Na Venezuela - que é diferente do Brasil por ser uma ditadura - os protestos são favoráveis a Nicolás Maduro - herdeiro de Hugo Chavez - e contra Maduro organizados por Juan Guaidó, ex-presidente da Assembleia Nacional (legislativo), que já foi considerado um segundo presidente do país, sem poder.
No Brasil, boa parte da midia ainda não entronizou o ex-presidente Lula como interino - no estilo Guaidó - e ele não assumiu esse papel porque é uma raposa política felpuda e sabe que, dessa forma, não funciona. Seria um 'presidente' sem tinta na caneta, tal Gauidó.
Aposta, pois, no desgaste de Bolsonaro e seu governo - o que já vem ocorrendo - e quer levar no voto, em outubro de 2022. Sua estratégia está correta. Nos últimos tempos, no entanto, o PT que era contra impeachment - previso na Constituição - escaldado com o fim do governo Dilma Rousseff e que considerava esse procedimento constitucional como um golpe resolveu mudar de ideia e apoiar o Fora Bolsonaro logo agora.
Por que o PT mudou de ideia? Temendo, óbvio, que Bolsonaro se organize no governo, realinhe a sua politica social e econômica voltada para os desejos populares e para a classe média, e volte a ser competitivo na urna. E, em sendo assim, ganhe a eleição de 2022 repetindo o que aconteceu em 2018, no voto, sem a sombra de um golpe de estado. As manifestações do 7 de setembro tiveram esse espectro, mas, não funcionou.
As Forças Armadas ficaram em silêncio e Bolsonaro teve que recuar com uma assessoria de Michel Temer, retratando-se junto ao ministro do STF, Alexandre de Morais, a quem havia chamado de 'vagabundo' e não iria cumprir decisões do Supremo.
Foi esse aparente vazio que deu margem a oposição realizar as duas novas manifestções contra Bolsonaro no sentido de forçar a presidência da Câmara a movimentar os pedidos de impeachment e partir da força das ruas. Ao que parece, isso também não está servindo para nada e voltamos, então, a Venezuela.
É assim que por lá acontece. Os movimentos contra Nicolás Maduro levam muito gente às ruas, mas, não abalam a estrutura montada pelo socialismo bolivariano. A diferença - óbvio - é que na Venezuela o regime é ditatorial e Maduro não tem data para deixar o governo.
No Brasil, por ser uma democracia, essa data é outubro de 2022. Ao que vemos, de nada estão adiantando esses movimentos pró e contra Bolsonaro, salvo para mostrar as farinhas no saco de cada qual, no estilo, eu tenho a força ao que o outro responde: eu também tenho a força. O que se verá, em 2022, é exatamente essa medição através do voto e de nada adiantam esses movimentos pró-impeachment.
Por enquanto, quem decide, a maioria da população, ainda não participa nem de movimentos pró Bolsonaro; nem contra. O que se viu ontem, por posto, são as mesmas pessoas de outrem - sindicalistas, professores universitários, agregados de governos de esquerda e defensores de estatais - uma esquerda perdida, sem rumo, sustentado-se em apelos subjetivos acusatórios do fascismo.
Em síntese: Bolsonaro seque no poder e as urnas de 2022 é que vão decidir o seu destino.