Candidato do PDT foi objetivo nas respostas aos dois entrevistadores do Jornal Nacional, Rede Globo
Na primeira entrevista dos candidatos a presidência da República na bancada do Jornal Nacional (Rede Globo), o candidato do PDT, Ciro Gomes, saiu-se bem. Foi o primeiro a ser entrevistado por William Bonner e Renata Vasconcellos, ambos muito prolixos, com tempo de 27 minutos numa exposição para milhões de brasileiros em horário nobre.
Ciro foi sóbrio, elegante, até passou a imagem de simpático com algumas risadas discretas, reprimiu educadamente Renata que não o deixava falar, e mostrou que vem se preparando há anos para ser presidente do Brasil. Bem trienado, usou respostas rápidas e objetivas para livrar-se da quase 'luta' entre ele e os entrevistadores.
Os melhores momentos de sua entrevista foi quando falou de economia, em especial, negociar a retirada de 63 milhões de brasileiros que estão na lista do SPC, isso de forma negociada (para aqueles que assim desejam), sem calote. Revelou que isto é possível e ajudaria o consumo interno no país.
Também expôs os seus 3 princípios básicos para a retomada do crescimento da Nação em linguagem só entendível por parcela mais esclarecida da população. É provável que tenha falado para esse público exatamente para mostrar que sua fala tem densidade e não se trata de argumentos vazios.
Não perdoou o Ministério Público que classificou de quarto poder, comentou sohre a Lava Jato com ressalva de que ninguém do DEM e do PSDB foi para a cadeia e abordou o tema corrupção lembrando que está há 38 anos na vidade pública, incólume.
No geral, creio que Ciro convenceu o (a) telespectador, esteve um pouco nvervoso no inicio, mas, equilibrou o jogo numa bancada com dois entrevistadores pouco objetivos, muito faladores, e que não deixava o candidato respirar. Ou seja, em muitos momentos da entrevista Bonner e Renata falaram mais do que o candidato e a entrevistadora até se enrolou na própria linguagem dos seus argumentos.
Em nosso ponto de vista, Ciro deu duas derrapadas na entrevista. A primeira delas quando tentou defender o ex-presidente Lula da Silva, preso em Curitiba por corrupção, dizendo que "para mim, o Lula não é um satanás como certos setores da imprensa e da opinião brasileira pensam. E também não é um deus, um anjo, como certos setores metidos a religiosos do PT pensam"; e sobre Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, "eu não ofereci nada a ninguém. Eu espero muito humildemente ter o direito de servir ao Brasil como o seu presidente. Mas o Carlos Lupi tem a minha confiança cega".
Ora, quem condenou Lula foi o Poder Judiciário e não a imprensa que faz o seu papel de relatar os fatos. E se Lula está na posição em que se encontra quem criou esse cenário foi ele próprio e os petistas ainda que, como disse o próprio Ciro, seus governos como presidente (e não Dilma) foram bons para o Brasil, deixaram um saldo de realizações positivas, embora afogado na corrupção com o mensalão e o petrolão.
Quanto a Lupi, até endende-se o argumento de Ciro, uma vez que é o presidente nacionl irremovível do PDT, mas, se trata de uma personalidade política que foi praticamente expulsa do governo por atos pouco recomendáveis.
Também no plano mais amplo, Ciro revelou ser um candidato sem tutela, com nariz próprio, com ideias bem estabelecidas e estudadas, com a apresentação de dados que o faz conhecedor dos problemas nacionais, especialmente no item mais importante que é a economia. Passou para o grande público a idéia de um candidato preparado, não tutelado. Esse ponto foi bastante positivo.
O candidato também espinafrou, como era de se esperar, o presidente Michel Temer (MDB), o qual virou 'saco de pancadas'. Disse: "O presidente Michel Temer, isso é uma desgraça para o nosso país, foi acusado pela Procuradoria-Geral da República e o Supremo pediu autorização duas vezes para processá-lo. O presidente Michel Temer é uma pessoa acusada formalmente pela Procuradoria-Geral da República por corrupção. Não é o caso, definitivamente, do Lupi até o segundo em que lhe falo, definitivamente. O senhor Michel Temer tem ao seu redor Eduardo Cunha, que já está preso, Geddel, que já está preso, Padilha, que não está preso ainda, mas está ali usufruindo do foro privilegiado, Moreira Franco, que está usufruindo do foro privilegiado – todos notórios corruptos da vida brasileira".
A entrevista de Ciro, portanto, foi muito boa para ele. Quem votava em sua candidatura ficou com mais convicções para dar o voto e quem não votava teve a oportunidade de conhecer um candidato que se mostrou capacitado para a missão de ser presidente. Essa foi a impressão que passou goste-se ou não dele. (TF)