A politica regioinal foi o fator principal do voto dos 3 senadores da Bahia
Como era de se esperar, os três senadores da Bahia - Otto Alencar (PSD), Lidice da Mata (PSB) e Walter Pinheiro (sem partido) votaram Não ao afastamento da presidente Dilma Rousseff. Não houve surpresas.
A senadora Lidice da Mata (PSB) foi eleita na onda eleitoral de Jaques Wagner, em 2010, tem partidários na equipe governamental da Bahia desde o segundo mandato de Wagner (2011/2014) e agora com Rui Costa (2015/2018) e trabalha para viabilizar sua reeleição ao Senado. Portanto, depende muito do cenário político baiano.
Ademais, o PSB de Lidice, há anos, vem servindo de 'muleta' ao PT no estado, ela própria já foi candidata a vice-prefeita na chapa da Walter Pinheiro e num ímpeto de autonomia, tentando se livrar da 'muleta', candidatou-se a governadora da Bahia, em 2014, sendo derrotada por Rui Costa.
Prometeu que seguiria independente, uma espécie de terceira via, mas desistiu logo da proposta pressionada por partidários do PSB que se agregaram em cargos no governo. Os deputados do PSB, Bebeto Galvão (federal) e Fabíola Mansur (estadual) votam Dilma e Rui.
Lidice também tem um histórico de oposição ao 'carlismo', de ACM, e sabe que uma ascensão de Michel Temer e do PMDB fortalecerá uma provável candidatura de ACM Neto ao governo da Bahia, em 2018, e isso a prejudicará. Daí que votou Não a Dilma, também observando esse ambiente político.
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O senador Walter Pinheiro (sem partido) ao dizer Não apenas agradou seu eleitorado, ele que fez história política no PT, mas, desde que foi preterido por Wagner a ser governador da Bahia, este escolhendo Rui, Pinheiro se distanciou do PT e desligou-se do partido.
Foi convidado pelo governador Rui Costa para ser secretário da Educação do Estado, em substituição ao demissionário Osvaldo Barreto, mas, até agora não disse o sim definitivo.
Pinheiro está sem direção política. Diz-se que vai para o PSD de Otto Alencar; ou para PSB de Lidice; ou mesmo encerrar sua carreira politica, como fez o ex-senador Waldeck Ornelas. Ninguém sabe. Pinheiro deve definir sua posição brevemente para não se perder completamente ele que tem seu mandato de senador encerrado, em 2018.
Fala-se, ainda, que Pinheiro seria candidato a prefeito da capital! Mas, não está claro se isso é verdadeiro e qual o partido que assumirá. Se tivesse dito Sim ao impeachment não seria nada demais diante das hostilidades que sofreu no PT. Mas, tem sua história, e preferiu seguir 'companheiro'.
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O senador Otto Alencart (PSD) deu voto contrário a direção nacional do seu partido e por gratidão a Wagner. Otto, no entanto, foi eleito vice-governador de Wagner, em 2006, levando para o PT uma parte da base 'carlista' do interior e isso foi fundamental, também, para a eleição de Wagner.
Ou seja, foram elas por elas, ajudou e foi ajudado. Foi um vice fiel, discreto, atuando na Seinfra, onde fez sucessor, com Rui.
Depois, elegeu-se senador, também no mesmo embalo do 'elas por elas', ajudou e foi ajudado, e aí, nesta segundo parte, já com Kassab e o PSD, elegeu uma forte bancada de deputados federais e estaduais. O sonho desse pessoal 'otista' é vê-lo governador da Bahia. Nos corredores da ALBA se fala muito nisso diante da fraca gestão de Rui Costa.
Otto, no entanto, é cauteloso e agora está numa situação complicada junto ao PSD nacional, partido que estará no Ministério de Temer.
Otto será pressionado para mudar de voto no segundo turno do Senado, votação definitiva de Dilma (Lidice também, em menor escala) sob pena, até, de perderem os partidos na Bahia, o que seria um complicador para eles.