Colunistas / Política
Tasso Franco

Um debate morno e com candidatos em tom moderado

Análise do primeiro debate da Band TV
10/08/2018 às 10:29
O primeiro debate com os candidatos a presidência da República na TV Band, com o mediador Ricardo Boechat um pouco vacilante, serviu para desnudar os competidores especialmente para quem ainda não conhecia suas opiniões de forma mais clara e objetiva, olhando olho-no-olho dos eleitores. 

   Quem esperava arroubos, um debate mais 'quente' perdeu seu tempo. Salvo o cabo Dalcíolo o qual foi mais enfático nas suas intervenções e destaque para algumas tiradas de Boulos (PSOL), os candidatos foram moderados. Um debate morno.
 
 Apenas Guilheme Boulos (Psol) e Cabo Daciolo (Patriota) tentaram criar momentos de enfrentamento com os outros políticos. Os candidatos com melhor colocação nas pesquisas eleitorais -- Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) -- não subiram o tom. 

   No geral, todos se sairam bem, cada qual no seu estilo e por ser o primeiro debate, o processo eleitoral ainda se iniciando, dificilmente alguém tomou uma decisão para quem estava indeciso, em votar neste ou naquele nome.

   O candidato Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em maior evidência por ser o mais visado dos candidatos. Saiu-se bem sem deslizar em suas falas. Moderadissimo aproveitou o espaço do debate para mostrar programas que realizou em São Paulo quando governador e que são do desconhecimento do Brasil. Pontos positivos para ele. Na questão da segurança, por exemplo, citou a redução em 10.000 mortes nos índices de violência em SP ao longo do seu governo caindo de 13 mil ao ano para pouco mais de 3 mil. E destacou outros programas na educação com as creches e valorização do ensino médio. Deu cutucadas no PT e garantiu que vai fazer as reformas que o país precisa para desenvolver-se.

   A candidata Marina Silva (Rede) cuja voz é anasalada estridente não mudou ao longo dos anos de candidata a presidente. Vem com o mesmo lero-lero da sustentabilidade, das energias renováveis, da moralidade, e não passou mais a ideia de que seja o novo para o Brasil. Suas falas são sempre bem medidas, ensaiadas, e isso não convence mais o eleitorado. Faltou-lhe uma pegada mais firme nalgum ponto para o eleitor se sensibilidar.

   Boulos (PSOL) pareceu-nos a cara do novo à semelhança do 'sapo barbudo' em tempos idos. Enfático, firme, com bom português criticou os 'cem tons de cinza dos Temeres' e sua proposta para o Brasil com taxação de grandes fortunas e outros são fora do alcance de qualquer governante. Também defende as reformas desde que não prejudique os trabalhadores.

   O cabo Dalciolo (Patriota) foi o mais vivaz do debate. Posições muito firmes no sentido de fazer as mudanças que o eleitorado - na suja ótica - quer acabando com a corrupção e fazendo um governo mais popular. Por ser muito firme assustou um pouco o telespectador e muito gente da classe média perguntou quem era ele.

  Álvaro Dias (Podemos) muito professoral, acadêmico. Não passou nada de interessante no debate. Talvez, sua observação de que teria o juiz Sérgio Moro como ministro da Justiça do seu governo.

   Ciro Gomes (PDT) cresceu no debate. Começou claudicante mas foi evoluindo no decorrer do programa. Sua melhor fala deu-se quando criticou a proposta de ministros STF em ter um aumento salaril de 16.5% chegando a quase R$40 mil para cada e provocando um efeito cascata nos estados e municípios. Convenceu. Também defendeu Dilma, por não ser ladra e ter sido apeada do governo, e apresentou números convincentes na economia dizendo que conhece a matéria e pode fazer muito mais pelo Brasil.

   Henrique Meireles (MDB) fugiu o quanto pode, com sucesso, da pecha de ser candidato de Temer e é, disparado, o mais preparado na área econômica. Saiu-se bem nessas questões e disse que foi superintendente do Banco Central na época de Lula daí ser uma pessoa qualificada para atender ao país e não há grupos políticos. Ou seja, foi ministro de Temer, mas, acima de tudo ministro do Brasil.

   Jair Bolsonaro (PSL) também foi bem no debate. Quem esperava que ele derapasse isso não aconteceu. Fez seu papel: defendeu os militares que considera sem privilégios e teve seu melhor momento quando defendeu a instalação de colégios militares nos estados com disciplina na educação e professores que sejam respeitados e não agredidos por alunos. Bolsonaro também foi moderado e em determinados momentos até irônico.

   Os jornalistas da Band, nas perguntas, sairam-se muito bem.