Foram dois anos que ajudaram a melhorar a imagem da Assembleia junto à opinião pública
O deputado estadual Nelson Leal (PP) presidiu a Assembleia Legislativa durante dois anos (2019/2020) e seu mandato se encerra dia 2 de fevereiro com a eleição por acordo do deputado Adolfo Menezes (PSD).
Leal cumpriu bem sua missão e adotou um estilo (que é seu, pessoal) bem difrenciado dos outros dois gestores da ALBA: discreto, sem alarde, conciliador, fazendo impor sua autoridade quando necessário, o que trouxe um excelente resultado para a imagem da Assembleia.
Não cabe aqui fazer julgamento dos anos anteriores. Mas, é bom lembrar que a Assembleia passou 10 anos consecutivos sob a gestão do deputado Marcelo Nilo, hoje, parlamentar federal pelo PSB, o que não foi bom para a democracia da Casa e a alternância do poder, isso, é bom que se diga, com o apoio do ex-governador Jaques Wagner que nunca quis apoiar um candidato petista a presidente mesmo diante da insistência e dos argumentos do deputado Rosemberg Pinto, hoje, lider da Maioria, e do governador Rui Costa.
Marcelo só caiu diante da união do PSD (Otto Alencar) e PP (João Leão) quando elegeram Angelo Coronel (Presidente), pelo PSD; e Luis Augusto, PP, vice-presidente.
A administração Coronel foi midiática com uma tal Assembleia de Carinho e o anúncio de que a Casa Legislativa precisava se aproximar mais da sociedade e seria até um ponto de encontro cultural (iria reformar o acervo museológico da Casa, etc), mas, nada disso aconteceu.
Coronel aprovou um Plano de Cargos e Salários dos Servidores (o que foi bom para a categoria) mas deixou um deficit orçamentário enorme, estimado, na época em R$100 milhões/ano. E aconteceu, também, um incêndio numa área do prédio.
Coronel aproveitou a força do cargo e o PSD impôs seu nome como candidato ao Senado, em 2018, Rui rifando a então senadora Lidice da Mata, sendo eleito juntamente com Wagner.
Leal, no seu estilo, discretissimo, sepultou a Assembleia de Carinho sem necessariamente fechar a tampa do caixão para não dizer que estava praticando um ato arbitrário, reviu contratos da Casa, enxugou a máquina o que pode, e o resultado é que a Assembleia que vivia todos os anos com o pires nas mãos pedindo ajuda ao Executivo para fechar suas contas desta feita não precisou.
Leal é uma unanimidade na Assembleia. Nessa fase atual tenho 14 anos cobrindo a Casa e não conheço ou não presenciei nenhum deputado falando algo desabonador sobre Leal.
Pelo contrário, da oposição à situação, são só elogios diante de sua postura serena, séria, ligado ao governo do Estado, mas, sem essa de ficar bajulando ou fazendo com que a Casa seja um apêndice do Poder Executivo.
Isso não houve. É claro que sendo da base governista fez sua parte no sentido do Poder Executivo funcionar a contento dentro de suas prerrogativas constitucionais.
Vale lembrar, ainda, que nos dois anos de Leal na presidência não aconteceram distúrbios nas galerias e no plenário da Casa, ocupação do saguão por entidades de toda natureza, greves, conflitos mais sérios, salvo os normais de uma democracia com respeito as partes.
Deverá assumnir a presidência doravante para o período 2021/2022 o deputado Adolfo Menezes (PSD), um otista de carteirinha, mas, bom que se diga desde já é um parlamentar com estilo mais direto, preto no branco, e nós que o conhecemos há muitos anos, sabemos e vimos, por diversas vezes, adotar posturas no plenário da Casa, na tribuna, até com críticas duras ao govern o que faz parte.
É o tipo do parlamentar sem papas na língua, um estilo diferenciado de Leal. Ao mesmo tempo, defensor da moralidade e austero. É o que veremos entre 2021/2022.