerônimo levou o pleito para ACM Neto, no total, com uma diferença de 2.82%.
Foi uma vitória significativa para Rui Costa - porque uma vitória é sempre relevante - mas é só olhar 2018 quando Rui venceu José Ronaldo com 76% dos votos uma diferença de 52% dos votos. E ACM Neto que no 1º turno ficou atrás de Jerônimo mais de 700 mil votos perdeu o pleito com uma diferença de 473.441 votos vencendo nos grandes colégios eleitorais e melhorando seu desempenho em Salvador onde obteve 64.51% dos votos 11.72% a mais do que no 1º turno.
Já tínhamos dito que esta seria a eleição mais difícil do PT no Estado, uma vez que Wagner e Rui ganharam os 4 pleitos a partir de 2006, no primeiro turno, mas ainda assim haveria êxito diante da estrutura montada pelo petismo, referendada na recente fala de Rui, de um "governo para cuidar de gente". Isto é, um projeto de poder com forte assistencialismo, apoio a agricultura famliar, policlínicas, casas de farinha, bolsa de toda natureza e assim por diante.
Jerônimo, em sua fala inicial como governador, destacou exatamente este ponto de "cuidar da fome". Será, portanto, um governo de continuidade ao que vem sendo praticado há 16 anos no estado.