Colunistas / Política
Tasso Franco

BAHIA VIRA CURRAL ELEITORAL DE LULA E DÁ MAIS DO QUE RECEBE DO PETISTA

Um projeto de poder na Bahia que vem dando certo
12/10/2022 às 11:59
     1. A Bahia se tornou o curral eleitoral de Lula. Ele obteve no primeiro turno 69.5% dos votos válidos, muito além do candidato petista ao governo do Estado Jerônimo Rodrigues que conseguiu 49.4% e até sobre o senador Otto Alencar (PSD), reeleito com 58%. 

  2. Que fenômeno é esse de Lula na Bahia que teve o maior número absoluto (num estado) de votos à frente de Bolsonaro, 3.8 milhões no total. Um assombro uma vez que, no Brasil, a diferença de Lula para Bolsonaro foi de 6.2 milhões de votos, o que significa dizer que a Bahia deu um pouco mais da metade deste total.

   3. O curioso é que Lula nunca deu atenção a Bahia como deveria. Em 2002, quando eleito pela primeira vez presidente passou 1 ano sem vim a Bahia e, de quebra, paralisou as obras do metrô de Salvador e foi a Feira de Santana. As obras do Metrosal só retomaram em 2005 quando o PT aderiu ao governo do prefeito João Henrique, e Nelson Pelegrino era o líder do PT na Câmara. 

   4. As obras esrruturantes do governo federal nos periodos Lula/Dilma nunca sairam do papel efetivamente: a FIOl, a Transposição das Águas do Rio São Francisco, o Baixio de Irecê. A obra mais importante do PT no estado, em termos de inovações tecnológicas, é a planta eólica criada por James Correia, no governo Wagner. Mais um mérito estadual, em si.
   
   5. Lula, no primeiro turno, só veio a Salvador no último dia da eleição. Ao que tudo indica não acreditava na eleição de Jerônimo e sua visita ao Bonfim não fez efeito algum ao esforço de Rui/Otto/Wagner em eleger Jerônimo, até porque o programa eleitoral na TV já havia sido encerrado e as imagens Lula/Jerônimo não puderam ser utilizadas na televisão.

   6. Atribuiu-se essa votação extraordinária de Lula na Bahia a estrutura política eleitoral montada por Wagner/Otto/Leão/Rui ainda no primeiro governo Wagner com forte presença no interior com ajudas de bolsas de toda natureza, hospitais, policlinicas e caixas d'água. Um assistencialismo programático aos mais pobres que vem funcionando muito bem com suporte a agricultra familiar. Um projeto de poder bem estrturado. 
   
   7. Agora, no segundo turno, Lula precisa mais da Bahia do que vice-versa. Wagner diz que ele pode ter 75% dos votos válidos no segundo turno o que é pouco provável (Haddad teve 73%) porque há um sentimento bolsonarista no ar, ainda que ACM Neto não tenha bandeado para o bolsonarismo.

  8. Será de bom tamanho se Lula conseguir manter os 70% dos votos válidos. Bolsonaro, de sua parte, também precisa da Bahia, embora não tanto quanto Lula, e se chegar a 35% dos válidos no estado será um bom avanço. Há uma incógnita no ar: não se sabe se os carlistas irão votar nele em peso e se os bolsonaristas farão o mesmo com ACM Neto. Essa aproximação está sendo telepática e isso, em política, não funciona.