A expectativa é grande, pois, no primeiro turno, a coligação da esquerda liderada por Jean-Luc Mélenchon avançou no primeiro turno ao igualar a maioria presidencial, do presidente Emmanuel Macron.
Para entender esse cenário na política francesa, o país é uma República democrática semi-presidencialista. O presidente é eleito pelo voto direto e Emmanuel Macron foi reeleito no último dia 24 de abril, obtendo 58,2% dos votos válidos diante de 41,8% da candidata da extrema direita, Marine Le Pen.
As legislativas que se iniciaram domingo último elege os membros do Senado e da Assembleia Nacional. O Parlamento segue o sistema bicameral, ou seja, possui duas câmaras independentes. Nesse caso, se assemelha do Brasil. O Senado (câmara alta) é composto por 348 senadores eleitos indiretamente; e a Assembleia Nacional (câmara baixa), composta por 577 deputados eleitos em dois turnos (chamados de duas voltas).
A diferença para o Brasil é que o sistema político brasileiro é presidencialismo puro, eleito pela população em dois turnos, cabendo ao eleito nomear os ministros e integrantes dos tribunas. Na França o voto não é obrigatório e no último sábado, a abstenção foi de mais de 58%. No Brasil, o voto é obrigatorio.
No Brasil, também, as eleições presidenciais que acontecerão em 2 de outubro próximo coincidem com as eleições para o Senado, Câmara dos Deputados, governadores e Assembleias Legislativas, sendo que, para presidente (dois turnos) e para o Congresso e Legislativas apenas um turno.
Na França, as eleições são separadas. A do presidene aconteceu em abril último com vitória de Macron, reeleito, em 24 de abril. As legislativas aconteceram o primeiro turno no último dia 12 e o segundo turno domingo, 19.
No primeiro turno, a Nova União Ecológica e Social Popular (Nupes, obteve 26,10%) está um pouco à frente do Juntos! (25,81%), enquanto o Rally Nacional (RN) - a direita- vem em terceiro (18,67%), o Republicanos-União dos Democratas e Independentes, quarto (LR-UDI, 11,31%) e Reconquista!, quinto (4,25%).
Curioso é que, na eleição presidencial o Reagrupamento Nacional (Raly), de Marine Le Pen, foi quem disputou o segundo turno contra Macron. Agora, nas legislativas, o Nupes - que abriga os Verdes, o PS (Socialista) e o França Insubmissa (FI) - ficou à frente do RN de Le Pen.
A primeira-ministra, Elisabeth Borne, recentemente nomeada por Macrou. declarou na segunda-feira: “A nossa posição não é voz do RN. E para o Nupes, se estamos lidando com um candidato que não respeita os valores republicanos, que insulta nossos policiais, que pede para não apoiar mais a Ucrânia, que quer sair da Europa, então não vamos deixar de votar nele. ”, continuou a Sra. Borne, que se destacou em seu distrito eleitoral em Calvados.
Poucas horas após os resultados do primeiro turno, o Ministério do Interior e o Nupes travaram uma batalha de números. A aliança de partidos de esquerda acusa a Place Beauvau de "manipulação" por não ter contado todos os votos que considera voltar para ela no primeiro turno das eleições legislativas.
No momento - e a até domingo próximo - vive-se a fase de acusações mútuas e desconfiança em relação a extrema-equerda e a direita. O eleitor é quem vai decidir isso no domingo, 19, e os macronistas esperam que o presidente entre mais na campanha para evitar o que consideram o pior para a França.
De toda sorte, o recado já foi dado no primeiro turno e o Nupes se aproximou da conquista do poder. O sonho de Melechon é ser primeiro ministro, o que seria um calo no sapato de Marcon, ou governar com um 'premier' com ideias diferentes do centrismo. (TF)