É preciso olhar o outro lado da questão independente da derrota pessoal de Bolsonaro e sua querela com o ministro do TSE, Luis Barroso, tomando-se como base esses 229 votos que, por sí só, hoje, garantiriam Bolsonaro no poder caso houvesse um processo de impeachment.
Ora, o pau que dá em Chico; dá em Francisco e é claro que cada momento político é diferenciado do outro, mas, para a efetivação de um impeachmente seriam necessários 308 votos da oposição e hoje só dispõe de 218. Convenhamos, com Ciro Nogueira e as ausências de muitos deputados que estão mais para a base do governo do que para a oposição reforçariam os 229 votos.
O quorum da votação da PEC do voto impresso foi de 448 deputados e 68 do total de 513 deixaram de votar. Da bancada da Bahia, por exemplo, dos 39 deputados que a compõe não votaram o pastor Abilio Santana (PL), Adolfo Viana (PSDB), Arthur Maia (DEM), Charles Fernandes (PSD), Elmar Nascimento (DEM), José Nunes (PSD), Pastor Sargento Isidório (Avante), Paulo Azi (DEM) e Ronaldo Carletto (PP). Alguns desses deputados, no entanto, já se posicionaram anteriormente contra o impeachment.
Ampliando essa situação para o Brasil é provável que, dos 68 deputados que não compareceram a votação, a maioria apoiaria Bolsonaro no caso de um processo de impeachment.
O voto auditável contou com o SIM de nove deputados federais da Bahia: Alex Santana (PDT), Cacá Leão (PP), Claudio Cajado (PP), Igor Kannário (DEM), Leur Lomanto Júnior (DEM), Márcio Marinho (Republicanos), Tia Eron (Republicanos), Tito (Avante) e Uldurico Júnior (PROS). Vê-se, ao menos, dois deputados do DEM partido que se posicinou sem fechar questão contra o auditável, segundo depoimento do seu presidente ACM Neto, e dois do PP da base aliada do governador Rui Costa, notório antibolsonarista, um deles filho do vice-governador João Leão, votaram SIM.
Da bancada baiana 21 parlamentares votaram NÃO os petistas e aliados, sem surpresa. Afonso Florence (PT), Alice Portugal (PCdoB), Antonio Brito (PSD), Bacelar (Podemos), Daniel Almeida (PCdoB), Félix Mendonça Jr (PDT), Jonga Bacelar (PL), Jorge Solla (PT) e José Rocha (PL). Do PT teve ainda Joseildo Ramos (PT) Valmir Assunção (PT), Waldenor Pereira (PT) e Zé Neto (PT), Lídice da Mata (PSB), Marcelo Nilo (PSB), Mário Negromonte Jr (PP), Otto Alencar Filho (PSD), Paulo Magalhães (PSD), Professora Dayane Pimentel (PSL), Raimundo Costa (PL) e Sérgio Brito (PSD).
Duvida-se, no entanto, que todos esses 21 votem pelo impeachment até porque alguns deles já andaram com Bolsonaro pelo interior da Bahia na região Oeste.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse no final da noite de terça-feira, 10, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permitia o retorno do voto impresso será arquivada e que espera que o presidente Jair Bolsonaro aceite o resultado da votação em Plenário. Sem citar nomes, ele pediu bom senso do Executivo e do Judiciário a partir de agora na discussão do assunto.
"Nesse momento, nossa mensagem é de saber reconhecer os resultados quando eles são favoráveis e quando são contrários. É da democracia. Não acredito que haja outro comportamento por parte do presidente Bolsonaro. Como eu disse, ele afirmou que respeitaria e eu acredito, o resultado do Plenário da Câmara dos Deputados", afirmou. "Foi um dia muito difícil no aspecto das conversas e articulações para que a votação transcorresse com altivez e tranquilidade", afirmou.