Erram, mais uma vez, na abordagem da matéria política, que é complexa, mas, cujos únicos atores do petismo envolvidos são Wagner e Rui. Colocar Leão nesse meio ou o senador Otto Alencar (PSD) como inicialmente foi colocado, assim que seu nome foi lançado a governador após o encontro com Lula, em São Paulo, e recebeu o veto do petismo são erros grosseiros em política.
Fato consumado, Leão rompido, Otto realinhado como candidato ao Senado e Jerônimo (PT) pré-lançado candidato a governador (ainda não engolido pela turma de Wagner até que Lula referende), o governador Rui Costa, em Almadinha, afirmou sem dizer para quem estava direcionado a flechada, que "ninguém coloca faca no seu pescoço".
Ora, indiretamente, a flecha foi lançada para minar a moral de Leão, o qual, imediatamente, respondeu que, quem colocou a faca no pescoço de Rui foi Wagner.
O governador engoliu a seco a resposta de Leão e postou uma foto ao lado de Wagner, nas redes sociais, parabenizando-o pelo seu aniversário e enaltecendo sua condição de companheiro.
Ou seja, querer transformar o "limão" numa "limonada" com declaração desse nível dada por Rui, não cola.
Na sequência, tudo nesta semana, o presidente do Partido dos Trabalhadores da Bahia, Éden Valadares, afirmou que a saída do Partido Progressistas (PP), aliado por 14 anos do projeto do governador Rui Costa, de Lula e Jaques Wagner no estado, foi motivado pelo apoio da sigla na Bahia ao presidente Jair Bolsonaro.
“Após 14 anos de apoio, o PP abandona o projeto de Lula e Rui na Bahia. O que aconteceu? Prevaleceu a opinião do PP bolsonarista? Foram convencidos por Ciro Nogueira e Arthur Lira? O fato é que deixam de trilhar o caminho de Lula para marchar ao lado de Bolsonaro e aliados na Bahia”, disse Éden.
Donde tirou esdrúxula afirmação não se sabe. Disse, também, numa emissora de rádio que a relação entre o governador Rui Costa e o Senador Jaques Wagner segue sendo de amizade e parceria política.
Nesse campo, Éden tem até razão. Wagner não vai romper com Rui e vice-versa, até porque são "criador" e "criatura", e acima deles esta Lula que deseja eleger-se presidente da República e precisa de uma casa baiana pacificada. Mas, as relações de ambos não são as mesmas.
Quem teria criado essa dissidência não há consenso. Os wagneristas dizem que foi Rui na medida em que, lá atrás, meados de 2021, dizia que não representava um "sacrifício" ficar até o final do seu mandato e sim um "privilégio". Em sendo assim, Wagner vendo a porteira governamental fechada até 31 de dezembro de 2022, lançou sua pré-candidatura a governador.
Rui não teria gostado, mas, nada disse. No entanto, ficou indiferente, e nunca deu uma palavra de apoio a Wagner, entendendo setores do PT que o governador já estaria trabalhando o nome de Jerônimo, na surdina, lançando uma série de colégios no interior do estado. O entendimento dos ruistas é de que Wagner colocou o carro à frente dos bois muito cedo.
Nesse interim, Leão disse que também gostaria de ser candidato a governador. Rui seguiu mudo. O único que não manifestou interesse em ser candidato a governador foi o senador Otto Alencar (PSD).
O tempo passou e chegou fevereiro de 2022 momento de decisões e Rui manifestou o desejo de ser candidato ao Senado. Ora, sendo assim, Wagner que também é do PT, não poderia ser candidato a governador.
É a partir desse imbróglio que surge a "Operação Tabajara", o encontro com Lula em SP e uma nova arrumação com Otto, candidato a governador; Rui ao Senado; Leão no governo por 8 meses e com direito do PP indicar o vice.
Lançada a chapa pela imprensa os petistas wagnerianos saíram a campo queimando Otto e, este, sem consenso, recuou. E, na cola, Wagner, na entrevista da Metrópole, disse que renunciava a candidatura em nome de outro petista, o que significava a fritura de Leão. Rui concordou e emplacou Jerônimo. Otto se acalmou, Wagner submergiu e Leão rompeu ficando bem claro para a população que ele era a vitima e não o móvel.
Hoje, Rui cometeu mais um erro político ao dizer que “o povo vai julgar o que é gratidão e o que é ingratidão. O povo vai julgar quem mudou a camisa do time aos 45 minutos do 2º tempo e quem não mudou”. Jerônimo foi mais inteligente e desejou boa sorte a Leão.
É isso que comentamos no conjunto do texto: taxar João Leão de ingrato, traidor, bolsonarista e coisas do gênero não cola. Os fatos mostram que não foi ele quem criou todo esse rolo e sim Wagner/Rui ou Rui/Wagner. Nunca saberemos quem dos dois começou primeiro. Mas, foram eles, os responsáveis pelo afastamento de Leão da base governista.
Agora, também, é preciso tem muito cuidado para não magoar o senador Otto Alencar(PSD), o qual, segue na base, porém, não vemos nele e nos seus partidários muito entusiasmo. (TF)