A declaração de Gleci aponta para uma desunião da base governista de Rui Costa (PT), o que se sabia nos bastidores da política haver apenas algum ruído
Em nota distribuida à imprensa baiana o diretório estadual da Bahia destacou que, "em visita à sede do Partido dos Trabalhadores da Bahia, na tarde de sexta-feira, 27, a presidenta do PT, Gleise Hoffmann, fez uma avaliação positiva sobre a visita de Lula ao estado e afirmou que o nome de Jaques Wagner, apresentado pelo PT à base aliada na Bahia e à sociedade, é o mais indicado para manter a aliança de partidos.
“As atividades da militância foram maravilhosas, o Lula saiu muito feliz. A agenda do Nordeste toda foi muito boa, e aqui foi muito bom. As conversas da política, o ato no Ilê Aiyê foi muito legal, o diálogo com os movimentos sociais. Estamos procurando fazer uma agenda de conversa com todos os setores, com todas as lideranças políticas que quiserem conversar”, disse a presidenta, ao destacar que, na Bahia, “Wagner tem condição de unificar o grupo”.
A declaração de Glece aponta para uma desunião da base governista de Rui Costa (PT), o que se sabia nos bastidores da política haver apenas algum ruído desde que o PT apresentou aos partidos aliados – PSB, PSD, PP, PCdoB, Avante e Podemos, dentre outros – o nome do senador Jaques Wagner como pré-candidato ao governo da Bahia. E que, agora, o ruído se torna público, na fala de Hoffmann, e com uma dimensão até maior do que se imaginava.
Quando ela diz que "Wagner tem condições de unificar o grupo" aponta que Rui não estaria conseguindo fazê-lo e expôe ao campo político da base governista que, a disposição do vice governador João Leão (PP) em ser o cabeça da chapa a governador da Bahia é sintomática de que houve um trincamento, ao menos, na aliança dos partidos.
Na opnião do diretório do PT, também na nota, há a revelação de que,"Wagner reúne as melhores condições, tanto por sua experiência como gestor quanto pela sua capacidade de articulação, para manter a base unida e dar continuidade à transformação democrática e inclusão social, inauguradas pelo PT em 2006, quando Wagner foi eleito governador".
Tanto aparato pré-calços para reforçar a tese de que Wagner é o melhor dá margem a que Leão siga avante na sua pré-proposta de ser o cabeça da chapa, o vice já firmou que apoia Lula numa possível candidatura à Presidente, em 2022, mas isso depende de conversas que terá com Rui e com a base para saber como será a chapa majoritária na Bahia, e coloca o governador numa posição desonfortável na medida em que expõe ao público de que Rui não está conseguindo unir a base.
Ora, até agora, pelo que acompanhamos a política na Bahia, Rui está mantendo a base unida independente da posição que o diretório do PT quer enfiar goela abaixo o nome de Wagner à governador. A opinião de Leão (de ser o cabeça da chapa) é legitima e não significa dissidência, até porque não fez um pré-lançamento do seu nome de maneira formal e emitiu apenas sua opinião no âmbito do meio político; e nenhum outro partido aliado da base ainda se manifestou sobre a sucessão. Wagner, portanto, é apenas o pré-candidato lançado pelo Diretório Estadual do PT que ele controla políticamente.
Rui, de sua parte, tem sido cavalheiro. Não disse nem sim; nem não a Wagner deixando seu barco navegar, porém, na visita de Lula em nota à imprensa comentou que ainda vai analisar a sucessão local e, por ele, seu desejo é ficar até o final do governo. Há, nos bastidores da política, a informação preliminar dando conta de que Lula (o manda chuva) teria sinalizado uma orientação no sentido de manter o senador Otto Alencar (PSD), no Senado. Ou seja, sua candidatura à reeleição.
Essa informação (não pública) e com Wagner na cabeça da chapa a governador tiraria, de fato, Rui da chapa majoritária como candidato ao Senado, e abriria ao PP continuar onde está (na vice-governadoria) com um nome que não seja Leão. A outra hipótese, imaginamos que agradaria a Leão e a Rui, seria: Leão (a governador); Rui candidato ao Senado; e Otto retornando a vice-governadoria. Wagner se manteria no Senado, pois, tem mandato até 2026, com possibilidade de ser ministro caso Lula seja eleito presidente.
Tudo isso que estamos analisando se encontra em 'banho Maria' (ou andamento lento) até que Rui comece a conversar sobre a sucessão na Bahia. Os partidos da base de Rui, por postos, também se mantém discretos, calados, aguardando o 'start' de Rui. Portanto, a declaração de Gleice sobre a capacidade de Wagner em unir o grupo está desfocada. Ela mirou em Wagner e acertou em Rui, de forma até deselegante. (PT)